Ela resolveu cancelar a tarde de compromissos e coisas a resolver para ficarmos um pouco juntas, o que me deixou secretamente muito feliz.
Entrelaçou o braço no meu e apesar do calor não a afastei, fomos andando pela calçada pouco movimentada pelo quarteirão de casa.
- Acha que deixamos claro de que era nossa primeira vez ali?
- Acho que o restaurante todo percebeu mãe.
- Deveria ter feito o meu dez mais caprichado pelo caso de ele emoldurar mesmo.
- Voltamos no meu meio da noite e arrancamos da parede.
- Isso e depois voltamos no outro dia com caneta e cola colorida.
- Usamos a desculpa de que estamos dando nota a todos os restaurantes da cidade, e que temos que ter uma segunda impressão.
- Exato! Você é minha filha favorita.
Sorri respirando fundo a brisa que hora ou outra se revezava para nos refrescar.
- Acho que o garçom gostou de você.
- Mãe!
- O que foi? Ele não parava de olhar pra nossa mesa.
- Eu não era a única pessoa sentada.
- Eu sou casada.
Dei de ombros rindo.
- Ele não estava olhando pra nossa mesa.
- Pra mesa não.
Revirei os olhos em tom de brincadeira, ficamos em silêncio por alguns minutos enquanto caminhávamos.
- Você ainda pensa nele?
Demorei um pouco mais de tempo pra reagir do que gostaria, consegui concordar com um aceno de cabeça e imaginei que isso fosse suficiente para confirmar.
- Sente falta? Sabe... De tudo, de vocês juntos.
O clima entre a gente acabou mudando, eu não sabia como falar de André com ela sem escolher cuidadosamente as palavras e principalmente tocar no assunto do nosso término, preferiria que ela achasse que era doloroso demais pra mim do que eu não querer contar e nem explicar.
- Não desse jeito...
Disse por fim.
- O que seria '' desse jeito ''?
- Você sabe mãe, sinto falta da nossa amizade, de ter ele por perto, da presença dele sempre ali, de tudo que ele ainda significa pra mim...
Mais um momento de silêncio.
- Eu sinto muito não ter dado certo.
- Deu certo pelo tempo necessário, André me fez muito feliz.
