Capítulo 11

71 23 3
                                    

Felipe

Fiquei vendo aquela situação perplexa, pois mesmo que eu não me lembrasse de Felipe e não tivesse como dizer se ele tinha o costume de ser assim ou não, de Gustavo eu me lembrava muito bem e podia falar com convicção que ele não tinha o costume de ser assim, ao menos eu nunca o tinha visto tão bravo antes.

Fiquei olhando para ambos perplexa com medo de que eles fizessem algo um com o outro enquanto tínhamos nos tornado o centro das atenções da lanchonete. Ja que Gustavo trabalhava lá e ele poderia ser o mais prejudicado com uma situação pior, até que percebi a situação em que me encontrava: um braço estava sendo puxado por Felipe, e o outro por Gustavo. Quando percebi me veio uma enorme indignação, e não consegui me segurar. Enquanto Gustavo e Felipe faziam com que iam falar algo um para o outro eu interrompi:

- Vocês dois estão achando que são quem? Sou algum brinquedo de vocês pra vocês brincarem de cabo de guerra comigo ?? - eles assustados não disseram nada.

Tirei meus braços de suas mãos com brutalidade enquanto falava e sai pela porta de vidro que estávamos de frete, mais precisamente na entrada da lanchonete, esta que imaginei que ficamos muito conhecidos, o que me deixou com ainda mais raiva. Fui então andando rua a fora, até que enquanto andava senti um braço no meu ombro. Pensei que fosse um dos dois, e já injuriada virei-me ainda com raiva pronta para dizer algo, mas me deparei com Samuel.

- Calma. - disse ele um pouco assustado mas logo riu. - Sou eu, você tá bem ?

- To sim. - Disse envergonhada com a reação brusca e logo abaixei a cabeça. Logo passamos a andar sem rumo.

- Você está mesmo diferente ultimamente, não importa o quando diga que está normal. - ele disse e logo ficou em silêncio esperando uma resposta minha.

Fiquei um tempo em silêncio, mas não aguentei de tanto segurar e respondi:

- Não sei, acho que tem sido muita informação pra processar ultimamente.

Ele pareceu relutante em tocar de fato no assunto, mas logo disse:

- A Sheyla me disse que você estava passando por uma situação difícil, e seus pais a tinham obrigado a ir a um psiquiatra, tem a ver com isso?

Olhei para ele e demonstrei com o olhar que não sabia se me espantava com o fato de ele saber uma informação tão importante ou com o fato de ele ter pronunciado esse nome: Sheyla.

Não me lembrava da última vez que tinha falado com Sheyla. Não sabia como ela estava comigo, com ela mesma ou com a situação, mas pelo fato dela saber que eu fui no psiquiatra, pude deduzir que não fazia muito tempo desde a última vez que a vi, e já que pude contar isso a ela, acho que estávamos bem.

Não querendo exclusivamente despistar o assunto do qual eu não queria tratar com ele, mas aproveitando também, e no fim dois coelhos numa cajadada só, perguntei:

- Como está Sheyla ?

Ele me olhou e riu, percebendo minha intenção, logo respondeu:

- Ela está bem, está viajando, lembra ?

- Sim, é claro. - procurei um modo de descobrir os detalhes sem que ele percebesse que eu realmente não sabia nada sobre isso - ela estava mesmo precisando viajar um pouco, pelo menos ela pode apreciar a paisagem né...

- Ela sempre diz que lá não é o lugar mais bonito do mundo mas afinal, é o lugar preferido dela então eu acho que vai servir mesmo assim.

Quando fecho os olhosOnde histórias criam vida. Descubra agora