- Como assim o que ? - pergunto perplexa, procurando seus olhos e tentando acompanhar seus movimentos enquanto ele olha para todas as direções possíveis.
- Não se pode mais controlar esse mundo Alice! Se acostume com as loucuras que vão aparecer na sua frente. - ele quase grita afoito sem nem mesmo olhar para mim, e posso jurar que o suor que estava descendo por seu rosto era frio como seu pavor.
Fico sem palavras. Até que Lucas finalmente encontra meu olhar e segura o meu braço e dizendo:
- Está vindo.
Ele me puxa fazendo com que nós comecemos a correr pelas estradas, atravessando cada passagem e virado cada curva que ele se depara. Ele corre me segurando como se tivesse uma criança na mão, correndo para que não se ferisse, enquanto eu tento acompanhar seus próximos e inimagináveis passos, fazendo o possível para não tropeçar nas pedras ou escorregar na grama úmida.
A velocidade que ele mantém é tamanha que não consigo soltar as tantas interrogações que eu queria fazer pois estou ocupada tentando manter ar circulando pelos meus pulmões, já que estes entram e saem com dificuldade me causando certa dor.
Ele continua correndo e virando cada esquina como se soubesse exatamente o que iria encontrar na próxima curva e o que encontraria no final de todo esse caminho, até que quando fecho os olhos por uma fração de segundos e puxo todo o ar que me restou, grito o mais alto que posso:
- Lucas!!
Ele vira a última esquina ignorando meu clamor e enfim nos deparamos com a mesma passagem pela qual eu entrei no labirinto.
- Ahh! - ele suspira e dá uma risada exagerada, que na verdade não posso decifrar exatamente se é de alívio ou desespero - consegui! Finalmente consegui! Vamos!
Ele me puxa até a passagem porém tomamos um terrível susto que faz com que caiamos para trás. Os arbustos se movem, crescendo, esticando, até que os ramos de uma parede vão de encontro com os da outra, e com essa imagem que, aparentou ser em câmera lenta em minha mente, a passagem rapidamente se fecha.
Quando Lucas contempla aquela cena, de levanta da queda com veracidade e corre para a parede de arbustos já fechada, impecável, como se nunca tivesse estado aberta. Ele tenta abrir a passagem enfiando as mãos dentre os galhos e ramos gritando em completo desespero.
- Não não não não não. Não pode ser! Não, volta, abre, tem que abrir!
Eu corro em sua direção e tento segura-lo, mas parece que minha voz e meu toque não surtem efeito nenhum nele.
- Lucas você tem que parar! -insisto empurrando-o, mas ele persiste - Lucas olha para mim!
Ainda sem resposta, apenas ouço seu desespero, observando seu olhar quase choroso, um olhar que nunca tinha visto antes em suas feições, logo eu.
Lucas parecia diferente. Já não era o mesmo de sempre. Tudo bem que esse mundo não tinha limites, nem leis, nem nada, era ele contra nós, mas ainda assim, esse Lucas que encontrei parecia diferente do Lucas que eu vi da última vez, e não me refiro ao Lucas sereno deitado na cama de hospital, mas o que enfrentou esse mundo comigo, e escolheu continuar nele para me proteger. Toda essa astúcia parecia ter se convertido numa insanidade repleta de desespero.
- Lucas! - grito empurrando-o com toda a força que pude reunir, fazendo-o cair no chão novamente.
Corro até ele, caído, e seguro suas mãos que estavam sangrando, machucadas. Ele parecia nem perceber a dilaceração enquanto tentava incessantemente abrir a passagem que acabara de se fechar.
Envolvo minhas mãos em seu rosto e direciono meu olhar para seus olhos, fazendo com que aquele olhar chorosa procurasse o meu.
- Primeiramente você tem que se acalmar. - Ele abaixa a cabeça. - Olha para mim! - Com cuidado ele a ergue novamente. - Eu não tenho ideia do que você passou por aqui, não mesmo, - coloco uma de minhas mãos em seu rosto - mas eu estou aqui agora e o que quer que seja que esteja acontecendo nós vamos resolver juntos entendeu?
Ele assente que sim. Eu coloco minha mão em sua nuca e puxo sua cabeça para o meu ombro. Pensei que ele precisava disso naquele momento. Alguém para cuidar dele para variar. Eu não podia apenas depender totalmente dele e esquecer que ele nao tem ninguém para se apoiar. Portanto neste momento foi que decidi que eu seria o seu apoio.
Ele ergue a cabeça com cuidado ainda um pouco avoado, e eu coloco minhas mãos ao redor de seus braços fazendo-o acompanhar meu movimentos até que nos levantamos.
- Agora o que fazemos?
Ele me olha, e com firmeza me responde:
- Saímos daqui.
- Então vamos embora daqui do mesmo modo que eu cheguei.
Ele me olha sem entender enquanto eu faço sinal para as nuvens até que elas respondem e vem em nossa direção.
Com uma nuvem já na nossa frente digo:
- Sobe.
- Não sei. - Ele me olha duvidoso. - Acho melhor nos não confiarmos nesses truques que fazemos. Esse mundo-
- Não é o mesmo, está estranho, não confie, tome cuidado. Você já disse- eu o interrompo- já disse muitas vezes. Não é por que estamos aproveitando dele que nao estamos sendo cautelosos. Pense comigo: nós poderíamos nos fingir de coitados e pregar uma peça nesse mundo o pegando desprevenido, o que acha??- sorrio.
Ele me devolve um sorrisinho meio sem graça mas espontâneo Que logo se torna um sorriso irônico, enquanto ele arqueia uma sobrancelha e me diz dando uma olhada rápida sobre o ombro em direção ao fundo do labirinto.
- Mas é claro. Que ideia interessante. Na verdade genial.
Estranho seu comportamento mas ignoro e subo na nuvem. Ele o faz logo atrás de mim.
A nuvem sobe nos levando para cavalgar pelas ondas transparentes e geladas que atingem nosso rosto com certa brutalidade e delicadeza.
Enquantos estamos subindo, penso ter ouvido a voz de Lucas me chamando, porém abaixo de nós. Na mesma hora olho para trás e para baixo, e não encontando nada volto meu olhar para Lucas. A primeira coisa que penso é: como posso pensar ter ouvido sua voz vindo de dentro do labirinto se Lucas está ao meu lado?
- Você ouviu isso? - pergunto, até que seu rosto que estava virado para as nuvens que brincavam pouco acima de nós se vira para o meu, e com um sorrisinho ele responde:
- Ouvi o que?
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Olá todos!! Que acompanham e que não desistiram mesmo eu sendo tão enrrolada. 😆
Quero agradecer pelo apoio mesmo sendo todos fantasminhas a visualização ja me deixa feliz!
Prometo terminar logo, admito que estou demorando por que não quero dar qualquer final, quero que seja o melhor que eu puder fazer.
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Quando fecho os olhos
FantasyAlice com inúmeros problemas acumulados, certo dia decide fechar os olhos e imaginar uma realidade diferente, onde tudo era perfeito, porém deixou de ser imaginação, e se tornou uma realidade alternativa. Ela podia viver a vida que quisesse simplesm...