Capítulo 14

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Não sei que horas eram, mas quando abri meus olhos, tinha uma mulher parada ao lado do sofá nos olhando. Ela devia ter um cinquenta e poucos anos, Maria, meu subconsciente me avisou, ela sorria ternamente, me fazendo sinal de silencio e logo me chamando para acompanha-la. Olhei para meu corpo, graças a Deus, me vesti depois da demonstração de Readen, levantei e minhas pernas ficaram bambas, lembrei-me do que James disse na noite passada, rindo. Cautelosamente caminho para fora atrás de Maria. Ela me esperava perto da piscina onde havia uma mesa com cadeiras de metal pintadas em branco. Vi sob esta um conjunto de chá de porcelana, quando me aproximei, ela me passou um roupão:
_ Você deve ser Alice.
_ E você a Maria._ lhe estendo a mão e esta me puxa para um abraço, tirando um cheetos do meu cabelo._ oh, eu não tinha visto_ sorrio envergonhada.
Ela me indica para sentar:_ Você deve ser uma boa menina._ diz esta me servindo chá.
_ Boa?_ repito incrédula_, estou seminua na sua frente e você diz isso, a maioria das pessoas não pensaria assim.
_ Meu menino, fala muito sobre você, tanto que a considero uma boa amiga_ nunca pensei que ele falara tanto sobre mim e ela continuou_, não se envergonhe isso é bom, ele nunca trouxe uma mulher antes para que eu conheça.
_ Ele me disse isso_ bebo o chá e o gosto é delicioso_, que chá é este.
_ É chá inglês, o favorito do James._ sorrio com sua resposta, com certeza me sentia uma criança sabendo das coisas que seu paquera gosta_ Quando os vi dormindo na sala me senti tão feliz, por um momento foi como vê-lo criança novamente, ele não dorme tranquilo há muito tempo._ a fitei agora serena, eu precisava conhecê-lo mais e ela seria minha tábua da salvação_ Desde a morte do irmão, ele sofreu muito, não conseguia lidar com tudo, passava a maior parte do tempo em Londres e sentia-se sozinho, lembro que os diretores sempre ligavam para os senhores avisando que ele se envolvia em brigas, foi uma fase difícil para o menino. Uma vez ele me disse que quando ele se machucava sentia-se vivo, isso me assustou, foi quando o apresentei ao senhor Augustus, ele o ajudou muito, e o transformou no homem que é hoje.
_ Então os pais de James são ausentes?
_ Não diria isso, apenas ocupados, e o amam muito_ ela me serviu mais chá já que minha xicara estava vazia e continuou_, quando meu menino voltou da faculdade e se aliou aos negócios com Augustus, tudo melhorou, James conseguiu crescer na empresa sem ajuda dos pais como muitos pensam_ ah meu Deus, eu pensava assim_, mas também as coisas ficaram mais sombrias com relação a ele, meu menino se tornou um homem frio, menos comigo é claro_ ela sorriu_ há algo que ele não me conta, eu sei, e tenho medo que isso o consuma.
E meu sentido aranha tiniu:_ Tem haver com aquela mascara não é?
Maria me encara surpresa:
_ Creio que sim, desde que ela apareceu, algo que não entendo, domina meu menino_ ela parecia distante por um instante, mas logo ergueu os olhos e sorriu_, mas quando James te conheceu algo mudou, e eu posso dizer que para o melhor.
_ Como assim?_ pergunto curiosa.
_ Ele nunca me pediu conselhos para com as mulheres e cada vez que te encontrava ele cantarolava aquelas musicas de rock no chuveiro_ isso me fez rir fazendo minha imaginação fértil fluir_, você curou o coração do meu menino e por isso lhe devo tanto.
_ Maria, por favor._ meus olhos reviraram de vergonha, com certeza meu rosto variava em diversos tons de vermelho.
Um limpar de garganta nos chama a atenção:
_ O que as mulheres da minha vida estão fofocando, espero que não seja sobre mim.
_ Não ousaríamos fazer isso, jamais_ digo lançando um olhar furtivo a Maria que sorri.
_ Bom dia_ completa James, dando-me um beijo terno e rápido_, bom dia, Maria_ ela lhe serve o chá e este senta ao meu lado, saboreando-o.
_ Deem-me licença, tenho muitos afazeres na casa, então terei que deixa-los.
Apenas sorrio a ela que me lança um olhar significativo, com certeza já éramos boas amigas.
