Dupla nada unida

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Fui com a Srta. McCartney e Suzanna até a sala, onde esperaríamos Gabriel chegar. Suzanna não parava de olhar para o relógio e parecia ficar cada vez mais paranoica. Me ocupei olhando a sala, estava tudo igual, a TV velha, os livros jogados pelos cantos (livros que provavelmente seriam procurados pelas manha), cadernos e até mesmo um par de sapatos escondidos embaixo de uma poltrona. Acho que esses sapatos já estava la antes mesmo de eu sair daqui, ouvi um grito e olhei ao redor. Parada no alto da escada estava Mary, que ao me ver desceu correndo a escada e se jogou contra mim.
- Lucy! Eu não acredito que você veio para cá e não me procurou. - Disse ela me mandando um olhar irritado ao me soltar.
- Desculpe. - Falei dando um sorriso para ela. - É que a diretora não ia gostar da ideia de eu ir visita-la perto das 1 da manha. - Sussurrei para ela em seguida dando um sorriso sem graça.
- Verdade. O que você fazendo aqui a esta hora? - Pediu ela olhando para o grande relógio cuco pendurado na parede da sala.
Ouvi Suzanna pigarrear e então ela se aproximou de nós.
- É que nos perdemos. E então ficamos caminhando por ai até encontrarmos um lugar conhecido, que no caso, foi o orfanato. - Disse ela se parando ao meu lado. - Ola. - Disse ela dando um sorriso para Mary.
- Ah... Ola. - Disse ela olhando para Suzanna. - Sou Mary. - Disse ela lhe estendendo a mão em seguida e dando um sorriso.
- Ah, para com isso. - Disse Suzanna puxando Mary para um abraço. - Pode me chamar de Suze. - Disse ela em seguida.
A Srta. McCartney nos deixou sozinhas para conversarmos sem fazer perguntas do tipo "O que você esta fazendo acordada a essa hora mocinha?" ou "Porque você resolveu descer aqui para baixo no meio da noite?", o que foi um alivio para Mary. Mas como melhor amiga dela, eu pedi.
- A irmã Luciana me acordou ué, as palavras exatas dela foram "tem algo para você la em baixo". E ai, eu desci. - Disse ela dando de ombros. Sorri. A irmã Luciana é um anjo, só pode.
- Estou tão feliz por vê-la novamente. - Falei lhe dando mais um abraço.
- Eu também. - Disse ela baixinho. - Só espero que da próxima vez, você venha de dia. - Disse ela rindo.
- Concordo. - Falei rindo também. Ouvimos passos e então alguém bateu na porta, Suzanna saiu correndo pela sala e eu e Mary fomos atras. Abrimos a porta e demos de cara com Gabriel e Daniel parados a porta, vi Mary passar a mão pelos cabelos soltos e despenteados enquanto corava loucamente. Sorri e me virei para os garotos.
- Ola. - Falei lhes dando um sorriso. Vi Daniel erguer as sobrancelhas seguido por Gabriel que nos olhou furioso.
- O que vocês estão fazendo aqui?! - Pediu Gabriel entrando no orfanato e indo direto para Suzanna que deu uns passos para trás.
- E-E-Eu... Eu não fiz nada. - Disse ela ainda indo para trás. Daniel também entrou e veio até mim.
- Você está bem? Como vieram parar aqui? Ou melhor, por que vocês vieram para cá? - Pediu ele colocando a mão em meu braço e se aproximando.
- Estou bem. - Falei o olhando. - Eu entrei por uma porta e cai aqui, não sei como Suzanna me encontrou. Também não sei porque vim parar aqui. - Falei para ele. Olhei para Mary e vi que ela encarrava Gabriel que parecia xingar Suzanna. Empurrei Daniel para o lado e fui até onde Suzanna e Gabriel estavam.
- Deixa ela em paz! Quer xingar alguém? Xingue a mim, por que fui EU que vim até aqui. Suzanna só veio atras de mim. - Falei indo até ele, o fazendo ir para trás até encostar no corrimão da escada.
- Vo-você? - Pediu ele me encarrando.
- Sim, EU. - Falei lhe lançando um olhar zangado. - Agora, continue! - Falei ainda parada na frente dele. Daniel se parou ao meu lado e ficou encarando Gabriel, ele parecia meio... feliz talvez.
- Acho que devemos ir para casa agora. Lá podemos decidir e conversar. - Disse Daniel baixinho. Suzanna assentiu indo para perto de mim, Gabriel fuzilou Daniel com os olhos e depois saiu caminhando pela sala.
- Ok. Espero vocês no carro. - Disse ele saindo pela porta e nos deixando sozinhos. Sorri.
- Ele tem medo de mim por acaso? - Pedi começando a rir e os olhando.
- Com certeza. - Disse Daniel começando a rir também. - Mas agora temos que ir. Se despeça da Mary e depois nos encontre la fora, ok? - Disse ele indo até a porta. - Tchau Mary. - Disse ele lhe acenando com a cabeça antes de sair da sala.
- Me espera! Eu não sei o caminho até o carro! - Gritou Suzanna correndo atras de Daniel. Comecei a rir e me virei para Mary que também ria, fui até ela e lhe dei um abraço.
- Preciso ir, de novo. - Falei a olhando quando a soltei.
- Sim, mas agora você ja sabe o caminho. - Disse ela sorrindo.
- Aham. - Falei rindo, como falar que na verdade não sei? Eu só entrei em uma porta que apareceu do além na sala, e cai aqui. Mas eu não vou dizer isso a ela. A olhei e dei um sorriso malicioso.
- Gostou de ver o Gabriel? - Pedi a olhando. Ela corou e começou a rir.
- Muito. Principalmente por eu estar de pijama. Já estamos até íntimos. - Disse ela, comecei a rir. - Não ria! Não tem graça. - Disse ela me olhando feio.
- Des-desculpe Mary. Foi mais forte que eu. -Falei tentando segurar o riso. Ela esta com vergonha por isso? Ele já me viu só de toalha! Corei ao lembrar disso e parei de rir. A olhei, realmente, ela tem razão em estar com vergonha. Ela está usando um vestido azul claro, com um pouco de renda e um tanto transparente, parece uma camisola.
- Bem... a irmã Margarete já falou pra você se livrar desse "pedaço de pano que chama o pecado". - Falei começando a rir novamente. Ela até tentou ficar séria mas logo desatou a rir comigo.
- É verdade. - Disse ela concordando. - Mas fazer o que né, eu fico maravilhosa chamando o pecado. - Disse ela voltando a rir.
Irmã Margarete deve ser uma das freiras mais velhas que moram aqui no orfanato, e é provavelmente uma das mais devotas. Ela adora ficar trabalhando na lavanderia só para poder sumir com as roupas que ela considera inadequadas, e é por isso, que as meninas do orfanato fazem questão de lavar as próprias roupas, passa-las e guarda-las.
Parei de rir, está na hora de ir.
- Mary, tenho que ir agora. Mas prometo voltar ok?
- Ok. - Disse ela me dando um pequeno sorriso. - E não esqueça de me escrever. - Disse ela enquanto eu ia para a porta. Olhei para ela e sorri.
- Não vou esquecer.

