Capítulo 17

16 3 0
                                    


    Havia um sombra se mexendo lá dentro. Um senhor limpando as mãos sujas de graxa em uma pequena toalhinha, quanto notou nossa presença nos olhou com surpresa, como se não acreditasse no que visse, com certeza um velho e grande amigo de vovô pela sua reação saudosa.

   Os cabelos eram escuros, mas parecia ser apenas um pouco mais novo que vovô, que já era dono de uma nuvenzinha branca sob a cabeça, era alto e os olhos eram de um negro marcante, quase hipnotizante.

- Vicente ?!

   Vovô sorriu quando ele enfim se aproximou, aparentemente muito feliz em reencontra-lo.

- Olá velho amigo!


- Ora, venha cá !

     O abraço entre os dois não só refletia uma saudade que estava se alimentando a muito tempo, era quase possível sentir isso com eles.

   Vovô o abraçou forte e em poucos segundos seus olhos já estavam marejados de emoção, agora eu não só compreendia como via o motivo da insistência dele em vir a este lugar mesmo tão tarde da noite.  Vovô já havia esperado por esse reencontro tempo demais.

- Senti sua falta.

- Posso dizer o mesmo companheiro, temos muito o que falar.

    Eu sorri os assistindo em silêncio, deixando vovô a vontade para rever seu velho amigo.

- E quem é a moça bonita ?

- É Rebeca, e obrigada pelo elogio gentil.

Sorri e me aproximei para apertar sua mão.

- Essa é minha neta. Rebeca esse é Emanuel, um de meus melhores amigos.

- É um prazer conhece – ló Emanuel.

     Emanuel era muito simpático e muito simples no seu modo de agir e de falar conosco. Ele acenou a cabeça e sorrio voltando a olhar para vovô.

- Eu era seu único amigo não faça cena.

   Todos acabamos rindo, vovô realmente não costumava comentar muito sobre seus amigos, talvez isso aumentasse a saudade que sentia deles em sua vida, e se ele não se sentia a vontade para falar sozinho, eu também não perguntava.

- Seu avô era um homem de poucos amigos.

- Eu estou bem aqui.

    Eu ri observando os dois, vovô parecia muito feliz e Emanuel, seu velho amigo também. Vovô sempre teve esse lado brincalhão muito parecido com ele, e talvez por isso fossem tão amigos.

    Eu queria perguntar varias coisas a ele, se ainda trabalhava como mecânico, se aquela moto era dele e se ainda a usava, como devia ser pilotar um modelo tão antigo e sofisticado, uma peça verdadeiramente rara. Ou simplesmente me sentar com eles e me divertir sendo entretida ouvindo suas histórias – era algo que também me fascinava, histórias de época – mas conclui que vovô também queria conversar muita coisa com ele e que deixa – lós conversar sozinhos seria a melhor opção, como bons amigos depois de tantos anos sem se verem. Além de que aquele rancho parecia ter lugares incríveis e mesmo a noite eu adoraria dar uma volta. Estava na minha alma, a empolgação pelo novo, pelo desconhecido, por descobrir coisas e lugares,explorar,  era eufórica por isso.

- Que tal entramos ? Está esfriando eu posso preparar um bom café para acompanhar nossa conversa.

- Acho uma ótima ideia! Vamos querida ?

- Eu estou bem vovô, acho que vocês dois precisam colocar bastante coisa em dia e eu gostaria de dar uma volta pelo lugar. Se não tiver nenhum problema Emanuel.

Vovô sorriu e concordou com um aceno de cabeça.

 - Problema nenhum, fique a vontade, ao lado da porta da frente tem um padrão com um interruptor, acenda as luzes, não conseguira ver nada nesse escuro. Eu costumo as deixar desligadas para não chamar muita atenção da estrada, morar afastado da cidade tem seus riscos.

- Não vá muito longe.

- Pode deixar vovô, eu vou tomar cuidado, e obrigada senhor.

- Emanuel, por favor me chame de Emanuel, não sou tão velho como o seu avô.

Eu ri e concordei.

- Vocês são mesmo muito parecidos, eu volto logo.



Para Onde Iremos ?Onde histórias criam vida. Descubra agora