Capítulo 3 - Uma chance perdida

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Enquanto eu chorava no banheiro, ouvi alguém falar com meu pai dentro do meu quarto.

José: bom policial, este é o quarto da Ana, e como o senhor pode ver, é um quarto normal pra uma garota de dezesseis anos.

Policial: senhor, não quero que minta pra mim, mas quando foi a última vez em que Ana foi até uma escola?

José: senhor, me perdoe, mas desde o sequestro da Bete, Ana não quis sair de casa. Eu tentei leva - la até a escola, mas ela se recusou.

Eu ouvi tudo dentro do banheiro, e achei que estava na hora de agir. Então sai do jeito que eu estava dali.

Ana: me ajuda, por favor - falei chorando - me tira desse inferno! Olha pra mim, senhor policial, ele me espanca sempre! Se o senhor sair daqui sem me ajudar ele fará de novo, ajude por favor.

Policial: o que está acontecendo aqui, José?

José: senhor, eu falei a você, ela começou a ficar maluca, não a levei a um hospital por não gostar de escândalos. Ela se fere com facas e quinas de mesas.

Ana: pare de mentir, seu monstro! Por favor senhor, me tira daqui.

Policial: olha jovem, preciso que você vá até o consultório desta psiquiatra, de preferência hoje.

Ana: o senhor está me chamando de louca?

Policial: não senhora, mas quando uma jovem de dezesseis anos, que faz desenhos infantis, que se recusa a ir a escola, se joga na minha frente nua, não sei o que pensar. - olhei pra ele horrorizada. Não sabia o que dizer naquele momento. Então voltei até o banheiro e fiquei ali em baixo do chuveiro, vendo se a dor ia embora junto com as lágrimas.

Acho que o policial já tinha ido embora, pois meu pai apareceu com a cara do cão na porta do banheiro.

José: eu quero acabar com sua vida, sua idiota. Onde está com a cabeça? Você acha que alguém em sã consciência vai acreditar em uma louca como você? - Não conseguia olhar pra ele, fiquei chorando horrores de cabeça baixa. - vou trabalhar. Volto a noite. E espero que não tente nada mocinha. - E ele se foi.

Eu queria morrer aquela hora! Que tipo de policial age daquele jeito? Onde já se viu não ouvir o que a vítima tem a dizer? Eu só penso em ser livre um dia, mas pelo jeito isso está longe de acontecer.

Fugindo da Realidade (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora