Casa?

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Senti a luz do sol em meu rosto e me virei na cama, estava tão bom dormir que decidi tentar adormecer de novo, mas quando estava quase adormecendo me lembrei de algo. Eu não estava mais no orfanato. Me sentei na cama e comecei a olhar ao redor, tentando lembrar de como cheguei ali. A última coisa de que me lembrava era de ter adormecido no carro, então fiquei um tanto paranoica ao pensar que, provavelmente alguém me carregara até ali.
Me levantei e comecei a olhar ao redor, os móveis eram brancos e meio antigos. Na verdade o quarto todo era em tons de branco e rosa, a cama era de dossel, como a cama das princesas nos contos de fadas, pensei. Se eles tivessem me adotado 10 anos antes, eu pensaria que tinha virado uma espécie de Bela Adormecida, provavelmente. Você sabe, por causa da cama, do rosa, e de eu ter acordado do nada aqui.
Comecei a caminhar pelo quarto, abri as gavetas, o armário, dei voltas e voltas até que encontrei minha mala, sobre o banquinho da penteadeira. É, se esse for o meu quarto, eu vou ter uma penteadeira só pra mim. Abri a mala e comecei a tirar as coisas la de dentro, mas parei quando ouvi passos. Comecei a colocar tudo dentro da mala de novo e a fechei no exato momento em que abriram a porta.
- Ah, que bom que está acordada Lucy. - Disse a Sra. Hathaway vindo até mim. - Eu já estava vindo acordar você, para convida-la para ir tomar café da manha conosco... Mas talvez você prefira tomar um banho e se arrumar primeiro. - Disse ela sorrindo.
- Café da manha? Já... já amanheceu? - Perguntei confusa, eu não posso ter dormido o resto da tarde e ainda a noite toda. Se bem que, considerando que quando eu acordei tinha sol, isso não poderia ser de noite. Eu nunca dormi tanto assim, pensei. Ela me olhou séria e então deu um sorriso.
- Sim. Parece que você estava muito cansada ontem. Enfim, o café será daqui a 30 minutos. Vamos esperar por você, o banheiro fica bem ali. - Disse ela apontando para uma porta que eu ainda não tinha visto. Assenti com a cabeça e disse que em 30 minutos estaria pronta. Então ela saiu do quarto me deixando sozinha, fui até a porta que ela havia dito que dava para o banheiro e entrei. O banheiro era grande e espaçoso, em azul e branco todos os móveis faziam com que o espaço ficasse ainda maior. Vasculhei as gavetas e portinhas que haviam no banheiro até que encontrei as toalhas. Enchi a banheira de água e tomei um banho, haviam muitos potes com nomes estranhos em sima, do lado da banheira, imaginei que seriam alguns produtos para a pele ou algo do tipo. Não prestei atenção nos nomes e quando sai da banheira fui até a minha mala. A abri e procurei algo para vestir, o dia estava quente, então decidi usar aquele vestido verde que trouxe comigo. O vesti e depois fui para a penteadeira onde peguei uma das escovas de cabelo e comecei a me pentear. Só então eu notei que a rosa que eu pusera nos cabelos ontem havia sumido. Eu até a procuraria se não soubesse que já não estava mais com ela quando acordei.
Decidi deixar meus cabelos soltos hoje e como eu não tinha nada de maquiagem, só tentei me arrumar um pouco. Quando terminei, fiquei sentada em frente a penteadeira pensando em como seria a minha vida de agora em diante, até que ouvi baterem na porta.
Me levantei e abri a porta, Suzanna estava parada lá, ela me olhou e sorriu.
- Oi. - Disse ela vindo até mim e me dando um abraço. Será que toda a família é assim? Tipo, abraço pra cá, abraço pra lá. Por que eu não os conheço, então, eu sair abraçando eles não é algo que vá acontecer. Suzanna me soltou e me olhou de sima a baixo, literalmente. Meu vestido era justo na parte de sima e rodado na parte de baixo, de um verde escuro que pelo que Mary dizia, realçava os meus olhos. Já a sapatilha que eu usava era de um verde um pouco mais claro e delicado.
- Você está linda. - Disse ela ainda me olhando. - Está tarde vamos fazer compras, você sabe, suas roupas novas, acessórios, sapatos e etc. Vamos poder abusar dos vestidos, pelo visto. - Disse ela me puxando para fora do quarto e fechando a porta. - A propósito, sou Suzanna, mas pode me chamar de Suze. Minha mãe me pediu para vir busca-la para o café. Que a propósito, já esta na mesa. Vamos!
