Capítulo 46

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   Havia estacionado o carro encostado na beira da estrada, a essa hora achava difícil alguém passar por ali.

   Como dito, seu Emanuel estava na garagem de onde a única iluminação sem contar a fraca lâmpada da varanda, ele estava debruçado sob um motor velho e antigo.

- Espere aqui.

   Pedi a Rebeca que esperasse na varanda enquanto conversava com Emanuel, mesmo relutante ela concordou.

Me aproximei devagar e notei que o motor que tentava concertar pertencia ao seu antigo carro.

- Você ainda não desistiu dessa lata velha?

Ele soltou uma risada e largou o que estava fazendo enquanto se levantava.

- Ei garoto não se chega por trás de alguém assim.

   Seu rosto estava sujo de graxa que se estendia por toda a camisa e sua feição era descontraída como sempre.

- Espero que o cheiro de álcool esteja vindo do carro.

- Eu também gostaria... Emanuel me dá um minuto? Eu preciso falar com você.

- Tem toda a minha atenção.

   Ele alcançou uma toalhinha e se pôs a limpar o rosto, quando terminou seu olhar se prendeu na minha mão esfolada e na sujeira de sangue na camiseta.

- O que houve com a sua mão?

Suspirei.

- Eu soquei o velho Tom.

- Você o que? Como você se envolveu em uma briga com esse velho?

  Seu tom se tornou firme, e a seriedade tomou conta do meu rosto, eram os sinais de que ele me daria uma bronca, eu conhecia bem.

- Ele estava assediando a neta do seu amigo Vicente, Rebeca.

- Ah não, aquele maldito velho o que ele fez?

- Não deixei que tocasse nela, mas o bar estava cheio, a maioria dos caras estavam bêbados e todos se divertiam com a cena, gritavam coisas pra ela, ela estava sozinha, a rua deserta, entrou em pânico.

Uma ruga de preocupação se vincou em sua testa.

- E como ela está agora? Levou ela pra casa?

Enfiei as mãos no fundo dos bolsos.

- Na verdade ela está aqui.

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