Alucinação?

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Havia muito verde, flores que eu nunca tinha visto antes, estatuas e até mesmo um chafariz em um canto distante. Sorri e corri para o meio do jardim, me girei e olhei ao redor. Era tudo tão lindo, sem dúvidas, aquele era o lugar de que eu mais gostava na casa. Vi Daniel se aproximando e me virei para ele.
- É lindo. - Falei sorrindo. Eu devia parecer uma criança, mas e dai? Aquele era o lugar mais lindo que eu já tinha visto em toda a minha vida.
- Que bom que gostou. - disse ele - A única coisa de que nós sabíamos quando fomos para o orfanato, era que procuraríamos alguém que amasse a natureza tanto quanto nós. E pelo visto, encontramos a pessoa certa. - Disse ele olhando para mim e depois para o jardim ainda sorrindo.
Bem, nisso eu concordo, pensei. No orfanato não havia ninguém que amasse mais a natureza do que eu. Sorri e continuei olhando ao redor, Mary iria adorar esse lugar. Mary... o simples fato de eu lembrar da minha melhor amiga me fez parar. Não fazia nem um dia e eu já estava com muitas saudades dela. Não só dela, também estava com saudades de Elise, Jéssica e... Jesse. Meu Jesse...
- Lucy, está tudo bem? - Ouvi Daniel falar. Me virei para ele e acenei com a cabeça.
- Sim. É claro. - Falei olhando ao redor.
- Não. Não está tudo bem. Mas se não quer me falar, tudo bem. - Disse ele me olhando. Bem... talvez eu devesse lhe contar. Só talvez... Não. Eu não posso.
Sorri para ele e falei.
- Não é nada, sério.
- Ok. - Disse ele me olhando. - Bem, nesse caso, quer entrar agora?
Olhei para o jardim e depois para ele.
- Não. - Falei rindo. - Que horas são? - Pedi olhando para ele. Afinal, eu tinha de ir ver o Sr. e a Sra. Hathaway as 11 horas.
- São quase 10:15. Então, quer dar uma volta pelo jardim antes de entrar? - Perguntou ele vindo até mim. Sorri e fiz que sim.
- Adoraria. - Falei.
Caminhamos pelo jardim por um tempo e perto das 11 voltamos para dentro.
- Onde eu devo ir ver os seus pais? - Perguntei para ele quando entramos. Ele me olhou e fez uma cara pensativa.
- Na biblioteca, acho. - Disse ele me puxando. - Vem, vou te levar lá.
Subimos a escada e caminhamos pelo corredor em silencio, quando chegamos a porta que dava para a biblioteca, Daniel me puxou para perto da parede e disse.
- Vem cá. Você tem uma coisa no seu cabelo... - Disse ele vindo para mais perto de mim e colocando a mão no meu cabelo. Ele estava muito perto, mesmo. Olhei para ele e fiquei parada sem saber o que fazer. Ele se aproximou mais, e eu jurei que ele ia me beijar, mas então uma voz surgiu do além e fez com que ele se afastasse.
- Uau. Mas você não perdeu tempo né maninho?
Suspirei aliviada por alguém ter aparecido. Mas fiquei séria no momento em que vi de quem era a voz. Séria não, vermelha. Como assim "mas você não perdeu tempo..."? Olhei para o chão no exato momento em que o relógio bateu 11 horas.
- Cala a boca Gabriel. - Ouvi Daniel dizer ríspido. - Aqui, olha. - Disse ele para mim, ignorando o irmão, ou tentando. Olhei para ele e vi que ele segurava uma folha, de roseiras, percebi. Como uma folha de roseiras foi parar no meu cabelo?
- Ah... obrigado. Por tirar pra mim. - Falei sorrindo.
- Disponha - Disse ele sorrindo para mim. - Bem, está na hora. - Disse ele abrindo a porta da biblioteca para mim, olhei para dentro e vi o Sr. e a Sra. Hathaway nos encarando.
- Lucy. - Disse a Sra. Hathaway sorrindo e vindo até nós.
