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  - THIA -

*Dez anos de idade*

Eu não sei onde tudo deu errado.

Eu nunca entendi esse ditado. Porque olhando para trás em minha vida eu posso identificar o dia exato, a hora exata, quando tudo mudou e tomou um rumo que ninguém poderia ter previsto... Especialmente eu.

Três semanas antes do meu aniversário de onze anos, eu tinha acabado de subir na minha pequena bicicleta vermelha em direção a loja MayCenter. Meu pai queria que eu levasse uma caixa de laranjas pra lá , então eu amarrei a caixa em um skate e prendi uma corda que tinha encontrado no barco velho do meu pai nas rodas dianteiras da minha bicicleta.

- Você pode ficar um pouco na caixa Cinthy? - perguntou a senhora Emma May, balançando os quadris de um lado para o outro, em direção até a porta, segurando uma bolsinha quadrada em sua mão. - Eu só vou dar um pulinho no salão de beleza. Ninguém provavelmente nem vai entrar. - Emma May disse, se inclinando sobre o balcão, ela abriu a caixa registradora antiga usando uma série de botões e uma batida de seu punho na parte inferior da caixa. Ela tirou algum dinheiro e sorriu para mim, empurrando através da porta de vidro que soou quando ela abriu e novamente quando ela se fechou.

Emma May estava certa. Ela me pediu para cuidar da loja antes e ninguém nunca tinha entrado... Até aquele dia.

Não é como se eu estivesse ansiosa para chegar em casa. Mamãe tinha começado a agir estranho. Limpar o chão por horas até que a madeira perdesse seu brilho. Falando sozinha na cozinha. Sempre que eu perguntava a ela sobre isso, ela agia como ela não soubesse o que eu estava falando. Papai me disse que tudo ficaria bem e para ficar apenas fora do caminho dela e dar a ela algum espaço.

Eu fiz o que ele disse e fiquei longe, tanto quanto possível, na maioria das vezes não chegando em casa até logo após o pôr do sol. E cuidar da loja era uma razão boa quanto qualquer outra para prolongar a ida para casa.

Depois de uma hora fiquei inquieta. Arrumei a coluna de cigarros por detrás da caixa registradora, virei os cachorros quentes sobre os espetos que não funcionam, e tentei ler uma revista, mas eu não entendia o que "Dezessete Posições Para Fazer Ele Se Contorcer" significava.

"Se alguém estava se contorcendo por que eles não apenas iam ver um médico? Ou um dentista? É lá que eu fui quando eu tive uma dor de dente!"

Eu tinha desistido de revistas e estava recostada em um velho banquinho que rangia toda vez que eu girava sobre ele. Com meus pés em cima do balcão, eu virei o canal na TV pequena em preto e branco que estava apoiada em uma lista telefônica no canto do balcão.

Os dois únicos canais que pegavam era algum canal estrangeiro e um canal do tempo. Ambas as imagens estavam borradas e o único som que saia dos alto-falantes era um ruído. Até tentei virar a tv, mas nada estava funcionando, se eu consegui fazer alguma coisa foi aumentar o volume. Se tornou tão alto que eu não ouvi as motos parando no estacionamento ou os sinos de porta contra o vidro tinirem.

Eu puxei o plugue da tomada. Eu ainda estava segurando o cabo quando eu olhei nos olhos de um estranho... E sua arma.

- Tudo o que você tem. Agora! - ele ordenou, apontando com a arma para a caixa registradora. Ele estava balançando de um lado para o outro e seus olhos estavam bordados em vermelho.

- Eu não sei como... - eu comecei, mas o homem interrompeu.

- Apenas faça isso, porra! - ele ordenou, clicando a arma, ele pulou, então seu peito estava descansando no balcão e a arma estava apenas a alguns centímetros do lado da minha cabeça. Eu saí do banco e fui para a caixa registradora, me sentei em meus joelhos e tentei a combinação complicada de botões que Emma tinha usado quando ela abriu.

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