Quando fecho os olhos

Capítulo 3

Uma nova aventura muito real

Após Sheila sair, fiquei por volta de 2h00 envolta em meus pensamentos e lembranças, então fui dormir, já que todos já tinham ido. Com muita dificuldade deitei na cama-pois estava ainda na cadeira de rodas-e pensei em voltar em meu mundo, e o fiz: comecei a sonhar. Imaginei um gramado muito fofo e extenso, onde ao deitar, a sensação era de deitar no monte de algodão. Olhava para cima e o céu estava azul e cheio de nuvens. Deitei na grama fofa debaixo da sombra de uma árvore estava comigo Sheila e Angel.

Angel era uma antiga amiga nossa. Eu, Angel e Sheila éramos inseparáveis, porém alguns meses após terminar o colégio, Angel se mudou para o Canadá, sua cidade natal, e não tivemos notícias desde então, mas sempre sentimos falta da sua doce companhia.

Estávamos deitadas e conversando, colocando em dia os acontecimentos recentes e também relembrando os velhos tempos, começamos então a brincar com o cenário: Mudávamos as nuvens de lugar, e desenhávamos, com elas no céu.

Ficamos assim "o dia todo" - pois o dia e a noite nesta minha realidade são diferentes pois o seu tempo e o tempo real não são iguais - desenhávamos todo o céu, depois desfazíamos e começávamos tudo de novo. Colorimos as nuvens de várias cores, de todos as que se vê num arco-íris. Pintamos até o céu de branco, como uma folha infinita onde podíamos expressar nossa arte. Logo veio à noite, não menos bonita. A visão que tínhamos não era a que costumamos ver no mundo real, mas era como se estivéssemos no meio da galáxia, onde podíamos ver as estrelas, cometas e planetas a um palmo de distância, até que decidimos pular de planeta em planeta, explorando as estrelas e pegando-as na mão, como se fosse uma enorme lâmpada que nunca se apaga. Passeamos pela galáxia e eu encontrei um mundo diferente. Quisemos explora-lo, nele havia milhares de arco-íris, fomos voando, até que dei de cara com um arco íris, então Sheyla disse:

  -Sua bochecha tá azul Alice, acho que o arco-íris a pintou - disse enquanto ria.

Comecei a rir e rimos todas juntas, numa melodia que ultrapassava todas as barreiras do som daquela galáxia, até que eu acordei.

Quando acordei já era de manhã. Fiz o que fazia costumeiramente e fui tomar um pouco de sol, não era de fazer isso porém o passeio da noite anterior teria me inspirado, até que Lucas chegou ao meu lado, me deu bom dia e levou a mão a minha bochecha para a apertar como costumava fazer, ao fazê-lo me encarou como alguém que encontra algo estranho e me disse:

  - Por que sua bochecha está azul ?

Eu o olhei com espanto mas logo me lembrei da aventura da noite passada, e ri. Ele ficou me encarando sem entender e eu respondi:

  - A história é um pouco grande, quer ouvir?

  - Não tenho nada pra fazer mesmo, conta.- disse ele enquanto puchava a cadeira para se sentar.

Contei então todo o ocorrido, que ele ouviu com o grande prazer de rir de cada frase, sendo que a altura e exagero das risadas dependiam do quão estranho era o que eu falava, mas percebi que ele fez um semblante significativamente constrangido no momento em que citei a participação de Angel na minha aventura, reação esta que eu não entendi, já que nunca tinha ouvido do Lucas ter o mínimo de intimidade com Angel, então fiquei momentaneamente pensativa mas logo esqueci com a frase:

  -Deve ser coisa da minha cabeça. 

Ao terminar de contar, ele pôde  entender o por que da mancha azul, mesmo que eu achasse que ele não tinha acreditado, mas afinal meu irmão também tinha uma mente fértil, e desejava esta realidade tanto quanto eu gostava dela.

Ficamos por um tempo conversando, comentado minha história e fazendo brincadeiras, onde Lucas dizia como ele faria se isso por acaso acontecesse com ele, mas com muita ironia em sua fala, porém eu lidava com tudo rindo e dizendo: "Boa ideia, vou sonhar isso qualquer dia", até que fomos seguir com nossa vida, que era basicamente ele ir trabalhar e eu ficar sozinha, mas eu estava já adaptada, afinal fui feita pronta para me adaptar a qualquer situação, e esta é uma característica minha que eu adoro.