História sem Título

UMA FESTA DIVINA

Aquela foi a primeira , à que o poeta esteve presente, das muitas festas que aconteceram naquele apartamento a beira mar de Boa Viagem,
Naquela época, início dos anos 70 do hoje já completamente esquecido século XX, ele era um rapaz que, apesar de inteligente , não passava de um tolo ignorante que se
empanturrava de álcool e da metafísica monumental, e carnavalesca, das obras de Kant e Jung, baseadas no conceito das idéias inatas copiado do platonismo, que era servida no salão escandalosamente acompanhada de sexo pago.

Para ser iniciado nos mistérios da divindade desconhecida, o clubista tinha que responder a seguinte pergunta : existem idéias inatas?

Quando foi feita a pergunta ao poeta ele já havia bebido três dose de
whisky e tinha uma holandesa ruiva,
seminua, sentada em seu colo. A sua
resposta foi: se não existem deveriam
existir.

A sua resposta foi ouvida e anotada. Agora ele já podia fazer parte daquele círculo fechado de patusqueiros *que pretendiam ser poetas.

O círculo tinha uma justificativa poética, bolada pelos seus fundadores, para existir, eles teriam sido convidados pela deusa do submundo para espionarem o mundo exterior para ela. Para dramatizar um pouco mais essa fantasia poética, eles puseram em dúvida a verdadeira  intenção da deusa, admitindo que o motivo verdadeiro da deusa era o de ficar de olho em seu marido, o deus Pluto, que à estava traindo com tudo quanto era mulher na superfície da terra. Para pagar pelo trabalho Perséfone dava a cada poeta uma escrava, mas com uma condição, a de deixarem a escrava sempre casta, senão teriam que pagar o preço pedido por ela para terem relações sexuais com a escrava.

O poeta  não resistindo ao desejo, estrupa a escrava e teve que ouvir o preço que teria de pagar. A deusa pediu a imagem do poeta como pagamento.
O poeta deu um retrato seu como pagamento mas a deusa não aceitou.

*patusqueiros vem de patuscada, reunião festiva para comer e beber.