Capítulo 8

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Thaynnara

Cheguei em casa do passeio com Gustavo, o qual me inspirou para meus sonhos a noite, e fui dormir, já que todos já estavam dormindo e estava realmente tarde. Pensei em cumprimentar eles mesmo estando dormindo porém não quis incomodar, principalmente Lucas, que eu já não sabia como ter uma conversa real com ele que não fosse oi.

Fui me deitar e pensei em criar um mundo esta noite, já que não criava um mudo meu desde aquela consulta louca que marcou o auge da minha perda de memória, já que não lembro muita coisa do que aconteceu depois, mas minha cabeça sempre doía muito quando se tratava de algum assunto relacionado a isso, portanto preferi só dormir. Fazia tempo que eu não sonhava naturalmente, então eu até estranhei, mas era um sonho particularmente bom.

- Sonhei que estava no fundo do mar, mas podia normalmente respirar como se não fosse nada, então eu vi que haviam muitas árvores, com folhas verdes, vermelhas, laranjas, azuis, rosa e de tantas outras cores. Árvores, flores e plantas que eu nunca tinha visto eu vi ali. Vi então os animais que andam em terra seca andando debaixo d'Água como se não fosse nada, vi pássaros que não pude identificar na verdade se estavam voando ou nadando, já que seus movimentos eram muito parecidos com os dois, e vi também todos os peixes que eu conhecia, outros que apenas ouvi falar e outros frutos dos meus sonhos que pareciam estar fluindo de acordo com minha imaginação porém sem influência minha. Quando eu olhava para os lados, essa era a cena que eu podia ver, quando olhava para baixo via uma imensidão, como se eu não estivesse pisando em nada, já que não havia nada debaixo dos meus pés. Já quando eu olhava para cima, via a galáxia formando desenhos e paisagens que dançavam como num baile, e todos os seres que estavam lá, sejam peixes, animais ou pássaros entravam no ritmo, inclusive eu. Tudo era tomado de uma harmonia imensurável, onde parecia que toda a alegria que poderia existir e mais estava ali. Não posso descrever ao certo o que estava sentindo, pois não era uma coisa natural de se sentir, era algo que completava tudo o que tinha para se estar vazio, até que a música foi se tornando mais rápida, a paisagem mais escura, e toda aquela alegria que estava tomando meu ser se tornou em angústia e desespero, fazendo com que meu ser que antes tomado pela alegria fosse tomado por esses sentimentos inefáveis. Entrei em desespero, sem saber que reação deveria ter. Tentei sair dali, mas estava presa, não podia sair nem para cima onde a galáxia me prendeu, nem para os lados onde os animais me rodeavam, e nem mesmo para baixo, pois agora havia um abismo abaixo de mim, e assim, num pulo acordei.

Quando acordei eu estava toda suada, que foi consequência da adrenalina que senti em meu sonho, ou no caso, pesadelo. Fiquei um tempo sem querer dormir já que estava com medo de que esse sonho voltasse à tona, atitude infantil a minha mas simplesmente preferi ficar acordada, e pensando sobre o que tinha visto lá, cheguei à conclusão:

  - E se esse pesadelo foi criado pela minha própria consciência ?

Mas deixei para lá, simplesmente não queria aceitar, então pensei:

  - Que saudade do meu mundo, queria poder entra lá... - e suspirei bem forte, como se não estivesse conseguindo respirar.

Foi uma longa noite, até que o dia amanheceu.

Logo que percebi que o dia estava para clarear, fui correndo para a área para que eu pudesse ver o amanhecer. Vi sua cor mais linda, tentando surgir através daquele dia nublado, que não pode conter seu esplendor, e fui me esquecendo do sonho que tivera, até que finalmente meu semblante se abriu.

Passou-se certo tempo, ate que já de tarde ouvi a campainha tocar. Não me importei, pois não esperava ninguém e estava bem confortável em meu quarto, isolada, porém este conforto pareceu acabar quando ouvi minha mãe dizer alto:

  - Alice, visita!

Fiquei desanimada por ter que receber alguém quando estava tão bem em meu quarto, porém me animei em desce às pressas quando imaginei a possibilidade de ser Gustavo ou Sheyla, porém quando cheguei lá, tive uma espantosa surpresa:

  - Oi Alice, já faz um tempo - disse sorridente como se estivesse realmente feliz em me rever.

  - Oi, Thaynnara. - fingi um sorriso que , mesmo que por eu ser uma boa atriz tenha saído espontâneo, foi extremamente forçado.

A convidei para que fossemos para a sala, e ela ficou contando coisas que tinham acontecido com ela no tempo que ficamos sem nos ver, eu apenas concordava com tudo já que não sabia que reação ter com uma amiga minha tão próxima que eu não lembrava nada sobre.

Ela foi então falando até que parou e começou a me encarar. Eu estranhei, mas não sabia que reação ter, até que ela perguntou:

  - Você entrou de novo na Alicelandia ?

Estranhei esse nome estranho e infantil, ma deduzi que ela se referia aos meus sonhos ou algo do tipo, já que estamos tão próximas eu imagino que ela saiba, e para fingir que entendia o que ela dizia, disse:

  - Não, não pude mais entrar lá, minha cabeça dói muito sempre que entro...

  - Disse e fiquei esperando sua resposta, até que ela riu e disse:

  - Do que você se lembra ?

Fiquei sem palavras. Não entendi como, mas pelo jeito ela percebeu que não me lembro dela, mas tentei desfalcar e perguntei:

  - Por que você diz isso ? - eu disse dando uma leve risada.

  - A Alicelandia é o seu quarto, e você estava lá agora mesmo.

Olhei para ela sem reação, e ela perguntou:

  - O quanto você lembra sobre mim?

Olhei para ela sem querer falar e simplesmente balancei de um lado para o outro. Gesto que ela entendeu e respondeu:

  - Ok, então significa que temos muito para conversar!

Estranhei sua positividade, mas concordei.

  - Por onde você quer começar? - perguntou.

  - Do que você achar mais importante, tenho certeza que eu esqueci o que quer que seja.

  - Ok, então vamos começar de quando o Felipe chegou.

  - Felipe? Quem é Felipe ?

Quando fecho os olhosOnde histórias criam vida. Descubra agora