Esperei todos pegarem no sono, inclusive Mary, e sai do quarto. Gabriel me esperava perto da porta de seu quarto, em um canto escuro do corredor.
- Trouxe o que eu pedi? - Sussurrei-lhe ao o encontrar, ele confirmou com a cabeça e saímos caminhando.
A casa estava escura e para não corrermos o risco de tropeçar em algo ou fazer barulho acendemos algumas velas e espalhamos pela casa. Se alguém acordar, estávamos planejando uma festa surpresa de despedida para Mary. Porque não contamos aos outros? Simples, barulho. Mary acordaria se ouvisse 6 pessoas andando pela casa e planejando coisas. E era uma surpresa nossa, então os outros não precisavam saber mesmo, pensei enquanto entravamos na biblioteca.
- Ok. Eu vou lá procurar as coisas, e você vigia. Se ver alguém, apague sua vela e volte para o quarto. - Lhe falei calmamente. O bom de sermos bruxos, é que até mesmo nossas velas são enfeitiçadas. Elas acendem quando quem as acendeu passa, e apagam quando já se foram.
- Ok. Mas toma cuidado. E se a Tiki te pegar lá dentro? O que você vai dizer? - Pediu-me ele, o olhei e sorri.
- Que eu não conseguia dormir, e fiquei com vontade de ir a biblioteca procurar algo legal para ler. - Falei calmamente, ele começou a rir.
- Você já fez isso antes não é? Por que não é possível você ser tão boa em inventar desculpas. - Disse ele.
- Você não faz ideia... - Pensei me lembrando das noites em que saia escondida para encontrar Jesse, parece que faz tanto tempo.
- Ah, eu sabia que você não tão inocente assim quanto meu irmão acha. - Disse ele, o encarrei e dei um sorriso.
- Fica quieto ai, em. Você também não é tudo isso que eu fiz você parecer para a Mary. - Falei, ele me encarrou sério.
- O que você me fez parecer para a Mary? Você jogou ela pra cima de mim mesmo em? - Disse ele começando a rir.
- É, eu não sei o que eu tinha na cabeça. - Falei rindo. - Se esconde e vigia. - Falei antes de entrar na parte bruxa da biblioteca e fechar a porta. Tiki, tomara que você esteja dormindo, pensei enquanto andava pela biblioteca. Entrei em um corredor mais afastado e estendi a vela que segurava a minha frente, haviam livros e mais livros. Novidade, isso é uma biblioteca pensei enquanto caminhava. Esbarrei em alguma coisa e me preparei para ouvir o barulho que acordaria a casa inteira mas por mais incrível que possa parecer, não ouve barulho algum. Olhei para o lado e estendi a vela, o lugar aonde eu tinha esbarrado estava intocado. Arrisquei puxar um dos livros de lá mas este não saiu do lugar.
- Mas que merda...? - Falei tentando puxar o livro, tentei puxar os que estavam ao seu lado mas eles também não saíram do lugar. Os puxei, empurrei, quase joguei a vela na prateleira por raiva de os livros não saírem, até que cansei.
- Desisto. - Falei me apoiando na prateleira. Olhei para cima e fiquei encarando o teto por um tempo, o que eu estou procurando aqui? Não sei se há algo aqui que possa ajudar Mary, mas talvez... só talvez haja algo, pensei enquanto fechava os olhos. Desejei encontrar algo que me ajudasse a manter Mary aqui. Qualquer pista que mostrasse que Mary e Gabriel não haviam mexido aqui, foi durante o silêncio que se seguiu que eu ouvi o som de livros caindo, ou sendo jogados melhor dizendo. Arregalei os olhos e olhei para trás, o som estava vindo daquela prateleira. Me lembrei de como a biblioteca se abria por dentro e encarrei a prateleira. É impossível haver mais uma porta aqui dentro, mas enfim, pensei antes de sussurrar.
