Capitulo Dez

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Nathan

Estendi minha mão tocando a pele fria dela, que sobressaltou-se enquanto fitava a estrada pela janela do carro.

- Você está estranha desde que recebeu aquela ligação. O que aconteceu? - insisti e ela me lançou um sorriso fraco.

- É impressão sua, Nathan. Só estou cansada. - murmurou voltando a encarar a rua.

Desde que o Peter ligou, ela ficou distante e pensativa. Pensei que depois de uma noite de sono ela acordaria melhor. Me enganei. Estava de pé logo cedo e pronta pra voltar para Los Angeles. Parecia sofrer de um mau-humor matinal terrível, e tentei dar espaço para ela, afim de que ela se sentisse melhor. Também não aconteceu. Mal me dirigiu a palavra e se afastava toda vez que tentava tocá-la.
Dei um suspiro cansado. Vasculhando meus pensamentos tentando achar o que eu possa ter dito de errado. Não lembrei de nada.
Isso era coisa do Peter, eu tinha certeza.
Ele deve ter enchido a cabeça dela na tentativa de fazê-la ficar com ele.

Filho da mãe.

Dessa vez eu não iria economizar nos socos.

Ficamos em um silêncio sepulcral até chegar no apartamento dela. Desci para ajuda-la com a mala e ela recusou.

- Não, não precisa. Obrigada.

- Quer que eu te espere para irmos pro FBI?

- Não. Ainda vou tomar um banho... Pode ir na frente. - chamou o elevador.

- Victoria...

- Tchau, Nathan. - me deu um selinho e entrou rápido no elevador.

Fiquei parado e confuso, encarando o hall vazio e o porteiro me olhou, compreensivo.

- Pisou na bola camarada? Fica assim não. Ela vai te perdoar.

Sorri.

- O pior é que eu não sei onde pisei. - murmurei batendo em seu ombro, voltando para o carro.

Dei uma última olhada no prédio e sai dali.

Precisava da minha casa. De um banho...


Meu apartamento estava uma bagunça. Esqueci de chamar a diarista mais uma vez.
Apanhei algumas toalhas que esqueci em cima do sofá e o controle remoto do chão.
Entrei no banheiro, ligando a ducha de água fria e deixando que ela me acalmasse.
Pensei em Vic...
Eu preciso descobrir o porquê dessa frieza repentina.
Eu não queria voltar ao início onde nos odiávamos e trocávamos patadas todos os dias.

Lembro de quando a vi, entrando atrasada naquela sala, com seu narizinho empinado e um ar de superioridade, eu pensei: " bonitinha mas arrogante".
Alguns dias depois, percebi o quão bem ela fazia seu trabalho. E a " bonitinha arrogante" começou a se tornar a " bela competente ".
E só bastou mais três meses trabalhando juntos, com ela aguentando minhas grosserias com a maior paciência, para eu perceber que estava sendo muito idiota com ela.
E quando a vi com o Peter e a ameaça de um possível romance nascer ali, eu percebi o quanto eu estava fascinado por ela.
E pela primeira vez na vida, outra mulher me pareceu ser tão importante quanto a minha mãe foi para mim.
Depois disso eu aliviei um pouco mais, tratando-a gentilmente. E me senti tranquilo em relação a sua vontade de pegar as Irmãs White. Eu faria o que pudesse para isso não acontecer. Porque agora seriam duas pessoas importantes para mim que poderiam se machucar...

Terminei de me vestir e corri apressado, pegando minhas chaves. Em menos de meia hora já estava no prédio do FBI, e nem sinal dela.

Esperei impaciente por duas longas horas. Andando de um lado para o outro, analisando os papeis do laboratório forense que Camille me mostrava. Cogitei ligar para ela nesse meio tempo, mas desisti. Eu ainda não me sentia nesse direito.

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