Capitulo Vinte e Nove

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Victoria


Engoli em seco quando ele deu dois passos para frente. Senti uma tontura e agarrei a borda da escrivaninha, tentando me firmar.
Percebi ele sair da penumbra e estender a mão em minha direção. Me esquivei sem realmente enxergar direito, devido ao pânico que ameaçava me dominar e ouvi sua voz soar cautelosa.

- Shh... Calma. Não vou te machucar.

Parei, voltando a focar minha visão nele e algo em sua voz me fez acreditar em suas palavras.
Tyler Blake estava parado no meio do meu quarto. Encharcado e encarando fixamente minha barriga com um brilho estranho nos olhos.
Tentei fazer meus batimentos cardíacos voltarem ao normal e com um longo e profundo suspiro consegui murmurar:

- Você me assustou.

Ele riu.

O mesmo sorriso cafajeste do irmão.

- Me desculpa. Não esperava te encontrar... Nessas condições. - apontou minha barriga. - O Nathan já sabe?

Assenti. Ele suspirou encarando os próprios pés.

- Como você sabe que...

- Que você mora aqui? - ampliou o sorriso. - Ah, eu meio que andei te vigiando nos últimos meses. - declarou como se fosse a coisa mais normal do mundo. - Não te seguindo, é claro. Só seguindo outras pessoas que me levariam até você.

Revirei os olhos.

- O que você quer?

- Além de uma toalha para me aquecer? E quem sabe um pouco daquela sopa... - colocou o dedo no queixo, fingindo pensar.

- Você não terá nada enquanto não começar a falar. - cruzei os braços.

- Hmm, durona hein! Nem parece mais a mesma que quase desmaiou ao me ver. - soltou uma risada engraçada. Parecia um porco.

- Aquilo, foi porque você me pegou desprevenida. - sibilei com irritação, o que pareceu diverti-lo ainda mais.

- Sei, sei. - debochou.

- Fala logo o que você quer.

- Dá um " Oi " para meu sobrinho, talvez?

Bufei.

- Sobrinha.

- O quê? - me fitou confuso.

- É uma menina. - disse e percebi seu olhar vagar meio perdido por alguns minutos.

- Uma menina... - repetiu encarando de novo minha barriga como se fosse transparente.

Sorriu e duas covinhas apareceram em suas bochechas, fazendo sua aparência de brutamontes se tornar um pouco mais fofa.

- Fala logo o que você quer, Tyler! - comecei a me irritar.

Ele pareceu sair do transe e soltou um resmungo apontando para sua roupa molhada.
Virei, indo até o armário e pegando uma toalha e jogando em sua direção. Ele a agarrou no ar e riu satisfeito.

- Eu preciso da sua ajuda. - falou sério, enquanto se secava.

- Sem chances. Não vou fazer nada para você. Como se atreve a...

- Não é isso. - me olhou agoniado.

- E o que é então?

Fechou os olhos, parecendo atordoado.

- Preciso da sua ajuda para tirar o Nathan da cadeia.

O fitei surpresa.

- Como... Você quer... Quer inocentar o Nathan? - meu coração voltou a bater rápido demais.

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