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- THIA -


— Tire as mãos de mim, Beck! — gritei. Eu me debatia descontroladamente, dando socos e pontapés em qualquer lugar que pensava que eu poderia fazer danos em sua estrutura assustadoramente gigante. Meus pequenos braços e pernas não eram páreas para o pé grande que tinha me içado através de seus ombros como um saco de cimento, mas eu pensei que talvez, pelo menos, poderia fazê-lo parar e me ouvir. — Me ponha no chão! — pedi novamente.

Não tive essa sorte.

Apesar dos meus melhores esforços, Beck ainda conseguiu caminhar até a pequena sala que eu estava tentando o meu melhor para não deixar que ele me enfiasse. — Nãooooooo! — protestei, estendendo a mão para agarrar a moldura da porta com toda a luta que tinha em mim. Me agarrei com tanta força que senti como se meus dedos fossem se soltar e saltar ao redor da sala como as bolas de metal brilhante em um jogo de pinball.

Com um último grunhido gutural, Beck deu mais um passo para dentro da sala e os meus dedos deslizaram da moldura da porta. E antes que pudesse ficar chateada, ele já tinha me afastado de seus ombros e me jogado na pequena cela de metal, batendo a porta. Eu cai de lado no concreto frio, mas não fiquei lá por muito tempo, brotando do chão. Eu me agarrei às barras quando Beck apressadamente virou a chave de aparência velha na fechadura, o metal da chave fez um barulho agudo quando ele raspou contra o metal das barras, fazendo minha mandíbula doer e meus ouvidos parecem como se estivessem prestes a sangrar.

— Eu tenho uma hora marcada com o delegado para o interrogatório. Você não pode me prender aqui!

— Você não acha que eu sei disso? Eu sou o delegado, pelo amor de Deus. Vamos voltar para ver o que aconteceu com seus pais, mas isso não é sobre isso. Isto é sobre um certo Sr. Coleman, — disse Beck, apoiando as mãos na arma no cinto.

Merda.

— Você e eu sabemos que estava dentro dos meus direitos legais e, além disso, não é como se eu realmente tivesse machucado ele, — argumentei.

— Quantas vezes tenho que te dizer para me chamar de Delegado Douglas quando eu estou em trabalho? Oh, e aqui está algo que você não pode ter pensado: desta vez você não tem dez anos de idade e você não está pintando de rosa seu gesso. Você atirou em um cara Thia! O que você espera que faça? Que olhe para o outro lado enquanto ele está falando merda para o meu chefe? — Beck se sentou na frente da minha cela em uma caixa de madeira, a poeira da caixa soprando para o ar em torno dele.

Ele acenou, concentrando sua atenção em seu novo prisioneiro. Eu.

A parte de trás do posto, a loja MayCenter dava para a delegacia. Prateleiras enchiam cada centimetro disponível do espaço da parede. Várias linhas de pintura descolorida marcavam o lugar em uma das paredes, onde algumas linhas de estantes tinham sido removidas para dar espaço para a velha mesa de madeira onde Beck e o delegado Donaldson deviam escrever seus relatórios.

Como funcionária da loja sabia de fato que a caixa na prateleira acima da escrivaninha continha uma velha TV preta e branca que viu muito mais ação do que qualquer trabalho de papel já teve. Não é como se alguma coisa acontecesse na cidade de qualquer maneira.

A cela em si tinha uma cama retrátil que pendia em uma corrente e era apenas suficientemente grande para duas pessoas pequenas, ou um grande.

Se eu não tivesse abastecido as prateleiras para Emma May, eu teria vivido sem saber que a nossa pequena cidade tinha qualquer tipo cela. Ou a cela onde eu estava.

— Eu atirei nele, mas foi apenas na perna! — eu gritei, batendo meu pé como uma criança. — Ele quase não gritou.

Beck revirou os olhos e tirou seu chapéu, revelando seus poucos cabelos que o fazia parecer anos mais velho do que seus vinte anos de idade, uma marca vermelha na testa de onde o chapéu tinha estado apertando a cabeça com muita força. Ele enxugou o suor do rosto com um lenço.

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