Capitulo Trinta

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Nathan


Droga de dias que demoravam a passar.
Droga de dias que passavam rápido demais...
Não conseguia pensar em outra coisa que não fosse ela.
O corpo dela. O cheiro dela. O meu filho nela...
Argh!
Victoria...
Eu estava pirando aqui dentro.

Não aguento mais essa reclusão. Esse sofrimento em não saber como andam as coisas. Como ela está. Se está se cuidando direito. Se ainda me quer ao seu lado...

Mais uma vez eu fiz tudo mecanicamente.
Tomar banho. Tentar comer alguma coisa. Voltar para o cubículo sufocante, onde vinha sendo meu limitado mundo nos últimos meses.
Tudo tão repetitivo, chato, agonizante.
A única coisa que me trazia a consciência por alguns instantes era a água gelada, caindo do chuveiro sobre mim. Fechei os olhos e tudo começou a ganhar forma ao meu redor.
Paredes frias.
Água fria.
Corpo frio.

Soltei um suspiro lentamente e esfreguei o rosto, cansado.
E esse maldito julgamento que não chegava logo?

Terminei o banho e voltei mais vazio que da última vez para a cela também fria.
Toquei o rosto sentindo a barba crescida. Tinha desistido de fazê-la logo depois que percebi que não iria sair daqui tão cedo.
Uma batida me despertou e encarei o guarda parado à minha frente.

- Nathan Blake? Me acompanhe por favor. - pediu girando a chave na fechadura e esperando eu passar pela porta que ele segurava aberta.

O fitei em confusão. Para onde eu iria? Será que anteciparam o julgamento?
Da última vez que me chamaram foi para avisar que ele aconteceria em um mês. Já estávamos perto, mais duas semanas e eu estaria lá. Aceitando uma condenação que me doeria até na alma. Porque eu sabia que não havia como escapar. Já estava tudo decidido desde o momento que Ária me acusou.

Vadia desgraçada!

- Blake? - o guarda repetiu irritado e eu levantei.

- Para onde vamos? - indaguei ouvindo minha voz desanimada e rachada, como se falar fosse uma coisa nova para mim.

Acompanhei seus passos apressados pelos corredores e depois de alguns segundos ele respondeu:

- Para a sala do diretor.

Foi tudo o que disse. E eu não insisti em sondar mais explicações sobre o que aconteceria porque, depois de caminhar por três longos corredores, e subir até o andar de cima pelo elevador de carga, eu já estava cara a cara com o diretor da Segurança Nacional.
Ele fez um gesto, apontando a cadeira que eu deveria me sentar e obedeci. Ainda tenso demais para respirar normalmente.
Observei com atenção seus dedos passearem sobre alguns papeis que descansavam em sua mesa e seu olhar cravar em mim com atenção.

- Blake... Poderia assinar esses papeis por favor? - empurrou os papeis amarelados em minha direção e me estendeu a caneta.

- Posso... Saber do que se trata, antes de... Assinar? - perguntei nervoso.

- Mas é claro, Blake. Se trata da sua liberação deste lugar.

Levantei o olhar imediatamente para ele.

- O quê? - exclamei assustado.

Ao contrário do diretor, que me olhava tranquilo demais. Aliás, ele era tranquilo demais para um homem que lida com os piores criminosos. Talvez fosse o certo. Ele não seria tão importante se fosse uma cópia descontrolada de Hitler. Aprendi que os homens mais temíveis são os silenciosos e o diretor era um desses homens. Ele era do tipo " prefiro ser temido do que ser amado ". Mas ele tinha um bom olho para enxergar uma pessoa má de verdade. Ele nunca condenava em vão. E eu confiava que ele enxergasse meu lado bom há tempo.

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