Encontrei o carro vermelho sangue do Gabriel estacionado no mesmo lugar em que estava aquela vez estacionado o carro do Sr. Hathaway, ou eu deveria dizer Nicklaus?
Caminhei até o carro e vi que Daniel e Gabriel estavam nos bancos da frente, caminhei alegre para o banco de trás e me sentei ao lado de Suzanna.
- Algum problema? - Pedi quando todos me olharam.
- Sim. Como você chegou aqui Lucy? - Pediu Gabriel me encarrando.
- Eu não sei. Uma hora eu estava dançando pela sala, depois apareceu aquela porta, ai o colar começou a brilhar e eu cai. E quando percebi eu estava nos fundos do orfanato. E ai ouve uma luz e a Suzanna apareceu e ela disse que não tínhamos como voltar, mas eu não sei como não tínhamos. Quer dizer, por que não podíamos voltar da mesma forma que viemos? - Falei tudo rapidamente. Os três me olhavam e pareceram curiosos.
- Bem - Falou Daniel calmamente - Não adianta mais esconder. - Continuou ele sem olhar para mim.
- Também acho. - Disse Suzanna em seguida. Vi Gabriel bater com a mão no volante em seguida se virando para mim.
- Ok então. Querem contar? Contem. - Disse ele mandando um olhar zangado para Daniel.
- Contar o que? - Pedi os olhando. Daniel suspirou e então se virou para mim, o que eles estão me escondendo? Me virei para Suzanna tentando ver algo em seus olhos, nada. Eles estavam totalmente indecifráveis. Daniel continuou me encarando e então disse uma unica frase que acabou virando a minha vida do avesso.
- Lucy - Disse ele sério - você é uma bruxa.

A Escolhida (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora