Capítulo 10 - O Meu novo emprego

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Uma semana depois...

A semana passou tão rápido que eu nem percebi. Os professores diziam que pra quem tinha abandonado os estudos quando criança eu estava indo muito bem. Miguel não apareceu mais no meu quarto, mas ficava me olhando meio estranho. Patrícia ficava junto com Eliza, na delas, mas não me direcionou mais nenhuma palavra. Brenda iniciou aulas de boxe, e estava muito contente com isso, pois sempre foi o sonho dela.

Hoje não vou ter aula. Os professores disseram que haveria uma reunião de hoje até quarta feira para resolver os casos de alguns alunos. E eu tenho certeza que vou estar nesse meio. Mariana disse que eu tinha que estar arrumada até as dez da noite, pois ela me levaria até esse novo emprego. É estranho um trabalho tão tarde... Mas tudo bem né! Hoje ela foi levar a Patrícia no médico porque ela acordou vomitando, e por ser a "preciosinha" dela, ela correu com a filha para lá. Então você já imagina... Miguel e eu estamos sozinhos em casa! Nas não esquenta, vou ficar no meu quarto e não vou sair nem pra comer. E desde quando você dentro do seu quarto o impede de se aproximar? Hahaha, isso é verdade!

Miguel: toc toc - disse ele entrando - você está bem, Ana?

Ana: Sim Miguel. Estou bem. - eu falei sem tirar os olhos dos meus livros.

Miguel: olha, minha mãe não vai cegar muito cedo. Ela falou que era pra você se arrumar pois as dez ela vem te buscar pra te levar e...

Ana: sei disso. - falei olhando aquela perfeição de Deus - por favor, se retire. Quero estudar.

Miguel: não. - o que?

Ana: o que? Você sabe muito bem o que sua mãe falou a respeito de nos aproximar... - ele me interrompeu.

Miguel: qual a parte de que eu não me importo com o que ela diz que você não entendeu? - ele disse, parecia estar bravo.

Ana: eu só não quero ter que sofrer com as consequências depois.

Miguel: relaxa lindinha. Não vai acontecer nada contigo, beleza!

Ana: o que você veio fazer aqui?

Miguel: vim saber o que você tá fazendo. Mas tô vendo que você tá estudando muito. Bora descansar um pouco?

Ana: não, obrigada. Estou bem aqui.

Miguel: Ana, você precisa relaxar um pouco, gatinha. Você vai cansar muito a noite.

Ana: Miguel, do que sua mãe vai me fazer trabalhar?

Miguel: não sei se posso te contar, Ana.

Ana: mas por que?

Miguel: porque sei que você já sofreu muito. E sei que ainda vai sofrer de mais na mão da minha mãe. Foi uma péssima idéia ter vindo pra cá.

Ana: mas por que? Meu Deus do céu! O que eu fiz de tão errado pra merecer sofrer tanto? - falei já me acabando de chorar. Miguel veio até mim e me abraçou.

Miguel: fica calma, anjo. Sei que você não fez nada. Da mesma forma que eu sei que você não merece nem metade do que está acontecendo. - ele me soltou do abraço, olhou em meus olhos e enxugou minhas lágrimas com as mãos dele. - continue estudando gatinha. Sei que você será uma grande mulher no futuro. Deixa eu voltar pra sala, sozinho, já que você não quer vir comigo.

Ana: até mais tarde, Miguel.

Assim que ele saiu do meu quarto, eu coloquei uma cadeira para segurar a porta, e me acabei de chorar. Eu não sei o motivo de tanta coisa ruim acontecer comigo. O Miguel disse que eu tenho um bom coração, mas eu não consigo aceitar o fato de todas as coisas ruins acontecerem comigo. Lembrei que tem um caderno guardado no meu guarda roupa. Eu sempre usei ele para fugir da minha tristeza. Ele me faz sair dessa realidade e entrar em outra totalmente diferente, acho que meu refúgio são os desenhos. Quando estou desenhando esqueço de tudo e de todos. Esse é o meu refúgio. E é isso que farei agora.

(...)

Faltam quinze minutos para a Mariana vir me buscar. Coloquei um vestido que gosto muito, ele vai até o joelho, então não é muito curto. E coloquei um salto não muito alto também. Desci para a sala para esperar ela chegar e vi Miguel sentado no sofá fitando o nada. Quando eu cheguei ao fim da escada ele me olhou de baixo para cima, e sorriu.

Miguel: Você está maravilhosa. - vi uma lágrima escorrer pelo rosto dele. Me aproximei, mas ele recuou - me desculpe Ana. Com licença. - E ele foi para o quarto correndo.

As dez e quinze a Mariana chegou.

Mariana: me desculpe pelo atraso Ana. Vamos rápido. Venha para o carro. - E assim eu fiz.

Ana: senhora, do que a senhora vai me fazer trabalhar?

Mariana: olha Ana, talvez o Miguel tenha dito a você, mas tenho uma boate muito movimentada. E temos quatro dançarinas lá.

Ana: vou trabalhar de dançarina?

Mariana: claro que não. Eu não iria te expor dessa forma. Como eu disse, é uma boate muito movimentada. Precisamos de garotas de programa. E você será uma delas. - eu não acreditei no que eu tinha ouvido. Prostituta? Vou ser uma prostituta? Lágrimas começaram a descer pelo meu rosto - Ana, se você quiser viver fora do alcance do seu pai, vai ser isso que vai viver. Pare de chorar agora. Já chegamos.

O lugar tem muitos homens em uma fila para entrar. A fachada é bonita, mas a parte de dentro não era muito bonita. O local estava cheio de homens, sentados e em pé. Olhei para o palco e vi quatro garotas dançando sensualmente. Fiquei olhando para a dança como se eu pudesse fazer aquilo.

Mariana: vamos logo Ana. Venha. - a acompanhei.

Chegamos em um quarto com espelhos, maquiagens e muitas lingeries diferentes. Olhei para as meninas e elas estavam muito ocupadas se arrumando. Vi um rosto que não me pareceu estranho. A garota ficou me encarando e sorriu.

Mariana: se arrume Ana. Vou arrumar um cliente para você. - assenti com a cabeça.

A garota resolveu vir até mim. Seu cabelo ruivo estava preso e seus olhos grandes me fitavam com uma grande alegria.

Caroline: Você é de verdade?

Fugindo da Realidade (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora