Capítulo 18

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O Gordão então voltou para a mesa. Contente. Empolgado. Quase que emocionado. Contou-nos sobre o chef de cozinha que lhe presenteara com um vale brinde de degustação. Ele ama tanto a comida que tem uma grande consideração por quem lhe presenteia com algo bem gostoso.

Percebi que já estava um tanto zonzo por conta das cervejas, então decidi diminuir um pouco e sugerir que fossemos logo embora para o dormitório da Amplo. Assim estaríamos bem dispostos para aproveitarmos o segundo dia logo cedo.

– Esses meninos e sua capacidade de fazer amizade. Escuta, Fabiano, o Edu mal volta a mesa após conhecer um funcionário da aduana e agora o Martín aparece todo contente por também ter feito uma nova amizade.

– Eles têm o dom, Ângela. Edu, segure o seu sono. Em alguns instantes darão início aos shows ao vivo.

– Tudo bem então. Só porque eu curto música ao vivo. Do contrário já iria antes de vocês para dormir, afinal, os poucos cochilos naquele carro a caminho daqui não foram o bastante para que hoje eu tivesse bastante energia, mas ainda assim eu tive.

– Você está louco? Iriam ficar naquele lugar só você e o velho Carlos – advertiu-me o Dani.

– Melhor eu ficar mesmo. Definitivamente eu ficarei.

– Que ótimo. – Respondeu a Ângela.

Ficamos conversando por alguns momentos enquanto o Ricardo e o Dani resolveram ir para a rua fumar já que dentro dos estabelecimentos isso é estritamente proibido. Vê-los sair me fez lembrar que do lado paraguaio da fronteira comercializam muitos cigarros, os chamados "cigarros do Paraguai". Não sei se eles pensaram nisso, mas fiquei de lembra-los num outro momento para que pudessem comprar e assim economizarem deixando de gastar pelos arredores de São Paulo por um tempinho até que todos os maços tivessem sido consumidos.

Depois de fumarem aos seus cigarros, o Dani entrou apressadamente no bar para ir ao banheiro enquanto o Ricardo se deparou com o Edgar Ronald Garcia, funcionário da aduana paraguaia e chef de cozinha em La Paz, ou nem uma coisa e nem a outra.

– Boa noite, como vai o senhor? – Perguntou ele ao Ricardo.

– Vou bem e você?

– Muito bem. Eu estava observando-o da minha mesa. Pelo seu jeito reparei que você provavelmente é um homem dos negócios, estou certo?

– Quase isso. Pra ser mais especifico eu supervisiono uma equipe de importação lá em São Paulo, mas também tenho de atuar na parte comercial da venda dos nossos serviços.

– Bacana. Como você se chama?

– Sou o Ricardo. E você?

– Me chamo Óscar. Óscar Silva. Sou paraguaio, mas trabalho em Montevidéu, no Uruguai, sou membro da secretaria de comunicações do Mercosul.

– Poxa, mas que bacana. Muito interessante.

– Sim. Teremos uma reunião de negócios e workshop amanhã no final da tarde. Será em um hotel em Ciudad del Este mesmo. Por que você não aparece por lá? É uma boa oportunidade para ficar ligado nas tendências da nossa área e acordos promissores para o Mercosul.

– Uma ótima ideia.

– Pegue este panfleto. Aqui está o endereço do hotel. Fica no centro da cidade.

– Muito obrigado. Estarei lá.

Enquanto o Ricardo falava com o Edgard Ronald Garcia Óscar Silva, o Dani saia do banheiro e passava pelo Aleksey que ainda perambulava por aquele lugar e sem saber sobre ele, o olhou nos olhos, o que o fez ir puxar assunto.

– Olá, amigo. Me chamo Aleksey.

– Salve, Alex. Eu sou o Daniel. Muito prazer.

– Alex não. Se diz Aleksey...

– Alex!

– Não, amigo... Aleksey. A-LEK-SE-Y.

– Certo, Alex. Já está chato, o que você quer?

– Poxa, não é tão difícil. Mas enfim. Eu posso ler mentes e descobrir coisas sobre as pessoas. Por poucos reais eu posso contar-lhe o que sei de você e guiá-lo de acordo com os meus palpites.

– Me desculpe, Alex, mas sou muito sincero e não gosto que se intrometam em minha vida.

– É Aleksey... Aleksey. Por favor. Aleksey! – Bradou zangado.

– Certo. Vou para a minha mesa. Quero que se foda o seu nome, Alex. Até mais... ou não!

Rumo ao ParaguaiOnde histórias criam vida. Descubra agora