10. Sonhos Estranhos (Parte I)

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(Contém cenas impróprias para menores de 18 anos)

Primeira música: Because of You - Kelly Clarkson; (Aperte play quando aparecer os avisos)

Dias depois

Eu corri. Corri como nunca na minha vida, sentia meus cabelos se bagunçarem conforme aquele vento frio batia em meu rosto e corpo, me fazendo estremecer dos pés à cabeça, mas não me importei e continuei correndo.

O local era escuro e de causar arrepios, minha blusa estava toda rasgada nas laterais deixando evidentes as marcas feitas por aqueles homens. A chuva que há pouco tempo tinha diminuído, agora aumentava junto com trovões e relâmpagos, me deixando mais amedrontada. Dentro de mim, eu sabia que eles não haviam tocado em mim. Que antes de o caso ser consumado, eu havia fugido, era por isso que eu corria. Corria deles, corria por sentir medo de ser... De ser... Abusada.

Os relâmpagos aumentavam, e meus pés doíam me fazendo parar numa esquina, ao meu redor não havia nada além do breu. Nada além do escuro, vazio e pessoas desconhecidas que tinham a vida, claramente, perdida. Eu estava perdida, meus olhos buscavam alguma luz no fim do túnel, mas a única coisa que vi ao olhar para trás, foi os mesmo homens que haviam rasgado a minha blusa. Ao lembrar-me deste fato, não resisti e olhei para meu corpo, arregalando os olhos. Minha blusa estava toda rasgada, e por toda extensão do meu corpo havia arranhões e meu sangue era visível, caindo do meu corpo e manchando minha calça.
Voltei a correr, mas dessa vez, estava muito mais cansada e desgastada, ao contornar uma rua deserta, me vi em frente a um restaurante movimentado.

Faltava tão pouco, alguns metros e eu estaria lá dentro, segura. Faltava tão pouco, que não prestava mais atenção ao meu redor, não prestava mais atenção no chão, e foi por causa da minha distração que segundos depois senti meu corpo bater contra o chão. Eu fechei apertados meus olhos, já ouvindo o barulho de passos próximo de mim, minha garganta estava fechada me impedindo de gritar, mas quando eu senti aqueles braços passarem por debaixo das minhas pernas e apoiarem meu corpo ao seu, eu sabia que eu estava perdida, eu tentei abrir meus olhos, mas tudo que enxerguei foi uma luz, tão forte que me cegava, me forçando a voltar a fechá-los. Eu não estava sendo levada para outra esquina ou rua deserta. Eu estava sendo levada para dentro do restaurante, eu estava sendo... Salva.

Eu respirei fundo, guardando o perfume do meu salvador e num fio de voz sussurrei "Obrigada", ouvi um riso baixo e ouvi sua voz calma me responder "Não por isso, anjinha".

Ao mesmo tempo em que eu abri os meus olhos me levantei sentindo uma vertigem que perduraram alguns segundos, me fazendo apoiar minha cabeça na cabeceira da cama com os olhos fechados respirando fundo. Voltei a abri os olhos e vi que Alyson ainda dormia tranquilamente, com um pouco mais de esforço me levantei da cama e caminhei descalça até a cozinha onde peguei um copo de água, retirando os fios da minha franja do meu rosto, prendi meu cabelo num coque, e fui até a janela me sentando no batente, olhando a noite escura. No relógio marcava 3h45 da madrugada, o céu escuro, sem a presença de estrelas e o vazio do campus refletia minha alma. Vazia e obscura.

Aquele sonho era a continuação do sonho que eu havia tido dias atrás, e só de lembrar os olhares escuros e maliciosos dos dois homens que me seguiam me deixava tonta, eu não queria voltar a fechar os olhos. Não, eu não quero voltar a fechar os olhos e voltar a ver a minha imagem distorcida, marcada e com sangue no meu corpo. Eu não conheço aquele local, e não sei por que eu estaria ali... Eu me sentia mais do que perdida, me sentia com medo. E quando eu estava quase me entregando ao fim, ao meu fim, aquele anjo apareceu. Mas, eu sei que não era um anjo. A voz dele se fazia presente nos meus ouvidos, como se ele estivesse atrás de mim repetindo aquela frase simples, e naquele momento eu me senti protegida.

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