Havia estacionado o carro encostado na beira da estrada, a essa hora achava difícil alguém passar por ali.
Como dito, seu Emanuel estava na garagem de onde a única iluminação sem contar a fraca lâmpada da varanda, ele estava debruçado sob um motor velho e antigo.
- Espere aqui.
Pedi a Rebeca que esperasse na varanda enquanto conversava com Emanuel, mesmo relutante ela concordou.
Me aproximei devagar e notei que o motor que tentava concertar pertencia ao seu antigo carro.
- Você ainda não desistiu dessa lata velha?
Ele soltou uma risada e largou o que estava fazendo enquanto se levantava.
- Ei garoto não se chega por trás de alguém assim.
Seu rosto estava sujo de graxa que se estendia por toda a camisa e sua feição era descontraída como sempre.
- Espero que o cheiro de álcool esteja vindo do carro.
- Eu também gostaria... Emanuel me dá um minuto? Eu preciso falar com você.
- Tem toda a minha atenção.
Ele alcançou uma toalhinha e se pôs a limpar o rosto, quando terminou seu olhar se prendeu na minha mão esfolada e na sujeira de sangue na camiseta.
- O que houve com a sua mão?
Suspirei.
- Eu soquei o velho Tom.
- Você o que? Como você se envolveu em uma briga com esse velho?
Seu tom se tornou firme, e a seriedade tomou conta do meu rosto, eram os sinais de que ele me daria uma bronca, eu conhecia bem.
- Ele estava assediando a neta do seu amigo Vicente, Rebeca.
- Ah não, aquele maldito velho o que ele fez?
- Não deixei que tocasse nela, mas o bar estava cheio, a maioria dos caras estavam bêbados e todos se divertiam com a cena, gritavam coisas pra ela, ela estava sozinha, a rua deserta, entrou em pânico.
Uma ruga de preocupação se vincou em sua testa.
- E como ela está agora? Levou ela pra casa?
Enfiei as mãos no fundo dos bolsos.
- Na verdade ela está aqui.