- Abra. - E então ouve um click, e a prateleira foi para trás. Tão silenciosa quanto escondida, ninguém percebeu, e eu entrei. Ergui a vela a minha frente e me vi parada no meio de uma sala que parecia de pedra, velas e castiçais estavam espalhados pelas paredes e pelo chão. Olhei ao redor e apaguei a minha vela, aqui há luz suficiente para enxergar, pensei enquanto assoprava a vela. Comecei a caminhar pela sala e pude perceber que ela era grande, redonda, e assustadora. Dá para fazer uns rituais muito loucos aqui, pensei enquanto olhava para uns quadros estranhos na parede. Prestei mais atenção nas pinturas e percebi que todas eram de pessoas, homens, mulheres, famílias. Em um canto mais afastado estava um quadro dos Hathaway's. Me aproximei e sorri, dava para reconhece-los facilmente. Daniel não parecia ter mais de 10 anos na foto, ele olhava para o irmão mais velho com algo parecido com admiração nos olhos. Todos sorriam e não pude evitar de sorrir também. Eles são a família que eu sempre quis ter, e por um momento, desejei estar na pintura também.
- MAS QUE MERDA! - Ouvi alguém gritar, dei um pulo para trás e olhei assustada ao redor.
- Que merda digo eu. - Sussurrei olhando ao redor. Fiquei esperando ouvir algo novamente mas não ouve mais som algum. Comecei a caminhar pela sala e vi que havia um corredor em uma parte mais afastada, velas iluminavam as paredes e teias de aranha decoravam tudo do teto ao chão. O corredor dava para uma sala um pouco menor, em um canto afastado havia um pedestal e na frente dele uma sombra xingava palavrões que eu nunca havia ouvido antes. Então a sombra ficou em silencio por um segundo e depois começou a rir. Eu já ouvi essa risada antes... pensei enquanto encarava aquela sombra, que sem dúvidas, não era a Tiki. A risada ficou mais alta, mais assustadora e logo a sombra se virou na minha direção.
- Ola Lucy. - Ouvi a voz dizer, em minha mente eu reconhecia a voz, mas a maldade e algo mais me impediam de reconhece-la agora. A sombra começou a caminhar para a frente, incrível, a única parte do salão que não era iluminada era aonde essa... sombra se encontrava. - Sabe, - Ouvi-a dizer. - uma coisa que eu odeio nos bruxos, são essas velas. De que adianta eu poder enxergar no escuro se os outros não podem me ver? Veja bem, eu posso vê-la, mas você? Você não tem nem ideia de quem eu sou. - Disse a voz antes de começar a rir.
- Quem é você? - Pedi-lhe então assim que criei coragem e achei minha voz. - Mostre-se! - Falei logo em seguida.
- Ah Lucy, você não manda em mim. - Disse a voz antes de começar a rir novamente. - Mas eu tenho uma dúvida, Lucy. - Disse a voz vindo para perto da luz, vi que a silhueta era de uma mulher, mas que mulher?
- O que você quer? - Pedi-lhe então. - Que dúvida? Sobre o que? - Falei encarrando a sombra com raiva. - Cade a Tiki? - Pedi então.
- Ah, a Tiki está dormindo querida, ela nem sabe que você está aqui. Ela nem sabe que nós estamos aqui. - Disse ela rindo, nós? - Mas, e então Lucy, por que você não me ligou? - Pediu a voz finalmente indo para a luz, fiquei paralisada quando vi quem era.
- Jade? - Pedi dando um passo para trás. Não, não pode ser, pensei enquanto a encarrava. Ela começou a rir novamente.
- Surpresa! - Gritou ela vindo para mais perto de mim. - Por que o alarde? Todos a avisaram sobre mim, você que resolveu não ouvi-los. - Disse ela rindo. É, eu resolvi não ouvi-los.
............
Hey povo! Ao que parece a Jade não era exatamente aquele anjinho que nós pensávamos não é mesmo? Que pena, mas acho que está na hora de colocar as cartas na mesa, certo povo?
O livro está no fim (sim, ele está no fim, lamento) e chegou a hora de mostrarmos a verdadeira cara de alguns personagens.
Jade foi a primeira, mas ainda viram muitas revelações a seguir. E o final pode ser um tanto... inesperado.
Não vou mentir, haverão grandes noticias no último capitulo. Algumas boas, algumas ruins... algumas surpreendentes.
Se algo não sair como vocês esperavam, não me matem okay? KkkkBjs da Lua.
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A Escolhida (Completo)
FantasyApós 16 anos morando em um orfanato, Lucy se vê em frente a uma estranha família que parece querer adota-la. Ela não acha estranho o fato da família se vestir como se ainda estivesse no século passado, também não acha estranho eles quererem adotar...