Fiquei alguns dias ali, naquele estado, sem mover um músculo, apenas absorvida por meus pensamentos que eram o suficiente para me prender ali por um ano. Não sei ao certo quantos dias estive lá, daquele modo, naquela mesma posição, talvez dois ou três. Pensava em como eu estava estranha, como surtei, como batia em Lucas, como empurrei minha mãe e machuquei meu pai, até me perguntar: "quem fez isso?"" Aquela não era eu", até que Lucas finalmente apareceu.
Percebo sua presença mas não parecia que estava se movendo, ficou assim, no silêncio por um tempo, até que sinto sua mão me puxando, me erguendo e colocando-me em sua colo, logo me leva até à superfície, onde já é claro e não me sinto bem no meio daquela luz toda. Não estava pronta para me ver, para me levantar ou para encarar Lucas, sendo que seu rosto foi a primeira coisa que eu vi quando sai do meio de toda aquela escuridão mesmo que não tenha tido para encarar mais que o necessário para o acaso, e logo abaixar novamente minha cabeça. É claro que foi ele quem criou com sua imaginação tudo aquilo na superfície, já que eu não estava em condições de imaginar nada muito diferente do que ele se deparou lá em baixo.
O lugar que saímos era como numa praia, Lucas foi me carregando até que estivéssemos longe das águas, Nao me largou em nenhum momento bem falou nada. Não percebendo em mim disposição para me mexer, ele me colocou sobre a areia fofa encostada em um coqueiro, se agacha em minha frente e fica me olhando, esperando um retorno em meu olhar, mas quando percebe que não terá esse retorno, ele diz:
- Quanto tempo se passou aqui?
Fico em silêncio por um tempo enquanto encaro a areia ao meu lado, até que sou um longo suspiro e com a voz meio rouca respondo:
- Alguns dias.
Ele suspira também depois de ouvir.
- Você tem que voltar. Minha mãe está desesperada pensando que voce está desmaiada.
Não respondo, não me movo, não tenho reação. Só continuo encarando a grama, e pensando que não tenho mais o direito de tê-lo ao meu lado, até que sinto suas mãos em meu queixo, erguendo meu rosto para que meus olhos pudessem se encontrar com os dele que não tinham desistido de me encarar, mas quando me deparo com seus olhos esperançosos, esperando encontrar em algum lugar de mim a Alice que a um dia atrás brincava com ele o deixando encharcado de água nesta mesma praia, desvio com voracidade, voltando novamente para a areia que me parecia melhor paisagem, pois sabia que essa pessoa que ele esperava que de repente saísse e conversasse com ele, talvez pedisse desculpas ou até mesmo fizesse uma piada com o acontecimento, se ainda existia estava bem longe dali. A única pessoa que ele poderia encontrar agora seria uma jovem que não sabia se seus sentimentos eram de medo ou raiva de si mesma. A única certeza que eu tinha naquele momento era de que eu não era a mesma pessoa, já não me reconhecia mais, portanto ninguém poderia me ver daquele jeito. Ninguém.
Sinto suas mãos apertado meus braços, e quando ergo minha cabeça dou de cara com seus olhos, que ainda me procuravam no profundo dos meus. Não pude desviar o olhar, sendo que o dele me prendia, e logo ouvi sua voz, que agora soava mais forte, porém com um tom de desespero que provavelmente só eu poderia notar.
- Alice!! Por Favor ! Não faz isso comigo, ou com nós. Não importa o que está sentindo ou o que você pensa que fez! Nós somos sua família! Independente de qualquer coisa, nós não vamos deixar de amar você!
"Não!" - Alguma coisa dentro de mim dizia - "Eles não vão te amar mais. Se você voltar, eles não vão se importar, vão preferir que estivesse ficado do jeito que está."
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Quando fecho os olhos
FantasyAlice com inúmeros problemas acumulados, certo dia decide fechar os olhos e imaginar uma realidade diferente, onde tudo era perfeito, porém deixou de ser imaginação, e se tornou uma realidade alternativa. Ela podia viver a vida que quisesse simplesm...