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- THIA -

Mosquitos quase do tamanho de pequenas aves zumbiam ao redor dos meus ouvidos como pequenos abutres circulando acima de sua presa pretendida. Eu não sei quanto tempo fiquei sentada lá fora, mas quando eu descobri como me mover e me arrastei de volta para a garagem, Niall não estava lá.

Ele não voltou naquela noite, ou na manhã seguinte. Era melhor, de qualquer maneira. A maçaneta da porta tinha sido substituída em algum momento, mas não estava mais bloqueada. Eu não era uma prisioneira. Ele não estava me mantendo lá.

Ele estava me dizendo para sair. Ele queria que eu saísse. E ele não tinha que me dizer duas vezes.

Eu odiava-o. E não só porque ele me deixou lá no escuro, sem olhar para trás, mas porque eu não queria odiá-lo. Eu não queria gostar dele também, mas como um idiota eu baixei a minha guarda e me convidei para ser sua piada mais uma vez.

O que aconteceu na noite anterior não iria acontecer novamente. Minha vida poderia ter sido uma piada cruel, mas eu não iria me deixar passar por essa experiência de novo.

Eu tomei banho. Um banho de verdade, sem a barreira dos meus shorts. O sabão ardeu quando a água desceu pelo meu corpo e em minha fenda, mas não durou muito tempo e depois de um minuto eu fui capaz de lavar e secar sem me sentir como se estivesse sufocando.

Eu limpei o vapor do espelho, meu estômago virou quando ouvi a porta do apartamento abrir.

Ele voltou.

Eu me odiava por esperar que fosse ele.

Ele não merecia a minha esperança.

— Thia? — uma voz feminina gritou, abrindo devagar a porta do quarto. — Oh, você está aí. — Ray apareceu com um sorriso brilhante. — Eu te trouxe algumas roupas limpas, — ela disse, colocando outra camisa e shorts na cama.

— Obrigado, — eu disse, me movendo em direção à pilha de roupa. — Eu realmente não tive muita chance de te dizer o quanto eu aprecio...

— Não se preocupe com isso. Confie em mim, eu sei que não é fácil ser a nova garota por aqui, — disse ela, a voz cheia de sinceridade. — Eu tinha alguém para me ajudar naquela época, e agora estou apenas feliz que eu estou aqui para te ajudar. — ela olhou para o chão e, em seguida, para o teto como se estivesse de repente tentando conter as lágrimas. — De qualquer forma, — disse ela, balançando para longe tudo o que tinha cruzado sua mente, — Eu só estava me perguntando se você queria vir até a casa um pouco? Almoçar? Eu vejo que você realmente não tem comido a maior parte da comida que eu tenho trazido, então, talvez você só precise de novos ares por um tempo? Um pequeno recomeço? — eu fiquei ali, sem responder, porque eu realmente não sabia o que dizer. Eu precisava de um plano, não almoçar em companhia, mas eu também não queria decepcioná-la. — Talvez você possa me ajudar a não estrangular as crianças?

Pesquisando no meu cérebro por razões do por que não seria uma boa idéia, suas palavras de repente me bateram.

— Crianças? — ela não parecia velha o suficiente para ter um filho, imagina mais de um. Eu a tinha visto quase todos os dias de uma forma ou de outra por breves períodos de tempo, mas esta foi a primeira vez que eu senti como se o nevoeiro tivesse clareado o suficiente para ser realmente capaz de pensar nela como mais do que a portadora de roupas e alimentos.

O cabelo de Ray era tão loiro que era quase branco. Não longo demais, pendurado um pouco sobre os ombros, terminando sob os seios. Seu ombro estava coberto com tatuagens coloridas, ainda femininas que desciam até a metade do antebraço. Enquanto as tatuagens em Niall davam a ele um aspecto ainda mais duro, elas pareciam fazer o oposto em Ray, as rosas claras e azuis a fizeram parecer suave. Mais feminina. Ela era definitivamente jovem, talvez da minha idade ou um pouco mais velha, mas tinha um ar estranho de maturidade sobre ela que me fez pensar que ela poderia ter dezenove ou ela poderia ter trinta.

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