- Oi. - Falei sorrindo e torcendo para que ela não percebesse o clima que tinha ficado entre nós.
- Entre - Disse ela abrindo mais a porta, e em seguida olhando para os garotos. - Meninos, até convidaria vocês para entrarem, mas acho que será melhor não haverem... distrações. - Disse ela fechando a porta atras de mim quando entrei.
- Sente-se. - Disse ela enquanto se sentava em uma das poltronas ao lado de seu marido.
Não sabia aonde me sentar então dei uma olhada ao redor e decidi me sentar na poltrona vermelha que estava de frente para a Sra. Hathaway.
- Então Lucy, o que achou da casa? E do seu quarto? Podemos mudar o que você quiser nele, é só pedir. - Disse ela me olhando.
- Ah. Eu gostei, muito. É lindo, o meu quarto é lindo. - Falei sorrindo. Eu realmente, gostei da casa, e do meu quarto. Se não fosse por alguns lugares muito coloridos, eu até diria que a casa era perfeita.
- Que bom. - Disse a Sra. Hathaway sorrindo. - Veja bem, eu e o Nick queríamos ter conversado mais com você ontem, mas você acabou dormindo no carro. - Continuou ela.
Hum, é eu lembrava disso. Senti meu rosto esquentar e olhei para baixo. O que eu deveria dizer agora?
- Eu... Ah, desculpem. Eu não pretendia dormir, na verdade eu nem sei o que me deu pra eu dormir tanto assim. - Falei depressa, a única coisa que eu sei, é que se a conversa continuar assim, logo logo vou descobrir quem me carregou para o quarto ontem. Vi o Sr. e a Sra. Hathaway se entre olharem e olhei para baixo. Vai saber no que eles estavam pensando né.
- Não se preocupe Lucy. A viajem era longa, eu mesma dormi uma parte. - Disse a Sra. Hathaway sorrindo. Não sei porque, mas não acreditei muito nisso.
- Ah...
- Lucy por que não nos conta um pouco sobre você? - Pediu o Sr. Hathaway. Meu Deus, ele falou comigo, acho que até arregalei os olhos um pouco.
O que eu devo falar?
- Hum... Bem, como vocês sabem eu morei a minha vida toda no orfanato, então, não aconteceu nada lá muito importante comigo até hoje. Mas, tem algo especifico que vocês queiram saber? Por que eu não sei o que falar...
Falei olhando para eles, e eu realmente não sabia o que falar, então perguntei. Eles me olharam curiosos e me surpreendi quando o Sr. Hathaway falou por primeiro. Eu até já tinha me acostumado a ouvir só a Sra. Hathaway, percebi.
- Você tem 16 anos, não é Lucy?
- Sim Sr. Hathaway. - Falei olhando para ele.
- Pode me chamar de Nick... ou de pai se quiser.
Uau. Pai, nossa. Essa foi rápida, eu to aqui a o que? Nem um dia, e já posso chama-lo de pai.
- Hãm... Ta. É, é claro. - Falei dando um sorriso.
- E a mim. Pode chamar de mamãe. - Disse a Sra. Hathaway. - Ou só de Cassandra. - Continuou ela, acho que deve ter sido por causa da careta que eu fiz. Não foi por mal, foi... involuntário. Juro.
Sorri, e comecei a olhar ao redor, preferia encarar as paredes cheias de livros do chão ao teto a encara-los agora. Foi ai que eu notei algo, o teto parecia... torto. Como se estivesse pendendo para um lado, arregalei os olhos ao pensar que talvez, ele pudesse cair bem em sima da nossa cabeça. Mas Cassandra me tirou dos meus devaneios me chamando.
- Lucy? Qual o problema?
Olhei para ela já entrando em pânico, aquele telhado ia cair sobre nós.
- O telhado! Ele... ele vai cair.
Ela parecia alarmada, olhou para mim séria e disse.
- Lucy... Não há nada de errado com o telhado.
- Claro que há, eu vi. Olha. - Falei apontando para o lugar aonde tinha visto o teto pender. Mas não tinha nada.

A Escolhida (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora