Capítulo 26

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- Não é nada. - Eu disse enquanto voltava a observar a imagem do emaranhado de arbustos que ia se afastando lentamente.

Os ventos afiados como lâminas roubavam a calor de nossas bochechas enquanto íamos atravessando cada monumento que o tempo que eu e meu irmão passamos nesse mundo nos permitiu construir. Comecei a ter diversas lembranças até que uma interrogação se fez em minha mente, fazendo com que na mesma hora eu me virasse para Lucas e a tirasse de meus pensamentos colocando-a em palavras.

- Você lembra daqueles projetos que fizemos de um arranha-céu bem ali? - disse apontando e notando o campo vazio logo ao lado de um parque lindamente exagerado que fizemos juntos, e voltando novamente o olhar para ele finalizo - Por que não o fizemos mesmo?

Ele observa o local rapidamente, e sem nem mesmo passar o olhar por mim diz, voltando a observar o lado oposto do que eu o tinha mostrado:

- Quem sabe... Não me lembro...

O seu notável desinteresse me deixa sem palavras.

- Que estranho.

Ele se vira rapidamente.

- O que é estranho?

Me assusto com sua reação alarmada e portanto demoro alguns minutos para raciocinar uma resposta adequada, mas logo digo:

- Não, - abro um meio sorriso - é só porque você parecia muito empolgado com esse nosso projeto. Você comentava sobre ele até no outro mundo...

- Faz um bom tempo Alice... Minha memória não é de ferro. - Ele ri e eu o acompanho meio sem graça.

- Para onde nós estamos indo? - Pergunto. - Já era para termos descido. - Ele me olha com dúvida no rosto. - Essa nuvem não quer me obedecer.

- Eu disse que este mundo está complicado para usarmos nossos truques. - Ele arqueia uma sobrancelha. - Vamos esperar e ver onde ela nos leva. - Ele diz sorrindo.

O mais estranho de tudo é ele estar tão bem com o que estava acontecendo. Ele está muito tranquilo comparado a como estava desesperado agora mesmo.

Finalmente a nuvem está a descer, mesmo que muito longe do destino que eu tracei para ela e muito mais longe ainda do labirinto.

Imediatamente percebo onde estamos, já que de todo o tempo que ja passei nesse mundo, esse foi o lugar que eu mais fiquei.

- Me pergunto por que ele nos trouxe aqui.

- Quem sabe? - Lucas responde com um sorrisinho sem nem mesmo olhar para mim, apenas encarando a imagem que se aproxima aos poucos. Quando estamos quase no chão ele se vira para mim. - Talvez ele saiba o quanto gostamos desse lugar...

- Pode ser... - Respondo tentando disfarçar o quanto estou confusa, seja com o que está acontecendo ou com seu modo de agir.

Descemos com cautela e entramos na casa que construímos com o intuito de parecer idêntica a casa de nossa avó.

- E agora? O que fazemos? - Ele me pergunta enquanto se senta na mesa da cozinha encostando-se na parede.

- Voltamos. - Digo ainda de pé de frente para ele.

Ele arqueia uma sobrancelha e ficamos em silêncio por alguns segundos.

- Não Posso. -Ele diz finalmete quebrando o silêncio que eu optei por não quebrar continuando nosso joguinho de quem fica mais sério por mais tempo.

- Por que não? - Pergunto ainda insistente.

- Já te disse por que não. - Ele diz com certa brutalidade na voz enquanto se levando e vai em direção a porta. Corro em sua direção antes que ele passe da entrada e agarro seu braço.

Quando fecho os olhosOnde histórias criam vida. Descubra agora