Nathan
Estendi minha mão tocando a pele fria dela, que sobressaltou-se enquanto fitava a estrada pela janela do carro.
- Você está estranha desde que recebeu aquela ligação. O que aconteceu? - insisti e ela me lançou um sorriso fraco.
- É impressão sua, Nathan. Só estou cansada. - murmurou voltando a encarar a rua.
Desde que o Peter ligou, ela ficou distante e pensativa. Pensei que depois de uma noite de sono ela acordaria melhor. Me enganei. Estava de pé logo cedo e pronta pra voltar para Los Angeles. Parecia sofrer de um mau-humor matinal terrível, e tentei dar espaço para ela, afim de que ela se sentisse melhor. Também não aconteceu. Mal me dirigiu a palavra e se afastava toda vez que tentava tocá-la.
Dei um suspiro cansado. Vasculhando meus pensamentos tentando achar o que eu possa ter dito de errado. Não lembrei de nada.
Isso era coisa do Peter, eu tinha certeza.
Ele deve ter enchido a cabeça dela na tentativa de fazê-la ficar com ele.Filho da mãe.
Dessa vez eu não iria economizar nos socos.
Ficamos em um silêncio sepulcral até chegar no apartamento dela. Desci para ajuda-la com a mala e ela recusou.
- Não, não precisa. Obrigada.
- Quer que eu te espere para irmos pro FBI?
- Não. Ainda vou tomar um banho... Pode ir na frente. - chamou o elevador.
- Victoria...
- Tchau, Nathan. - me deu um selinho e entrou rápido no elevador.
Fiquei parado e confuso, encarando o hall vazio e o porteiro me olhou, compreensivo.
- Pisou na bola camarada? Fica assim não. Ela vai te perdoar.
Sorri.
- O pior é que eu não sei onde pisei. - murmurei batendo em seu ombro, voltando para o carro.
Dei uma última olhada no prédio e sai dali.
Precisava da minha casa. De um banho...
Meu apartamento estava uma bagunça. Esqueci de chamar a diarista mais uma vez.
Apanhei algumas toalhas que esqueci em cima do sofá e o controle remoto do chão.
Entrei no banheiro, ligando a ducha de água fria e deixando que ela me acalmasse.
Pensei em Vic...
Eu preciso descobrir o porquê dessa frieza repentina.
Eu não queria voltar ao início onde nos odiávamos e trocávamos patadas todos os dias.Lembro de quando a vi, entrando atrasada naquela sala, com seu narizinho empinado e um ar de superioridade, eu pensei: " bonitinha mas arrogante".
Alguns dias depois, percebi o quão bem ela fazia seu trabalho. E a " bonitinha arrogante" começou a se tornar a " bela competente ".
E só bastou mais três meses trabalhando juntos, com ela aguentando minhas grosserias com a maior paciência, para eu perceber que estava sendo muito idiota com ela.
E quando a vi com o Peter e a ameaça de um possível romance nascer ali, eu percebi o quanto eu estava fascinado por ela.
E pela primeira vez na vida, outra mulher me pareceu ser tão importante quanto a minha mãe foi para mim.
Depois disso eu aliviei um pouco mais, tratando-a gentilmente. E me senti tranquilo em relação a sua vontade de pegar as Irmãs White. Eu faria o que pudesse para isso não acontecer. Porque agora seriam duas pessoas importantes para mim que poderiam se machucar...Terminei de me vestir e corri apressado, pegando minhas chaves. Em menos de meia hora já estava no prédio do FBI, e nem sinal dela.
Esperei impaciente por duas longas horas. Andando de um lado para o outro, analisando os papeis do laboratório forense que Camille me mostrava. Cogitei ligar para ela nesse meio tempo, mas desisti. Eu ainda não me sentia nesse direito.
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Jogo Duplo
RomanceVictoria Carter trabalha para o FBI e é considerada uma das melhores agentes criminais do departamento federal. Há anos ela tenta impedir as ações do crime organizado e suas máfias. Apesar da pouca idade tem uma enorme competência. Até que um novo p...