Paulo: Ana, infelizmente não poderemos aproveitar o dia.
Ana: e por que não? Só porque estamos nesse trânsito?
Paulo: Sim. Mas temos a noite.
Ana: Paulo, não importa a hora que a gente chegue nesse local, o importante é que estamos juntos. Eu com você e você comigo. - ele deu um sorriso de lado. MEU DEUS DO CÉU! ELE AINDA SORRI! - você quer continuar mantendo em segredo?
Paulo: Sim lindinha. - ele suspirou profundamente - eu queria que a gente chegasse cedo, pois queria que você me fizesse um desenho.
Ana: Você sabe que eu sou a "melhor desenhista que já existiu na face da terra"!
Paulo: Pablo Picasso era de que planeta então? - rimos.
Eu amava vê - lo sorrindo. Era tão gostoso e confortável o som que ele emitia quando sorria. Não gente, eu dou risada que nem uma capivara com crise de hemorróidas, a dele era suave e gostosa de se ouvir. E o rosto dele quando sorria? Acho que esse vai ser meu próximo desenho. Aproveitei que ele sempre deixava papel e alguns lápis de cera no porta luvas. Como estava trânsito, então dava pra fazer de boa, sem medo de errar. E assim comecei. Ele ficava olhando para o papel e me dava um sorriso. Será que ele já deduziu o que vou fazer?
Paulo: vai desenhar esse trânsito ridículo?
Ana: onde você vê derrota eu vejo beleza. - sorri para ele.
Paulo: nunca mais falo nada. - eu ri.
O trânsito começou a andar, e meu desenho estava quase acabando. Ele prestava bastante atenção na estrada que nem viu o que eu estava desenhando. Ele ficava sério. Ele fica lindo sério. Aliás, ele é lindo de qualquer jeito!
Chegamos em um lugar muito bonito depois de duas horas fora de casa. Era uma rua bem arborizada, com várias cores de árvores. As casas pareciam casas de bonecas, tinha um caminho feito com pedras coloridas que levavam para uma cachoeira. Chegamos em uma casa muito linda. As paredes de fora eram de madeira pintadas de creme, o telhado um rosa bem clarinho. Parecia realmente bem cuidada.
Paulo: chegamos. Mas antes de entrar, queria que você desenhasse a casa com o nosso carro aqui. Se quiser ir ao outro lado da rua, fica a vontade. - eu dei um sorriso a ele e ele me puxou para um breve beijo. - agora faça seu desenho. Eu vou entrar para preparar algo para podermos comer. - atravessei a rua e me sentei no chão para desenhar. Realmente, ficaria um ótimo desenho. Lindo mesmo.
Ele ficava olhando pela janela muitas vezes para olhar lá fora, e eu não resisti e desenhei ele na janela. Desenhar, pra mim, era como sair desse planeta cheio de problemas e falhas e ir para um mundo onde tudo é perfeito. Eu esqueço que tenho um pai ruim e que faço maldades com ele. Eu esqueço tudo que eu já passei nessa vida. Tudo se torna perfeito, me anima, me faz relaxar, me faz esquecer que nesse mundo existem pessoas ruins e pessoas sofrendo pelas pessoas ruins. Eu queria mudar o mundo, mas não dá forma que eu estou agindo. Preciso mudar.
Acabei meu desenho e fui para dentro de casa. Era demais! Muito lindo mesmo. Me senti a Barbie! Eu vi que Paulo tinha feito uma macarrônico com bacon e queijo. Levei minhas coisas para a sala e fui lavar as mãos para poder "jantar". Nos sentamos frente a frente na mesa e ele me serviu. Ele fez também meu suco favorito, laranja natural. Após terminarmos de comer, fomos até a sala e, era estranho pra mim mas, não tinha TV.
Paulo: gostou da comida?
Ana: Sim. Você manda bem na cozinha. - ele sorriu um pouco de lado.
Paulo: Ana, as vezes temos talentos que ficam escondidos por nós mesmos. As vezes por causa de uma pessoa que fez uma crítica negativa, desistimos do que mais gostamos. - lágrimas involuntárias estavam aparecendo nos seus olhos. Ele abaixou a cabeça e continuou - Ana, você sabe que desenha maravilhosamente bem. Então, independente do que falem pra você, continue. Se for algo positivo, seja grata e continue se aperfeiçoando. Se for negativo, mostre que você é melhor do que o que foi dito. - ele colocou as mãos no rosto para evitar que eu o visse. Então eu me aproximei dele e lhe abracei.
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Fugindo da Realidade (COMPLETO)
عاطفية16 anos, estudante, morena... O sonho de ser livre de uma "prisão" talvez estivesse longe de acontecer para Ana. Vivia com seu pai, que a tratava como a pior pessoa do mundo. Será que ela realmente vai conseguir fugir dessa realidade? Acompanhe essa...