Dito isso ela me puxou por um corredor que dava para uma grande escada. O corredor era pintado de uma cor clara, parecido com braco, e tinha alguns quadros pendurados nas paredes (quadros muito esquisitos alias). Haviam outras 3 portas além da do meu quarto naquela parte do corredor, todas elas diferentes. Uma delas tinha um colar estranho pendurado na fechadura, outra tinha as bordas pintadas de vermelho. Havia uma que era amarela com detalhes roxos, decidi não perguntar nada sobre isso e só segui Suzanna enquanto ela caminhava. Chegamos a escada e ela me soltou para que pudéssemos descê-la mais devagar, afinal, era uma escada enorme. Cair daqui de sima pode ferrar alguém, pensei enquanto descia apoiada no corrimão (sim, eu me apoiei no corrimão). Ela era de uma cor clara com detalhes vermelhos, será que alguma parte da casa vai ser... normal? Ou simplesmente, não colorida ou algo do tipo. Por que, até agora, o negócio ta colorido demais, deve ser por que o orfanato era praticamente, todo em cores sóbrias que eu to estranhando tanto.
Quando finalmente terminamos de descer a escada, chegamos a sala, e acredite se quiser, mas ela era branca com detalhes vermelhos também. As cortinas, as poltronas, as molduras das fotos e quadros, tudo era vermelho. Olhei ao redor e fiquei contente em ver uma enorme lareira no canto da sala. Talvez, eu pudesse ir até lá durante a noite, pensei. Seria um bom lugar para ler.
- Eu te mostro a casa depois. Mas é que eu realmente estou com fome agora. - Disse ela indo para uma porta que havia na lateral da sala.
Acenei um sim e continuei andando. Foi quando passamos pela porta que eu senti o cheiro mais maravilhoso do mundo. O cheiro da comida! Foi ai que eu percebi que na verdade também estava com fome, com muita fome. A sala de jantar era enorme, como o resto da casa. Só que ao invés de branco e vermelho, o que eu vi foi só o branco. Em todo canto. Meu Deus, pensei enquanto olhava ao redor, a sala já era grande, mas com todo esse branco, ficava ainda maior.
O Sr. e a Sra. Hathaway estavam sentados na mesa, Daniel estava em pé do lado do pai, conversando baixinho e Gabriel, bem, ele só não estava lá. Quando me viram, todos eles se calaram e sorriram para mim. Suzanna foi se sentar e eu fiquei lá parada. Ela me olhou curiosa e então falou.
- Você não vem? Sabe, não precisa de cerimonia nenhuma aqui. Você só vem, senta e come. Depois conversamos.
- Suze. - Ouvi Daniel falar mandando um olhar sério para a irmã. Ele parecia meio bravo então decidi me manifestar antes eles começarem a falar de novo.
- Hum... Eu, ah... Oi. - Falei ainda parada na frente da porta. Ótimo, primeiro dia em que você esta com eles, e já ta dando uma de idiota, pensei. Sorri nervosa e comecei a olhar ao redor, ocupe a mente, que vai dar tudo certo.
- Oi. - Disse Daniel sorrindo. O Sr. e a Sra. Hathaway disseram um Bom Dia e então me chamaram para a mesa. Eu não sabia aonde sentar, então caminhei até a mesa e puxei uma cadeira do lado da em que Suzanna estava sentada. Vi Daniel vindo até onde nós estávamos e puxar uma cadeira a meu lado. Ficamos em silencio comendo, e quando terminei, fiquei sentada à mesa esperando que os outros terminassem.
- Daniel, quem sabe você não mostra a casa para Lucy? - Disse a Sra. Hathaway ao terminar, virando-se para mim ela continuou. - Podemos nos reunir para conversar mais tarde, lá pelas 11 horas, sim?
- Ah, claro. - Falei. Vi Suzanna se mexer na cadeira ao meu lado e se levantar.
- Bem, se o Daniel vai mostrar a casa pra você, eu vou atras do Gabi. Até mais. - Dito isso ela me deu um abraço e saiu da sala de jantar.
- Bem... - Disse Daniel - Por onde você quer começar? - pediu ele se levantando e me estendendo a mão. A peguei e me levantei também.
- Não sei. - Falei, lembrando-me de quando fui eu que fiz essa pergunta para ele no orfanato.
- Ok. - disse ele sorrindo. - Vamos começar pelo primeiro andar, depois vamos pro resto.
Nossa, até imagino o que "resto" quer dizer, e acredite, "resto" não é a palavra que eu usaria para descrever. Segui Daniel pela casa, e quando terminamos já eram quase 10 horas. Estava cansada de ficar caminhando pra lá e pra cá, então pensei em voltar para o quarto e me jogar na cama.
- Hum... Agora que terminamos, acho que eu vou voltar para o quarto. - Falei indo em direção ao meu quarto (é, aquele era mesmo o meu quarto). Mas parei de caminhar quando uma mão segurou o meu pulso. Olhei para trás e encarei Daniel, o que ele queria agora? Ele já tinha me mostrado a casa.
- Que foi? - perguntei ainda olhando para ele.
- Ainda não terminamos. - disse ele - Deixei o melhor para o final. - Falou ele me puxando. - Vem!
O segui, afinal, o que mais poderia fazer? Fomos até a cozinha, no primeiro andar e ele abriu a porta. Então o melhor estava lá fora, pensei. Isso parece bom.
Fomos para fora, e não acreditei no que vi. Estávamos parados em frente ao jardim mais lindo que eu já havia visto na vida.

A Escolhida (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora