Capítulo 29 - Descobrindo um Novo Lar

5 1 0
                                    


     Eu ainda não sabia como me sentir em relação ao meu novo lar, ainda me sentia fora do ninho na maior parte do tempo, e quando olhava para fora aquela sensação parecia ter um pouco mais de força.

    Por um lado era uma cidade repleta de oportunidades e novos horizontes, o que era incrível, por outro, as pessoas pareciam quase todo o tempo indiferentes, ansiosas e estressadas, era só olhar um pouco mais a fundo para perceber isso. O dia estava lindo, um céu de um azul relaxante e apesar da temperatura alta, vez ou outra uma brisa serena vagava pela cidade refrescando todo o nosso corpo, tudo também era cercado por montanhas, como não havia muitos prédios, elas predominavam na maior parte de toda a vista, era de uma beleza sem igual, aquele verdinho todo transmitia tranquilidade só de olhar. Mas eu desconfiava que as pessoas não se entretiam muito a isso, acordar com aquela vista deveria ser um privilégio, ninguém andaria na rua com sacolas e mais sacolas como se o mundo fosse acabar daqui a pouco se reconhecessem isso, eu tinha medo de um dia me perder entre elas, só o pensamento já me fazia arrepiar.

    Ainda mal havia saído de casa, a não ser em minha fuga no meio da noite com vovô da qual mamãe nem podia desconfiar. A luz do dia a cidade era diferente, a atmosfera era completamente diferente, mais acelerada, mais cheia, mais agitada. Em tudo que colocava meus olhos era uma nova descoberta,vários lugares dos quais fazia uma nota mental para voltar uma outra hora e poder entrar, conhecer e sentir a energia ali.

   Percebi que Carolina não era uma metrópole, era bem maior do que a minha cidade natal, mas ainda assim por cada lugar que percorríamos dava a impressão de que era possível conhecer a cidade toda sem muito esforço de carro. Existiam inúmeras construções que conservavam detalhes que deviam ter sido construídos a várias décadas, repassava mentalmente os nomes que conseguia ler para não correr o risco de esquecer mais tarde. Deduzi que dali aonde estávamos era o centro devido ao enorme fluxo de pessoas indo e voltando, e pela quantidade de lojas e propagandas concentradas do que do restante da cidade, deveria vender de tudo por ali. Nota mental para procurar por uma livraria e um lugar aconchegante que tenha café e grandes janelas.

    Conforme a visão da minha janela ia ficando para trás o movimento ia diminuindo e mais casas de famílias iam dominando a visão, gostei disso, aquele lado da cidade começava a me soar familiar.

Quase não notei quando mamãe diminuiu o som do rádio antes de começar a dizer algo.

- Rebeca?

- Sim?

Me ajeitei no banco me virando para ela.

- Que tal se almoçarmos na cidade hoje?

Sorri empolgada.

- Por mim tá ótimo!

Ela sorrio com facilidade voltando a prestar atenção no trânsito.

- Vou avisar seu avô. Não me lembro se tem comida no forno...

    Uma ruga de preocupação passou por seu rosto e percebi que ela já havia marcado o rosto de mamãe, me senti culpada por não prestar atenção de que ela já estava carregando aquilo a algum tempo.

- Mamãe o vovô sabe cozinhar, ele até gosta a senhora sabe.

- Sim mas se acontecer...

- Não vai acontecer nada mãe, o vovô já é grandinho para manusear uma faca sem supervisão.

- Tudo bem! Mas na semana passada ele estava usando uma faixa no pulso e não quis me deixar ver o que era.

- Mãe...

- Tá, tudo bem! Só vou ligar para avisar que vamos almoçar fora.

Sorri quando a ruguinha de preocupação foi embora e ela deu um leve sorriso.

Para Onde Iremos ?Onde histórias criam vida. Descubra agora