Comecei a rir. Ele não pode estar falando sério, uma bruxa, eu? Ou ele ta zoando, ou eu fui adotada por malucos, porque né, bruxas não existem. Olhei para eles e parei de rir ao ver que eles estavam completamente sérios.
- Vocês estão brincando né? Porque não é possível que vocês realmente acreditem que bruxas existam. Isso é história, ficção. - Falei os olhando.
- Então como você explica nós termos atravessado o país de carro em questão de, o que? 1 hora? Só precisamos esperar você dormir. - Falou Gabriel calmamente.
- Você é maluco. Nem conosco no carro estava! - Falei, ele riu.
- É, eu sei. Eu cheguei em casa bem antes de vocês. - Disse ele dando uma risada.
Olhei para Daniel esperando que ele começasse a rir e então dissesse "Eu to brincando, é óbvio que bruxas não existem", mas ele não o fez.
- E tem também o espelho que você quebrou quando recuperou sua memória sobre o que aconteceu na floresta. - Disse Suzanna me olhando.
- Você lembrou o que aconteceu lá? - Pediu Daniel me encarrando. Fiz que sim e fiquei o olhando enquanto ele se virava para Suzanna. - Porque você não nos contou? Teríamos poupado tempo, e se algo tivesse acontecido? - Disse ele parecendo zangado.
- Nem vem Dani! Ela nem mesmo acreditaria se eu tivesse contado a verdade, e, aposto que ela se esqueceu disso depois. - Falou ela me olhando.
- Verdade, me esqueci. Mas isso não importa. - Falei me jogando contra o banco do carro.
- E você não pode se esquecer que abriu um portal e veio para cá sozinha. Qual é Lucy! Isso você não pode negar. - Falou Suzanna me encarrando.
- Eu ainda nem entendi o que aconteceu! - Falei lhes mandando um olhar irritado. Qual o problema deles? Eu não vou acreditar nessa brincadeirinha estupida!
- Lucy, deixa de ser idiota. Você é uma bruxa e deu! Você faz coisas inexplicáveis, e não tem como explica-las não é? Então! - Falou Suzanna de repente. A olhei surpresa e a vi ficar vermelha, muito vermelha.
- Me-me des-desculpe Lucy, eu não queria dizer isso. - Disse ela começando a gaguejar. Os meninos se viraram para mim sem falas, acho que eles estavam esperando eu atacar Suzanna.
- Só vamos pra casa, ok? - Falei me atirando no banco e virando o rosto.
- Ok. - Disse Gabriel ligando o carro e começando a dirigir. - O portal é com você agora Daniel. - Disse ele baixinho. De certo para que eu não ouvisse, me virei para eles e fui para frente.
- Eu quero ver. - Falei para eles, Daniel me olhou e então se recostou no banco.
- Ok. - Disse ele sem me olhar. Então ele fechou os olhos e uma luz inundou meus olhos, os fechei.
- Pode abrir. - Ouvi alguém falar depois de um tempo. Abri os olhos devagar e me surpreendi ao ver que tanto o meu colar quanto o de Suzanna brilhavam. Olhei para os meninos e vi que neles, eram as mãos que estavam brilhando, seriam anéis? Aos poucos a luz foi diminuindo e então percebi que estávamos parados na frente de casa.
- Não acredito. - Falei saindo do carro. Olhei ao redor e passei a mão pelo cabelo. - Mas isso é impossível!
- Não para nós. - Disse Gabriel vindo até mim. - Acredita em nós agora? - Pediu ele dando uma risada. Não tem como eu continuar negando, percebi.
- Okay okay. Eu acredito. - Falei jogando as mãos para cima em sinal de rendição. Ele riu.
- Aleluia! - Disse ele rindo. - Vamos. - Disse ele me pegando pelo braço e me levando em direção a casa. Daniel se aproximou.
- Solta ela. - Falou ele me puxando para o lado e se parando entre mim e Gabriel.
- E se eu não quiser? - Disse ele se parando e encarrando Daniel. Os dois se pararam então, um de frente para o outro e ficaram se encarrando. Olhei para Suzanna que também os encarrava e lhe fiz sinal para que me seguisse, então saímos de la antes de eles começarem a brigar.
- Eles sempre são assim? - Pedi enquanto subíamos a escada.
- Não... quer dizer, sim. Mas antes eles quase não se viam, então não costumavam ter oportunidades de brigar. - Disse ela parecendo triste, parecendo não, ela estava triste. Fui até ela e a abracei, meu Deus, agora até já entrei nesse clima de abraço que tem aqui.