_ Como estão suas pernas Srta. Almeida._ James sorria seu sorriso de lado com seu melhor olhar safado a me encarar.
_ Bambas_ confesso, bebendo mais de meu chá.
_ Já liguei para o Jorge dizendo que você esta doente_ o fito pasma_, eu te disse que faria. Temos o dia inteiro em frente_ ele levantou sua sobrancelha, enquanto um sorriso formou-se em meus lábios.
James Readen estava me tornando uma pessoa imprudente e antiética.
_ E o que você tem em mente para hoje?_ pergunto maliciosa.
Ele apenas aumentou seu belo sorriso, seus olhos vagaram de sua xicara a mim.
_ Quero lhe mostrar um lugar._ seus gestos eram tão tímidos, se eu o visse assim antes teria me apaixonado na hora.
_ Tudo bem_ digo dando ênfase ao bem_ vou ser sua bonequinha de luxo esta manhã se você aceitar entrar em meu mundo durante a tarde_ na hora que disse isso ele me lançou um olhar ao melhor estilo James Readen de má interpretação erguendo sua sobrancelha.
_ Pensei que já estivesse entrado em seu mundo.
Revirei os olhos:_ Por tudo o que é mais sagrado será que você só pensa em sexo.
_ Não, às vezes penso em negócios também_ diz este rindo alto, era a primeira vez que o ouvia gargalhar e era adorável.
Quando terminamos nosso chá:_ Espero que não se incomode, pedi ao Durval que fosse ao seu apartamento e pegasse umas roupas para você.
Meus olhos quase saíram de orbita, Catarina com certeza deve ter ajudado já que ela adorava bancar o cupido. Apenas assenti.
Apos nosso banho que infelizmente foi separado por causa das desculpas de Readen que se me visse mais uma vez nua não teríamos um dia normal. Encontrei minha mochila sob a cama de Readen, abri encontrando três pares de roupas; vesti-me para nosso dia cheio de expectativas, me enfiei em um jeans e uma blusa baby look roxa que com certeza Cata separou e meu fiel all star preto.
James saiu do banheiro envolvido em uma toalha na cintura e esfregando o cabelo com outro. Olhei para sua pele ainda húmida e os contornos de seus músculos enquanto tocava seu cabelo, mordi o lábio tentando controlar meus pensamentos frente aquela figura. Logo alcanço seus olhos e este sorri ao ver a luta em meu interior:
_ Olhe do pescoço para cima, querida_ diz James, jogando a toalha que estava em suas mãos em mim.
Joguei esta no chão nervosa, estreitei meus olhos sentando na cama, evitando olha-lo enquanto se vestia. Respirei fundo formulando meu argumento contra ele:
_ Eu tenho umas regras para lhe ditar_ digo tentando parecer autoritária.
_ Mais regras?_ sua voz convencida me deixa ainda mais nervosa.
_ Sim. Regras. Não gosto de apelidos carinhosos como amor, docinho, querida_ destaco essa palavra_, flor, coração, bebe, linda e assim em diante.
_ E por quê?_ ele vira-se para mim enquanto vestia sua calça jeans preta, viro-me para a parede para evitar olha-lo.
_ Geralmente os homens usam apelidos para não confundir o nome das mulheres com quem está.
Ele riu alto:_ Eu falo sério, as pessoas dizem que sou fria por pensar assim, mas prefiro dizer seu nome com todo o significado que tem ao sair de minha boca ao invés de inventar apelidos estranhos e falsos._ ele vestiu uma camiseta branca com gola v, que marcava seus músculos, só então resolvi olhá-lo.
_ Eu concordo com você, Alice_ disse este ao meu lado destacando meu nome do jeito que eu adorava, ele estendeu a mão para me ajudar a levantar_, vamos tomar nosso café_ ele beija as costas da minha mão, sua sobrancelha direita levanta e seu toque arrepia meu corpo com nossa familiar eletricidade.
Após nosso café, que estava cheio de piadas sobre minhas pernas bambas. Saímos de casa, peguei minha bolsa e Durval nos esperava no carro, na hora em que o vi lembrei-me do ocorrido no estacionamento, já fazia tempo, mas precisava desculpar-me.
_ Acho que lhe devo desculpas_ soltei timidamente.
O homem me olhou confuso:_ Eu não vejo por que.
_ Sabe aquele dia no estacionamento.
