Capítulo 27 - mudança

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Fiquei ali naquele quarto sem ninguém, apenas os médicos vinham me ver. Fiquei triste por estar sem eles e ao mesmo tempo feliz por eles terem ido seguir a vida deles.

Dr. Luan: bom dia mocinha. Como está?

Ana: estou ótima. E o senhor? Como está?

Dr. Luan: estou bem. Pronta para ir pra casa?

Ana: posso ficar aqui não? Não tenho pra onde ir.

Dr. Luan: e seus amigos?

Ana: disse a eles pra seguirem a vida deles. Eu sempre acabo os machucando. Eles sofreram por minha causa, se eu não tivesse saído daquele inferno eles não sofreriam nunca.

Dr. Luan: pare de pensar assim jovem. Você não tem culpa do que aconteceu. Você se importaria se eu te arrumasse um emprego e de desse moradia?

Ana: se eu me importo? Jamais! - pulei de alegria na cama - e esse emprego onde e do que é?

Dr. Luan: minha irmã é artesã e ela vende os seus trabalhos. Acho que você poderia ajudá - la nas vendas.

Ana: Obrigada doutor. Mas onde fica essa minha nova moradia?

Dr. Luan: eu e minha esposa temos uma casa nos fundos que não é alugada a tempos e tem uma mobília velha lá dentro. Se você não se importar.

Ana: imagina! Eu irei com prazer!

Dr. Luan: então vá se arrumar e coma algo na lanchonete lá em baixo. Vou sair daqui a meia hora. - me levantei e o abracei.

Fui trocar de roupa e vi meu celular. A foto da tela de bloqueio estava Paulo e eu. Comecei a chorar e senti uma saudade enorme de todos. Como iria viver sem Miguel e seus carinhos? Brenda sem sua brutalidade? Carol sem seus concelhos? Fábio sem suas idiotices? Paulo sem seu romantismo? Eu não vou saber viver sem eles, mas preciso que eles sejam felizes. Eu chorava muito ao ver as fotos minhas com eles. Momentos bons e ruins. Brincadeiras e brigas. Sorrisos e lágrimas. Seguem em frente Ana! Você pediu pra eles se afastarem pelo bem deles.

Terminei de me arrumar e peguei as coisas e fui para a lanchonete. Pedi uma fanta uva e um mega hambúrguer. Estava comendo e o Luan chegou.

Dr. Luan: Ana, vamos?

Ana: doutor, por favor, posso ver o Paulo pela última vez?

Dr. Luan: claro que sim. Me chame apenas de Luan. - me levantei e ele pegou minha mochila e levou para o carro. Fui até o quarto de Paulo. Acho que ele estava em coma, pois fiquei três dias aqui e ele não reagiu. Peguei a mão dele e lágrimas desciam pelo meu rosto.

Ana: hey meu amor, eu queria poder me despedir de você. Você continua lindo. Espero que melhore, estamos preocupados pois você não está reagindo. Queria te dar um último abraço e um último beijo. Queria ir para bem longe e ser feliz ao seu lado. Me perdoe por ser imatura. Se eu não tivesse te ignorado aquela manhã, talvez você não estivesse aqui. - eu deitei a cabeça no peito dele e desabei, soluçava mais do que criança quando apanha - eu te amo Paulo, quero que você seja feliz. Arrumei uma namorada, case, tenha filhos... infelizmente não pertencemos mais um ao outro, e essa escolha é minha. Não quero mais fazer ninguém sofrer, e você menos ainda. A culpa é toda minha por você estar aqui - beijei ele e não conseguia segurar as lágrimas. Então senti ele apertando minha mão - Paulo?

Paulo: Ana... amor... - ele reunia forças pra falar.

Chamei pelos médicos e dei um último beijo nele. Os médicos entram e eu saí de lá e corri para o carro do Luan.

Luan: está bem Ana?

Ana: Sim. Vamos embora. - ele deu partida e fomos embora.

O caminho todo estive pensando no Paulo. Eu queria que ele pensasse que eu morri. Chega de fazer alguém sofrer.

Fugindo da Realidade (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora