O almoço havia sido divertido, por sorte só havia um restaurante por perto, o que fez a gente comemorar, era logo na esquina de casa. Por ali a vida parecia passar mais devagar, tranquila, sem tanto movimento, o restante da rua era povoado por casas e mais casas e surpreendentemente não havia lojas nem qualquer outro comércio no quarteirão.
O Vintage ,como se chamava, era fiel ao nome, um restaurante pequeno mas majestoso, a decoração era incrível, toda pensada e detalhada, quando achava que havia visto tudo se percebia um detalhe que passou despercebido. Os garfos e as facas eram talhadas com uma data em especial '' 1977'' queria perguntar o por que, mas estava cheio então fiz uma nota mental de voltar em breve e encher o dono de perguntas até ele me expulsar e eu me sentir satisfeita.
A comida era dez, tanto eu quanto mamãe escrevemos nos guardanapos com uma caneta que ela encontrou na bolsa a nota que cada uma daria a primeira impressão e foi unanime, isso fez o garçom rir quando voltou a nossa mesa para trazer a conta e fizemos questão de que levasse os guardanapos, minha mãe sugeriu que ele emoldurasse poderia atrair ainda mais clientes se colocasse do lado de fora.
Da enorme janela do restaurante quase conseguia ver a varanda do meu quarto e isso me trouxe uma sensação calorosa, estava tornando aquele lugar familiar, recomeçando a construir minha vida e reconhecendo um pouquinho de mim ali, sorri quase sem perceber e quando me voltei a mamãe reparei que estava sorrindo.