_ Ah isso, não se preocupe, se não fosse por esse dia acho que o Sr. Readen jamais teria ficado de bom humor.
Ao ouvir isso, James rugiu ao melhor estilo Marge Simpson e Durval riu. Entramos no Audi prata e Readen me puxou para ficarmos mais próximos, e brincando digo:
_ Se ficarmos mais próximos vou me fundir a você.
_ Isso faz parte dos meus planos_ ele sorri triunfante.
Estreitei meus olhos, em vão, pois seus olhos eram esmeralda liquidas agora:
_ Lembra que eu perguntei se você tinha medo de altura?
_ Lembro. Você não vai me fazer pular de paraquedas ou de bungjumping, vai?_ ele riu alto novamente, pelo visto isso era estranho, pois até Durval nos olhou pelo espelhinho achando graça._ você disse que gosta de esportes radicais_ tento me livrar de seus braços, nervosa.
_ Quem sabe um dia desses, mas agora eu vou pegar leve com você._ ele tirou algo do bolso, um tecido preto “uma venda” responde meu subconsciente.
_ James..._ sussurro, minha voz saiu afetada e com certeza ele leu meu pensamento.
_ Não é para o que você está pensando_ completa ele_ faz parte da surpresa.
Disfarço um sorriso que insiste em se formar em meus lábios e deixo que este me vende. O carro rondou por trinta minutos ou menos até que parou, ele me segurou pelos ombros guiando-me para fora do veiculo, indicando-me escadas para que não caia e logo senti que entramos em algum lugar. O barulho de um elevador me alarma:
_ Onde estamos?_ pergunto impaciente.
_ Sh..._ sibila este, as pessoas ao seu redor colaboravam com este, pois ninguém falava ou mencionava onde estávamos.
Contei mentalmente os andares, 47? Não faço ideia da onde estávamos. Uma porta se abriu e um vento frio passou por mim, a mão de James estava firme em minhas costas, fazendo movimentos circulares com o polegar. Outra porta se abriu e um vento mais forte soprava agora, com certeza estávamos do lado de fora:
_ Calma, agora segure- se na barra a frente_ busco o metal frio, apoiando-me com as mãos, começava a entender o fetiche da venda era sobre conquistar minha confiança_, vou tirar sua venda_ diz este sua voz que antes parecia ameaçadora me era tão sedutora, e o único que consigo é mexer a cabeça.
Ele tirou a venda, meus olhos demoraram a se acostumar com a luz, foi quando percebi que estava na beirada de um prédio, me segurei mais forte na barra de metal:
_ Wow!_ James apertou minha cintura.
_ Você está segura_ meu coração acelerou com a adrenalina e o medo de cair.
_ É muito alto_ minha voz saiu falha.
_ Eu sei_ ele parecia estar sorrindo, seu hálito quente em minha orelha era confortável e excitante_, este é o meu lugar favorito, venho quando procuro organizar as idéias, é uma tradição solitária de anos, mas a estou quebrando por você, na verdade nunca trouxe alguém aqui.
Suas palavras fizeram meus nervos se acalmarem e relaxei sob suas mãos:
_ E porque você me trouxe?_ eu ansiava por sua resposta.
_ Porque quero repetir isto com você durante muito tempo_ engoli seco. Ele estava fazendo planos? Tentei controlar minha respiração. Por favor, aquiete-se coração.
Virei lentamente para encara-lo, seus olhos estavam calmos e o que antes parecia ser um olhar duro, só agora fazia sentido, era de desejo como não notei esses olhos antes, envolvi meus braços em seu pescoço e acariciei sua nuca com meus dedos:
_ É melhor escolher bem suas palavras de agora em diante.
_ Por quê?_ ele me fitou confuso.
_ Por que dependendo do que diga eu não vou querer sair da sua vida._ droga era duro admitir isso em voz alta, era como se eu perdesse um jogo decisivo.
Ele sorriu seu sorriso de lado adorável:
_ Então eu continuarei dizendo, pois ter você em minha vida é o meu maior objetivo.
Droga. Não resisti, apena o puxei, invadindo sua boca, sua língua acariciava a minha fazendo movimentos circulares que estimulava meu corpo a querer mais e este se afasta:_ É melhor parar ou transaremos aqui mesmo.
Sorri de lado, soltando um murmúrio de desejo, e ele riu:_ Nossa, eu criei um monstro.
Apenas gargalhei alto, sim, eu já não era a mesma.
