Capítulo 7 - Jonas

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   O dia amanheceu quente, logo bem cedo o sol já invadia todo o meu quarto, deixando impossível que eu tentasse ignorar e voltasse a dormir tranquilamente pelo menos no primeiro dia do ano. Rolei pela cama procurando meu celular entre o edredom que eu não fazia ideia do como foi parar ali, o achei embaixo do meu travesseiro, era oito da manhã. Me levantei e fechei a cortina daquela enorme janela que eu odiava, mas por mais que o quarto voltasse a ser escuro e convidativo novamente, a dor que sentia latejar minha cabeça dês de que abri os olhos não dava sinal de desaparecer assim tão fácil.

      Enquanto escovava os dentes, me esforçava inutilmente para me lembrar da noite anterior, a única lembrança clara e evidente, era que tinha ultrapassado os limites da álcool , mais uma vez, se é que pra mim ainda existisse algum limite. Em um flashback rápido me lembrei vagarosamente de um bar afastado da cidade em que havíamos ido, e então algumas imagens de Samanta nua em cima de mim e aí ocorria uns brancos. Mas só com isso já dava pra concluir muita coisa, me esforcei um pouco mais, só pra ter certeza de que eu havia mesmo transado com ela. Mas não adiantava por mais que eu me forçasse a lembrar ,mais minha cabeça latejava como se estivesse me privando das minhas próprias memórias para o meu bem. O que em partes era melhor continuar em branco os detalhes que eu sabia que não iam animar nem um pouco.

     Me olhei no espelho, estava com uma aparência cansada, e eu realmente estava, além dos olhos que de azuis assumiram um tom avermelhado e estavam irritados. Eu estava exausto ! Por mas que fosse difícil acreditar eu não pretendia, muito menos queria acabar na cama com Samanta, mais uma vez. Era só uma bebedeira, pra ajudar a relaxar depois de toda aquela falsidade entre os empresários, a família que eu nunca via, meu avô, Elisa... a contagem e finalmente os fogos acompanhados logo em seguida do saudoso '' Feliz Ano Novo ''. A data do ano poderia mudar, o calendário todo, estações do ano... Mas no fundo nada mudava, os planos continuavam só no papel, como uma lembrança, as pessoas se apaixonavam pelo mesmo tipo de pessoas que a fizeram sofrer e prometeram odiar , e o resultado não era diferente, no dia seguinte todos acordavam de ressaca, e depois voltavam resmungando para o serviço, buzinando impacientes para os pedestres nas faixas infernizando até o trânsito, tudo permanece exatamente igual. As pessoas se acomodam , se acostumam e se satisfazem com o igual,com a rotina. O ano pode mudar quantas vezes for preciso, o tempo vai continuar passando, até as pessoas entenderem que quem tem que mudar suas atitudes para tudo ser diferente, são elas, e isso nenhum milagre ou simpatia de Ano Novo pode fazer.


    Mas naquele ano em especial, em meio aos fogos que se explodiam em centenas de faíscas coloridas no céu negro, eu prometi, no meu silêncio, comigo mesmo, ser uma pessoa melhor, buscar pela minha melhor versão, prometi mudar e rever minhas atitudes, deixar de agir como um moleque. Prometi aos meus pais, prometi que se orgulhariam de mim mesmo que eu já não pudesse mais vê-los, queria e ainda quero ser o melhor que minha mãe me criou para ser. Com isso minha frustração pelo que  fiz era ainda pior, eu falhei, falhei com eles, quase podia ouvir a voz do meu do meu pai dizendo '' Eu já esperava ''.


   Não fazia ideia de como eu e Samanta havíamos nos encontrado, eu e Marcus saímos completamente sozinhos, disso tenho certeza, mandei uma mensagem e fui busca – ló. E de repente me lembro da gente na cama o que não era novidade, Samanta parecia frequentar todos os lugares que eu ia para beber, o que não eram poucos, e o resultado não era diferente, o fim da noite era sempre do mesmo jeito, sexo. Mas apesar de demorar um tempo sempre acabava me lembrando de tudo depois, como um quebra-cabeça, dessa vez tudo ficava vago com pouquíssimas lembranças.

      Se eu tivesse só dormido com Samanta não haveria problema nenhum, mas tinha Anne e eu estava  me esforçando realmente para ser melhor pra ela, ela merecia. Álcool era uma droga, e eu também.

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