- Relaxa. Eles vão se resolver. Só não sei porque eles brigam tanto. - Falei a olhando. Ela começou a rir e me olhou.
- É meio óbvio não? Eles estão brigando por você. - Disse ela. Ficamos paradas nos encarando por uns instantes e então eu comecei a rir. Ela me olhou confusa.
- Perca de tempo. - Falei voltando a caminhar. - Porque eu ja tenho namorado.
- O QUE? - Ouvi alguém falar. Me virei e dei de cara com Daniel parado perto de nós na escada. Como eu não percebi ele chegando? Corei, mas que merda... por que essas coisas sempre acontecem comigo? Eu queria contar pra Suzanna, não pra ele. - Como assim você já tem namorado? É alguém da escola? No orfanato você não podia... - Continuou ele parecendo atônito.
- Não, não podia. Mas isso não significa que eu não conheci alguém. - Falei o encarrando, ele ficou pálido e eu cheguei a pensar que ele estava passando mal.
- Você esta bem? - Pedi indo até ele.
- Estou. - Disse ele começando a caminhar e passando por mim na escada. - Acho que vou dormir agora. Boa noite meninas. - Disse ele em seguida sumindo pelo corredor. Olhei para Suzanna sem falas. Ela me olhou e então passou por mim sem falar nada.
- Vem. - Disse ela me esperando. - Você vai me contar tudo entendeu? - Continuou ela dando um sorriso. - Deve ser tão empolgante. Eu nunca namorei sabe, por ser uma bruxa e tudo mais. Provavelmente me prometeriam em casamento pro primeiro bruxo que ousasse vir me pedir em namoro. - Disse ela revirando os olhos. - Tão chato isso!
Caminhamos pelo corredor e nos paramos em frente a uma porta onde pendia um pequeno colar na maçaneta.
A olhei, será o quarto dela? Agora que percebi que ainda não tinha estado em nenhum quarto além do meu.
- Esse é o meu quarto. - Disse ela abrindo a porta. - Você não podia vir aqui antes por que não sabia que eramos bruxos. Você podia se assustar e bla bla bla. - Disse ela dando de ombros. Entrei no quarto e vi que tinha muito... rosa. Eu esperava preto, não rosa pensei enquanto olhava ao redor. Me assustar com o que?
- Belo quarto... - Falei indo me sentar na cama. Ela começou a rir. - Que foi? - Pedi a olhando.
- Vem aqui. - Disse ela parando de rir. Me levantei e fui até ela. - Você estava esperando o que? Muito preto, um caldeirão, livros velhos? - Pediu ela rindo. Na verdade, estava.
- Claro que não. - Falei olhando ao redor. O quarto dela também era grande e espaçoso, com uma cama enorme e com muitas prateleiras nas paredes. Havia uma TV enorme, uma estante com livros e alguns bonecos, um armário gigante e muitos sapatos espalhados pelo chão.
- Eu não sabia qual usar. - Disse ela dando de ombros ao flagrar meu olhar. Então ela estendeu a mão e os sapatos começaram a voar pelo quarto em direção ao armário. Arregalei os olhos e fiquei olhando, agora sei como ela arrumou minhas roupas tão rápido aquela vez.
- Como você fez isso? - Pedi a encarrando quando a porta do armário se fechou e o quarto ficou limpo.
- É simples. Você estende a mão, pensa no que quer, se concentra e deixa a magia fluir. - Disse ela se jogando na cama. Fui até la e me joguei ao seu lado.
- Me ensina? - Pedi a olhando.
- Claro. - Respondeu ela. - Mas amanha. Hoje, você vai me contar sobre o seu namorado. - Disse ela dando um sorriso malicioso. Sorri também. Comecei lhe contando como conheci Jesse, contei como foi quando ele me pediu em namoro e lhe contei sobre a carta que havia recebido dele. No final, eu já estava com tanto sono que quase não conseguia mais manter os olhos abertos, então nos cobrimos e acabamos dormindo ali mesmo, juntas, como as irmas fazem.
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A Escolhida (Completo)
FantasíaApós 16 anos morando em um orfanato, Lucy se vê em frente a uma estranha família que parece querer adota-la. Ela não acha estranho o fato da família se vestir como se ainda estivesse no século passado, também não acha estranho eles quererem adotar...