KING ③

18

-NIALL -

Bang. Um barulho ecoou a noite, tão alto que eu ouvi por cima do rugido da minha moto. Algo pequeno, mas rápido passou por minha orelha como um grito, tão perto que eu senti o rastro de calor no lado do meu pescoço.

Uma bala.

Havia duas motos na minha cola. Duas motos que eu reconheci. Duas motos que eu ajudei a construir. Moto dos Bastards.

Eu sabia que havia uma possibilidade de que no segundo que eu deixasse a cidade que esses filhos da puta poderiam ir atrás de mim. O problema era que eu estava muito envolvido em encontrar Thia e sai sem pensar, mesmo sem contar a Harry onde eu estava indo.

Talvez ele já saiba. E porra, talvez alguém já encontrou ela.

Meu peito doeu como eu já tivesse sido atingido por uma bala.

Os Bastards poderiam não ter leis, mas eles não eram sem alma, um dos códigos pelos quais viviam era 'Sempre olhe um homem nos olhos quando você estiver prestes a tomar sua vida'.

O clube deveria estar mais fodido do que eu tinha imaginado originalmente porque os dois idiotas atrás de mim disparando em minhas costas tinham escolhido ignorar esse código em particular.

Bang. Senti o calor contra a pele do meu pescoço quando outra bala passou zunindo.

Passei pela placa 'Bem Vindo à Jessep e tentei despistar os filhos da puta que me seguiam pegando uma acentuada curva à direita. Mas não tive essa sorte.

As balas estavam voando, Thia poderia estar em perigo ou já morta, mas quando eu peguei velocidade e me inclinei para frente acelerando a máquina entre as minhas pernas até o seu limite, me lembrei de outro tempo, outra noite sem nuvens, quando ir rápido não era rápido o suficiente....

***

Eu estou com cinco anos de idade e eu estou no banco do passageiro de um carro que eu nunca estive antes. Minha mãe está dirigindo.

Ela está resmungando para si mesma e mordendo as unhas.

Quando ela me pegou da escola, eu tinha entrado em seu conversível vermelho, mas ela passou pela rua que a gente sempre evita, a que nos levava à sede do clube. A única parada que tínhamos feito era quando tínhamos negociado seu carro atrás no posto de gasolina.

O carro que estavámos andando agora era um pequeno Toyota, ele cheirava igual de quando eu vomitei depois de beber um refrigerante especial que tinham deixado na mesa de sinuca. A única coisa especial sobre o refrigerante foi a quantidade de vômito que me fez jorrar por todo o chão do escritório do meu pai.

Claro que coca-cola é muito melhor.

Mamãe acende um cigarro e abre a janela, mas só um pouquinho. O carro se enche com a fumaça que ela lança, mas isso não me incomoda porque eu estou acostumado com isso. Todo mundo no clube fuma. Eu vi um comercial na TV dizer que fumar faz você parar de crescer, e eu quero ser alto como meu pai, então eu decidi que eu vou esperar até eu crescer muito mais antes de começar a fumar.

Está escuro lá fora, mas uma vez que estamos na estrada, cada vez que passamos por uma rua iluminada o interior do carro bilha e, em seguida fica escuro, como se alguém estivesse apagando e acendendo um interruptor de luz. Eu não conto quantas vezes o interruptor fica ligado, mas é muito. Eu paro quando eu vejo uma centena de luzes, são muitas e cem é o maior número que eu conheço.

Toda vez que uma moto passa, minha mãe agarra o volante com força e prende a respiração até que ele passa por nós. Ela continua verificando os espelhos e tirando o cabelo de seus olhos. Ela tem pingos de suor em seu rosto e quando o carro se ilumina na próxima vez, eu noto que ela tem lágrimas caindo de seus olhos.