Capitulo Vinte e Oito

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                   Victoria


Meus dias em Seattle estavam sendo perfeitos.

A sensação de voltar pra casa e ter o carinho dos meus pais era indescritível.
Acho que até ganhei alguns quilinhos. Isso me preocupava um pouco.

Eu ainda pensava em Nathan com frequência. Mas já não chorava o dia inteiro por isso. Só as vezes... Quando sentia o bebê chutar e sorria feito boba, imaginando que ele gostaria de sentir isso também.
Falava com Megan todos os dias e ela me disse que ele seria julgado no próximo mês. E eu morria de medo.
Eric ainda não foi pego e não havia nem sinal do seu possível paradeiro. E John estava esgotado.
E eu também...

Ouvi a chuva tamborilar na minha janela e abri os olhos ainda sonolenta. Encarei o relógio ao lado da cama e resmunguei preguiçosa, constatando que estava quase na hora da minha consulta e a qualquer momento Violet iria invadir meu quarto para me lembrar disso.
Prendi os cabelos num coque e encarei a barriga redonda que saia pra fora da minha blusa de dormir. Era engraçado.
Minhas roupas começavam a ficar apertadas e eu já tinha comprado quase um guarda-roupa inteiro de coisas novas.
Não comprei muita coisa para o bebê. Decidi esperar um pouco mais. Esperar pelo pai dele talvez...

- Vic? Está acordada? - minha mãe colocou a cabeça na porta do quarto.

- Estou. Só preciso de um banho. - murmurei esfregando os olhos.

- Tudo bem então. Não demore! Você tem consulta hoje. - fechou a porta e ouvi seus passos se afastando.

Encarei o despertador ao lado.
Pra quê eu precisava dele quando tinha Violet?
Bufei, entrando no banheiro em seguida.

...

Ela penteava meus cabelos, puxando-os num rabo-de-cavalo, enquanto eu beliscava uma torrada com géleia, sentada no sofá.
Ouvi ela resmungar alguma coisa sobre eu ter cortado o cabelo e acho que cochilei um pouco.
Despertei com um beijo de Tom em minha testa e sua mão afagando minha barriga, como ele sempre fazia todas as manhãs.

- Dormindo sentada? - riu sentando ao meu lado e tomando minha torrada, dando uma mordida.

- Pai! Eu sou uma mulher grávida! - reclamei por ter minha torrada roubada.

- Estou vendo. - apontou minha barriga.

Saiu minutos depois, dando um beijo em Violet e deixando outra torrada em minha mão. Com outra mordida. Esse era meu pai. Tom Carter. Provocador de primeira.

O dia estava chuvoso e frio. Depois de me agasalhar com quase todos os casacos do meu armário, saímos em direção ao Hospital de Port Angeles, com minha mãe na direção.
Ela insistiu que o obstetra de lá era melhor que o de Seattle. E eu não posso opinar do que não entendo. Deixei ela me arrastar pra onde achasse melhor.
Ela dirigia péssimo. E me pareceu que se eu tivesse ido sobre uma tartaruga teria chegado mais rápido.

Port Angeles não estava tão chuvosa quanto Seattle, mas ainda assim o sol não apareceu. Nuvens gordas e cinzas ameaçavam derramar uma tempestade a qualquer momento.

Fui recebida pelo doutor Louis e ele me examinou com cuidado. Me garantiu que tudo ia bem e minha mãe pediu para saber o sexo do bebê.

Eu não queria...

Queria descobrir junto com o Nathan. Mas o tempo estava passando e logo mais eu entraria no final da gestação. Eu já estava de seis meses e não demoraria muito e meu bebê já estaria em meus braços.
Olhei apreensiva para Violet e decidi que não ia tirar isso dela. Ela estava tão animada. Também tinha o direito de compartilhar esse momento comigo.
Balancei a cabeça, confirmando e respirando fundo e o doutor Louis deslizou o gel gelado sobre minha redonda barriga.
Segundos depois de ouvir seu coraçãozinho batendo frenético e encarar manchas aleatórias que ele apontava na tela, sua voz saiu animada ao dizer:

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