ALMA POR ALMA

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Parabéns Corinha! O seu futuro e de Eme está garantido. Espero um dia poder conhecer o marquês.

Papi já me disse isso!

Ela tem razão. As vezes eu me repito sem necessidade. Apenas me repito.

Lembro que o dinheiro estava em uma valise que me foi confiada pelo Clube. Tudo o que eu tinha que fazer era levar a valise até um hotel onde um turista clubista, vindo da Europa, se hospedava, e entregá-la em suas mãos. No meio do caminho mudei de ideia e guardei a valise comigo, depois disse que fui assaltado e o Clube aceitou a minha palavra.

Sei agora que estava indignado com o Clube por ter roubado minha alma. Alguém tinha que roubar a alma do Clube. Esse alguém bem que podia ser eu. A alma do Clube é o dinheiro, então roubei a alma do Clube.

Mais uma vez o meu raciocínio estava errado. A alma do Clube não é o dinheiro. A minha alma é que é o dinheiro. A alma do Clube é o poder, e a esse tipo de alma eu não posso roubar.

Então, ficando com a valise, eu só estava recuperando a minha alma e a consciência disso, de que minha alma é o dinheiro e não o poder, é a razão da minha vergonha.

Só agora pude compreender que o que eu estive fazendo todos esses anos, aqueles que poderiam ter sido os melhores da minha vida, os anos da minha mocidade, e que eu desperdice-i tolamente , escrevendo pilhas e mais pilhas de papel; foi uma tentativa inútil de mudar a natureza da minha alma.

Isto que escrevi acima era aquilo que eu era à trinta e três anos atrás e não o que sou hoje. Naquela época eu era inocente e pensava coisas inocentes como as que estão escritas ali. Minha alma é o dinheiro... A alma do clube é o poder... Mas quanta inocência!
Por pouco não voltei a ser inocente ao regredir tão fundo ao passado da minha psique. Não quero minha inocência perdida de volta. Se é isso o que vou recuperar se recuperar minha alma, não quero minha alma, não quero!

QUERO O VAZIO E O NADA

Esse poderia ser o capítulo final do livro se a mensagem da mãe de Cora não fosse verdadeira. Agora não estou somente escrevendo sobre mim. Outros personagens passam à ocupar a minha atenção.

Quem é o Marquês Carlo Iri di Menenia , um produto da imaginação e inocência de Cora como pensei de
início, ou uma das imagens de Pluto (o deus Hades grego, ou será Hefesto ? ) o "carcereiro" que aprisionou  Juno em um trono de ouro e prendeu Vênus , sua irmã esposa e Marte em uma rede invisível?

As imagens dos estereótipos estão todas misturadas em minha cabeça. Já não distingo uma da outra. Quem é Pluto? Quem é Vulcano? Quando termina uma imagem e começa outra?

Estou me deixando levar pela minha imaginação fantasiosa, tenho que parar com essa infantilidade, tenho que tirar essa  minha alma inocente de dentro de mim e mantê-la bem trancada dentro desse armário de aço.

História sem Título Where stories live. Discover now