Capítulo 17

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  - Angel veio aqui em casa, e me disse que você e Samuel tinham alguma coisa. Que você gostava dele, ele gostava de você, que vocês tinham um caso, essas coisas. Em nenhum momento ela me deu provas concretas mas insistiu que o instinto dela para detectar problemas estava certo. O primeiro erro que eu achei foi que ela nunca teve esse tal desse instinto, pelo contrário, ela costumava não procurar problemas ou fugir deles, então m faz sentido ela ter esse instinto, e se caso ela tivesse adquirido ele seria quando ela estava fora, e aí fica mais perigoso ainda acreditar nela. Enfim, eu não acreditei nela. Afinal, eu podia não ter certeza de que você gostava ou não de Samuel ou vice versa, já que você tem esse costume feio de esconder seus sentimentos pra proteger os outros, mas eu sabia que você não ia fazer nada com ele escondido de mim sabendo do que eu sinto por ele, só que parece que você não entendeu nada disso.

  - Como assim? - eu indago.

  -  Quando eu fui contar isso para você, você... Sei lá. Você meio que surtou. Começou a gritar comigo e xingar a Angel. Você falou que ela tava destruindo sua vida virando todos conta você, sei lá, coisas assim. E no final você disse que eu estava do lado dela, que eu devia ficar com ela e te deixar. Sinceramente, você falou tava coisa sem sentido que de primeira, em vez de ficar brava eu fiquei com vontade de rir. Até cheguei a achar que você tava zoando comigo. Mas depois eu percebi que você tava mesmo seria e pronto. Aqui estamos nós agora. Parece que seu cérebro tá funcionando melhor agora.

Eu ainda perplexa, não conseguia digerir aquelas informações. Fiquei um tempo ainda em êxtase, e retruquei:

  - Será ?!

Ela riu e ficou me encarando, esperado minha reação, esperando que eu falasse algo, e eu que já sabia o que ela esperava que eu falasse, disse:

  - Me desculpa por demorar tanto tempo pra lembrar. E me desculpa por todo o resto. Isso inclui o momento em que eu não fui eu.

  - Te desculpo só por que sei que você não era você naquela hora. - rimos - o que eu não entendi é, quem você era naquela hora?

Houve silêncio.

- Eu ainda não sei, - respondi - na verdade esperava que você soubesse, mas assim que eu descobrir eu e conto, pra que caso você veja ela por ai de novo você mete o tapa nela pra a Alice voltar.

  - Eu poderia até pagar para ter essa honra. - rimos de novo, mas dessa vez muito. A risada foi se estendendo pela nossa lutinha de almofadas que se iniciou do nada e só acabou quando estávamos já estiadas no tapete da sala ofegantes uma em cima da outra.

  - Por que será que nós não crescemos Alice?

  - Sei lá. Já me perguntaram mas eu nunca soube responder.

  - Você sabe que se um dia você crescer eu te mato né ?!

  - Vou me certificar de ser sempre eu, não se preocupe.

  - Eu tava com saudade.

Olhei para ela, que me olhava com uma feição séria.

  - Eu também. - disse e me joguei novamente em cima dela.

Nosso reencontro se estendeu até a noite. Ficamos junta fazendo muitas coisas que não fazíamos a tempo, até que escureceu e fui embora.

Diferente dos recentes dias, não pensei em nada enquanto andava pela rua, mas só deixei meus pensamentos vagarem, me permitindo alguns risinhos quando me lembrava das memórias que tinha acabado de adquirir. Ia andando, e quando de repente comecei a rir pois lembrei da nossa lutinha, me deparo com um empecilho a minha frente e uma voz:

Quando fecho os olhosOnde histórias criam vida. Descubra agora