Capítulo 11

119 22 7
                                    


Amanheceu.

Já havíamos cochilado e acordado diversas vezes. Percebi que já estávamos perto do nosso destino. Chegava a dar um frio na barriga a sensação de confiança e ao mesmo tempo desconfiança. Até aquele ponto tudo havia dado certo, mas ainda tinha tudo para dar errado. Além do restante do percurso, ainda vivenciaríamos diversas coisas durante nossa estada no eixo Foz-Ciudad del Este e também durante a volta.

– Faltam só mais trinta e cinco quilômetros, pessoal – disse o Ricardo –, não vejo a hora de chegarmos, pois não aguento mais dirigir. Afinal, dirigi mais que o Augusto e o Antônio.

– É que agora é a nossa vez de te explorar. – Respondi. – E aguente firme aí senão faremos você dirigir o caminho todo na volta.

Todos riram da cara dele.

– Eu ouvi alguém dizer "cuecão no Ricardo"? – perguntou o Gordão.

O Ricardo parecia um tanto preocupado naquele instante. Eu via o medo em seus olhos através do espelho. Na verdade eu o via como nunca o havia visto antes: olheiras intensas nos olhos, bocejava a cada cinco minutos, seu cabelo estava pior do que quando havíamos partido de São Paulo ao fazermos ele bagunçar seu penteado lambido para trás e já começava a resmungar.

– Se vocês fizerem alguma gracinha comigo, na segunda-feira haverá retaliações contra vocês naquele departamento.

– Fique frio. Não sabe brincar é? – Disse o Gordão.

Estávamos contentes e ficávamos ainda mais conforme nos aproximávamos do nosso destino. Era lindo ver as placas irem diminuindo a distância entre nós e Foz do Iguaçu: "Foz do Iguaçu em 30Km", "... 20Km", "... 10 Km".

Começamos a manhã nos xingando e rindo uns dos outros. As piadas iam surgindo uma atrás da outra. Sentíamos fome. Ainda eram seis e meia da manhã e já falávamos em tomar um café bem reforçado. Nosso papo era que deveríamos esperar até chegar em Foz e nos alimentarmos por lá já que faltava tão pouco para chegarmos.

"Foz do Iguaçu em frente" – estava escrito em uma placa próxima ao acesso à cidade.

– Estamos quase, molecada... quase lá!!! – Disse o César meio que emocionado. – Onde temos de ir para fazermos compras?

– Calma lá, César. – Disse o Ricardo. – Primeiro vamos nos instalar. Depois vamos às compras, passeios, fotos, e encontros com o pessoal da importação daqui.

– Precisamos em primeiro lugar encontrar a galera da importação. Serão eles quem irão nos acolher – respondeu o César.

– Olhem! – Exclamei. – O Rio Paraná fica para lá.

– Estamos perto do Niágara. – Disse o Gordão. – Ai que emoção!

– Vejo prédios, galera – disse o Tony.

– Comida! – bradou o Guto ao ver um restaurante.

– Logo vamos comer, Augusto. Falta pouco, garoto. Mal vejo a hora de largar desse volante.

– Você sabe como chegar lá, César? – Perguntou o Guto. – Preciso que diga o caminho até lá para que o Ricardo não erre no final da rota.

– As instruções que tenho são para irmos pela Grande Estrada até chegarmos próximo à Aduana Brasil-Paraguai. Lá entramos para a esquerda até chegarmos à Rua José do Patrocínio.

– Caralho... eu tinha certeza de que um dia iria ter a chance de visitar outro país. – Disse o Dani emocionado. – Obrigado por estarem aqui comigo.

– Ah, vem mamar, Dani. Você é quem está com a gente! – disse o Gordão. – E ainda nem estamos em outro país.

Rumo ao ParaguaiOnde histórias criam vida. Descubra agora