Muito real
Com tanto em mente, passei mais uma noite às claras, pensando em como seria a minha vida dai para frente com tantas mudanças, até que me veio à mente a frase que me ergue das cinzas quando já não me resta nada, então, fechei os olhos e comecei a imaginar, logo dormi e entrei numa outra realidade.
Desta vez imaginei um campo de flores com apenas uma trilha na qual eu passava. Fiquei imensamente feliz pela cena , mas esta alegria não se compara ao prazer de poder novamente andar, pois fazia já alguma tempo que estava naquela condição.
Este campo era de tão grande imensidão, que não se podia ver o seu fim, e por mais que andasse, continuava assim. Nele havia flores de todas as cores existentes, nunca tinha contemplado cena mais linda. Caminhando e o contemplando, pude então esquecer meus males, até que por completo aliviou-se meu coração. Algum tempo se passou, e comecei a refletir sobre aquilo tudo que me parecia tão real, e pensei que nunca tivera eu tamanha lucidez durante um sonho a ponto de ter tal controle sobre ele, então comecei a explorar, para talvez encontrar alguma pista do que se passava ali. Comecei então a correr sobre as flores. Corri o quanto pude, procurando o fim daquela cena, sendo que aquela imensidão não acabava, até que fiquei cansada e ofegante. Olhei para trás, e vendo muitas flores amassadas falei:
-Droga! Não devia tê-las matado! Queria que elas voltassem a ser como eram antes.
Ao proferir estas palavras, num ato instantâneo, as flores voltaram à vida, e num grande susto, caí. Sentindo uma ardor, olho para minhas mãos que estavam raladas e levemente sangrando, e atordoada acordei.
Senti um leve incômodo nas minhas mãos, e estranhei, afinal, eu estava na cama, e quando olhei, estavam exatamente iguais.
- Alice, acordou? - Minha mãe pergunta abrindo a porta - Algum problema? Você está pálida.
Ainda encarando minha mão, digo:
- Será possível?!
- Vamos, Alice, você tem que ver a fisioterapeuta hoje.
Olho para ela e confirmo, e lá vamos nós.
Coloquei no modo automático e fiz tudo sem deixar de lembrar o que tinha acontecido na mesma manhã. Nao me lembro muito bem do que comi, do que fiz no hospital ou de como voltei para casa, apenas continuei igualmente atordoada, falando para mim mesma:- Não é possível que tenha realmente acontecido.
Acho que qualquer ser humano normal negaria, ou pelo menos qualquer adulto são.
Pensei em contar para alguém, mas quem acreditaria numa história que mesmo eu que a vivenciei não acredito? Então me veio à mente a única pessoa com quem eu poderia contar.
Eu e Lucas sempre fomos muito próximos, e agradeço por nossa relação não ter mudado com a idade. Lucas é quatro anos mais velho que eu, então apesar da pequena diferença de idade ter servido para nos unir pelos nossos gostos sempre em comum, também sempre me fez ver nele alguém confiável, já que para mim ele sempre foi uma figura mais velha de confiança e responsabilidade, e ainda assim a figura mais próxima de hm amigo.
Fui então no quarto dele e comecei a rever em minha mente o discurso que tinha preparado com tanto cuidado, enquanto observava a organização do seu quarto. Passei os olhos pela coxa azul de sua cama que estava sempre arrumada, após pelos instrumentos dos quais ele tanto se orgulhava, logo seu guarda roupa ao lado da parede cor de pêssego e por fim meus olhos se encontram com os dele. Ele estava mexendo no computador e como estava continuou.
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Quando fecho os olhos
FantasyAlice com inúmeros problemas acumulados, certo dia decide fechar os olhos e imaginar uma realidade diferente, onde tudo era perfeito, porém deixou de ser imaginação, e se tornou uma realidade alternativa. Ela podia viver a vida que quisesse simplesm...