Amado Pereira era um líder do narcotráfico na região de fronteira entre o Brasil e o Paraguai, só não envolvia-se com as questões de seus negócios escusos no lado argentino por ter deixado essa parte sob responsabilidade de seu primo, o argentino Hernan Franco Pereira. Fora eles havia o Edgard Ronald Óscar que era quem executava alguns de seus planos nos três países. A trupe dos Pereira não era forte, mas sempre conseguia movimentar drogas entre os três países, o que gerava certo lucro para eles sem chamar a atenção das autoridades ou causar incômodo aos lobos do narcotráfico da região.
Amado nunca aparecia em lugares públicos e sempre estava acompanhado de um de seus capangas. Também evitava a área da tríplice fronteira mesmo que escondido em algum lugar, então sempre administrava seus negócios ora de São Paulo, ora de Assunção, capital paraguaia. Ninguém sabia exatamente como ele era fisicamente. No mundo do tráfico era conhecido como "El Pelo", ou "O Cabelo" em português. Se Amado não aparecia, Hernan fazia o mesmo e deixava para administrar sua parte bem longe dali, ora de Los Antiguos, uma cidadezinha bela e tranquila na Argentina localizada à beira do Lago Gral Carrera, próximo da fronteira com o Chile, ora de Juarez, estado de Sonora, no México, onde trabalhava com um cartel de drogas, trazendo conhecimento e experiência para o plano da família Pereira de dominar o narcotráfico por toda a América do Sul partindo da tríplice fronteira e derrubando todos os gigantes, sejam eles dali mesmo da região internacional, sejam do Rio de Janeiro, de Bogotá e Medellín na Colômbia ou qualquer outro polo do narcotráfico sul americano.
Edgard estava em um bar em Calle Boqueron de onde recebia as informações sobre os movimentos do Gordão. Seu celular tocou...
– Pode falar, chefe...
– Já estou indo para o aeroporto. Não há mais voos comerciais para o Paraguai hoje, então fretei um jatinho particular e logo estarei aí.
– Deixarei alguém sob aviso para busca-lo no aeroporto. Vão deixa-lo em sua mansão. Tenho mais novidades para você...
– E o que está esperando para falar?
– Sobre aqueles brasileiros que te contei mais cedo. Um dos gordos... ele retirou uma caixa do restaurante onde funciona a nossa fábrica do elemento.
– E quanto aos federais paraguaios?
– Sequer desconfiaram. Subornei um dos garçons que não é envolvido em nenhum esquema. Dei-lhe oitenta e quatro mil guaranis mais duzentos dólares para que me atualizasse via rádio sobre os movimentos do gordo.
– Um gordo que provavelmente é apaixonado por comida, aposto que foi com isso que o atraiu para o restaurante. Ele vai acabar fazendo merda. Devia ter ordenado isso a algum paraguaio qualquer.
– Mas isso não tem dado certo por aqui. Ele é viajante. Todos reparam na presença de seu grupinho e logo percebem que são apenas turistas. Os federais não desconfiam destes, mas sim de rostos já marcados pela rotina em Ciudad.
– Certo, e quanto aos pacotes de drogas que deixamos na aduana?
– Haha. Alguns dos amigos do gordo irão comprar algumas mercadorias. Tenho alguém lá dentro que colocará estes pacotes junto das embalagens dos produtos que comprarem. Quando saírem sem chamar a atenção dos fiscais da nossa alfândega, serão roubados perto dali, assim como o gordo. Já outro carinha da trupe deles provavelmente está fora da jogada. Sofreu um atraso próximo da ponte. Foi pego por um suposto policial paraguaio antes de cruzá-la para chegar à cabine da alfândega brasileira.
O Edgard conversava tranquilo com seu chefe enquanto próximo dali eu estava em apuros por causa de um problemão. Antes que o guarda paraguaio pensasse em confiscar qualquer coisa minha, decidi enviar uma mensagem para o Gordão.
"Martín, fodeu muito...
Fui detido aqui perto da ponte por contrabando de paçocas. Me ajuda..."
– Puta merda. Me chamou pelo nome. A coisa deve ser séria e tudo por causa do vício desse filho da puta por paçocas. Puta que pariu. Retardado do caralho!
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Rumo ao Paraguai
HumorUm feriado prolongado era tudo o que precisavam para caírem na estrada tendo como destino outro país. São profissionais de um escritório qualquer. Edu um apaixonado por paçocas e Martín, o Gordão, um admirador de bons pratos. A dupla se une a seus...