Capítulo 21

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Ela olhava distraída para cima quando me aproximei o suficiente para vê - la melhor.

- Oi...

  Não percebendo que havia mais alguém ali, ela se assustou e gritou desesperadamente enquanto escorregava em direção a cachoeira. A primeira coisa que me passou pela cabeça foi segura-lá e foi o que eu fiz. Com gestos rápidos eu a agarrei antes que chegasse perto demais e ela acabasse caindo na água.

- Ei,ei, calma. Você está bem ?

- Me solta! Agora! Por favor...

   Olhei intrigado, o que tinha feito de errado ? Havia acabado de salvar sua vida, mas o fiz como pediu.

- Se machucou ?

- O que estava fazendo aqui ?

Ela perguntou ainda um pouco assustada.

- Salvando sua vida ?

- Não precisaria ser salva se não tivesse surgido do nada. Quem é você ?

- Acho que poderia lhe fazer a mesma pergunta.

- Ou me responder.


   Respirei fundo e cruzei os braços a observando com atenção. Ela era alta, seus cabelos eram longos e ondulados, mesmo com toda aquela escuridão conseguia ver sua silhueta a luz da lua, seu rosto e os ombros pareciam tensos.

- Está com medo ? Ei eu não vou machucar você!

- Me parece uma coisa que um psicopata diria.

Abafei uma risada e a olhei divertido.

- Um psicopata ? Posso te assegurar que não tenho a intenção de te matar e vender seus órgãos. Um psicopata não revelaria seu plano de primeira certo ?

  Pra minha sorte dessa vez ela sorrio mesmo que de leve, seus ombros relaxaram e ela parecia estar mais confortável.

- Um psicopata talvez não teria um plano tão esperto e calculado.

- Esperto ?

- Você sabe por acaso quando custa um rim ?

- Creio que não está entre os meus interesses, mas me admira você saber, preciso me preocupar de ter salvado a minha assassina ?

Ela acabou rindo e deu de ombros em tom de brincadeira.

- Talvez, não vou revelar meu plano de primeira se é o que está esperando.

Me aproximei diminuindo a distância entre nós e não pude evitar de sorrir também.

- Meu nome é Jonas.

- Rebeca. E não vou apertar sua mão até me dizer o que fazia por aí ?

Ela perguntou ainda desconfiada do meu real motivo de estar ali.

- Pensando...

Respondi sendo completamente sincero.

- Pensando ?

- É um bom lugar para pensar.

- É...

Ela se virou olhando em volta mais uma vez, colocando as mãos nos bolsos da jaqueta.

- Foi o seu carro que estacionou aqui perto ?

- Sim.

- É amiga ou parente de seu Emanuel ?

Ela se voltou para mim.

- Na verdade acabei de o conhecer. Trouxe meu avô para vê-lo são grandes amigos de infância e não se veem a alguns anos... Nós nos mudamos pra cá recentemente.

- E porque não está com lá dentro com eles ?

  Olhei para ela, e ela retribuiu o olhar nos mesmo instante, na verdade estava mesmo curioso por ela estar ali sozinha no escuro.

- Achei melhor dar privacidade aos dois, são muitos anos para se conversar em uma noite.

- E você ? – Ela se virou para mim – É parente dele... ou amigo ?

- Não de sangue... – Me virei em direção a cachoeira e olhei para frente – seu Emanuel é o meu pai de coração.

   Não gostava muito de chegar nesse assunto sobre família, logo ela poderia perguntar sobre meus pais... E eu não queria falar sobre isso.

- Que lindo !

Me virei para olha-la melhor, curioso sobre o seu comentário.

- Você o ama. – Ela sorrio – e amar é a atitude mais linda que existe.

   Pensei alguns instantes em silêncio sobre o que ela havia dito, de fato eu amava seu Emanuel, ele era a minha família. Mas pelo jeito como ela havia dito senti como se já tivesse experimentado esse sentimento de uma outra forma, algo que eu nunca conseguia de fato sentir por uma garota, por mais que agora estivesse me esforçando ao máximo.

- Bom, e porque resolveu subir até aqui ? No escuro.

- Gosto de explorar, ouvi o som da correnteza enquanto caminhava, quis saber de onde vinha e simplesmente subi. E com certeza valeu muito a pena, mesmo não dando para ver muito, olha esse lugar! Ele é incrível! Dá pra ver o céu refletindo na água tão natural, tão lindo...

  A medida que ela falava eu não conseguia desgrudar o meu olhar dela, ela demonstrava uma fascinação por algo tão simples que mexeu comigo, eu confesso. A ver descrever de uma maneira tão única aquele lugar que era tão especial para mim me deixou alegre, me fez sentir muito bem,uma sensação boa e de repente eu me senti feliz  de estar ali com ela...

- Uau ! – Foi o que consegui dizer quando me dei conta de que o silêncio havia se prolongado por tempo demais.

- O quê?

Ela sorriu e acabei sorrindo junto.

- Você descreveu esse lugar com tanta... Paixão!

- É como eu me sinto em relação o que vejo. Espero muito poder voltar mais vezes por aqui.

- Eu... Também espero.

Ela apenas sorrio.

- Acho que já demorei muito por aqui, vovô pode estar preocupado comigo, ou cansado e querer voltar pra casa.

- Claro... Tem razão é melhor você ir

- Sim, e me desculpe se atrapalhei você a pensar.

   Eu queria dizer que a presença dela ali não estava sendo um incomodo, mas poderia dar a entender algo que eu não queria.

- Não se preocupe com isso.

   Ela concordou com um gesto de cabeça, se virou e foi andando confiantemente em direção as árvores.


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