Capitulo Vinte e Seis

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                  Nathan


A única coisa que eu fazia desde que cheguei aqui há três malditos dias era encarar as paredes.

Já conhecia cada rachadura nelas. Cada infiltração no teto antigo. Até o barulho do cano vazando na sala de cima já se tornou familiar.
Eu nem mesmo pude ver a Victoria antes deles me trancafiarem aqui. Nem de longe. A saudade que eu sentia dela estava me matando. Eu precisava conversar com ela.

Soltei um longo suspiro, jogando minha cabeça contra a parede e me deixando descansar ali.
Som de passos me deixaram em alerta e contei-os mentalmente até ouvi-los parar bem em frente a minha cela. Abri os olhos no minuto seguinte e Vic estava ali. Parada, me olhando com os olhos brilhantes de lágrimas.

Seria mais um sonho? Uma alucinação da minha mente saudosa?

Pisquei repetidas vezes e ela continuava ali.

- Vic? - minha voz soou estranha. Não tenho certeza se ela havia escutado.

Percebi um pequeno sorriso triste despontar nos seus lábios e sua voz macia preencher meus ouvidos.

- Oi. - murmurou rouca.

Imediatamente fui atraído para mais perto dela. Só as grades entre nós. Seus dedos seguraram as barras de aço frias e ela me olhava com carinho. Toquei suas mãos timidamente e ela enrolou seus dedos nos meus, fazendo meu coração bater mais rápido. Eu podia sentir sua pulsação na ponta dos dedos.

- Vic... Como você está? - indaguei suavemente.

- Péssima... - engoliu com dificuldade e desviou o olhar.

Dei um aperto firme em seus dedos fazendo ela me olhar outra vez.

- Sinto muito...

Ela negou, piscando rápido para afugentar as lágrimas.

- Não é apenas sua culpa.

- Ainda assim eu tenho.

Puxou sua mão para secar uma lágrima que escapou. Voltou a me fitar com atenção, franzindo o cenho em seguida tocou o meu queixo com cuidado.

- Você se machucou.

- Não foi nada. - tentei soar despreocupado, lembrando na mesma hora do desgraçado do Jones e que eu tinha algo muito importante para saber dela.

Retirei sua mão com cuidado e ela desconfiou de que alguma coisa estava errada.

- Tem algo para me contar? - perguntei me corroendo por dentro para saber a verdade sobre o Jones e ela.

Apesar de duvidar que a história da Ária fosse verdade, eu precisava ouvir da sua boca e só assim tiraria esse peso do peito.

Ela revirou os olhos, bufando irritada. Uma atitude típica dela e que quase me fez rir se o meu nervosismo não fosse tão grande.
O ciúme me rasgava por dentro e meu medo de ouvi-la confirmar a história me gelava a alma.

- Está falando do Eric e daquela história sórdida que sua amiguinha inventou? - foi sarcástica.

- Ela não é minha amiga. E ela me mostrou as fotos.

- Que fotos, Nathan? - falou exasperada.

- Você e o Jones. Pra cima e pra baixo, cheios de sorrisinhos. - falei meu olhar fixo nela.

Ela balançou a cabeça, sorrindo nervosamente e inspirando lentamente. Estava se segurando para não explodir.

- Alguém já falou pra você que fotos mentem? Por Deus, Nathan, eu não vim aqui pra brigar com você.

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