_ Onde estamos?_ perguntei ainda envolvida nele.
_ Edifício Itália._ arregalei meus olhos ao ouvir isso, Catarina e eu sempre quisemos vir aqui, principalmente jantar no seu restaurante que ficava no ultimo andar_ Algum problema?_ sua voz demonstrava preocupação.
_ Não, é que a Cata e eu sempre quisemos vir aqui, e quando venho não é com ela.
_ Podemos providenciar sua vinda_ disse este como se isso fosse o mesmo que ir até a esquina e voltar.
_ Não, ela está no trabalho e pelo o que eu soube hoje seria o nosso dia_ disse a ultima parte balançando a cabeça como se fosse uma velha excêntrica.
_ Sim senhora. Não sairemos de nossa rota_ ele riu alto, guiando-me a sair de nosso pequeno espaço, olhei para baixo avistando os carros, do alto quase não havia barulho, era quase como ouvir um grilo cantar ao longe, o segui e este abriu uma porta, quando entrei arregalei os olhos era a área de serviço do restaurante.
Este era belamente decorado, luxuoso com cortinas brancas nas grandes janelas de vidro, as cadeiras estavam sob as mesas, de certo era o horário de limpeza. O maitre apareceu saído da onde só poderia ser a cozinha:_ Sr. Readen, veio tomar seu café da manhã?_ este nos olhou cordialmente.
_ Não, obrigado, apenas estamos de passagem.
_ Oh sim, espero vê-los em breve.
Saímos às pressas entrando em um dos elevadores, mas Readen escolheu esse mesmo havendo de mais um disponível.
_ Porque este elevador?_ o fitei curiosa.
Ele parecia ansioso:
_ Por que este é menos transitado e não tem câmeras.
Quando pensei em responder, as portas se fecharam, apenas senti meu corpo bater sob o metal frio, sua mão esquerda me apertava contra seu corpo, enquanto a direita acariciava meu peito em cima de minha blusa. Sua língua urgente me envolvia em uma dança embriagadora, uma de minhas mãos apenas se enfiou em seu cabelo enquanto a outra deslizava por suas costas até chegar onde eu mais gostava, seu bumbum, o apertei forte e este soltou um gemido alto em minha boca, logo saindo de cima de mim e jogando- se ao meu lado do elevador, este respirava acelerado como se tivesse corrido uma maratona, fiquei confusa com o frio que senti com sua distância:
_ Como quer que me controle se você faz essas coisas_ disse ele como se me acusasse de um crime.
Tentei recuperar meu folego e logo respondi:
_ Foi você quem começou_ eu parecia uma criança se defendendo.
Ele riu:
_ Era para ser só um amasso, mas com você me apertando assim não vou conseguir me segurar.
Mordi o lábio sinuosa:
_ Pare de me provocar_ soltou ele, sua voz estava rouca.
Nisso as portas do elevador abriram e uma senhora que trabalhava provavelmente na limpeza, entra carregando um carrinho com utensílios para tal finalidade:
_ Bom dia_ diz esta com um leve sorriso nos lábios.
James me lança um olhar provocador, e apenas desvio. Quando chegamos ao térreo e a senhora sai, ele me puxa para seus braços, sussurrando em meu ouvido:
_ Quem sabe um dia realizamos essa fantasia do elevador._ meu corpo inteiro se arrepia. Ele não tinha limites.
Passávamos pela recepção quando, ouço alguém chamar “Jamie”. Meu coração parou por um nano segundo, seria a Greta? “Droga” ouvi James murmurar, seus olhos endureceram e sua mandíbula se contraiu, e ele voltou àquele ar áspero e frio que tinha antes, ele olhou para a mulher sentada no sofá da recepção. E para minha surpresa, ela era loira, devia ter uns quarenta anos, tinha o cabelo curto e seu rosto era fino, vestida muito elegante com um terno feminino.
_ Silvia._ sibilou James.
Ele segurou minha mão com firmeza, me puxando mais para perto:
_ Não o vejo há muito, soube que tivemos divergências no sistema._ diz ela levantando com seu ar imponente e sério, mesmo deixando transparecer um sorriso.
Readen parecia ter vestido uma máscara, estava visivelmente tenso:
_ Sim, tivemos, pretendo deixar tudo claro na reunião de sábado_ completou ele, mas algo me dizia que essa conversa tinha duplo sentido.
Ela lançou seus olhos para mim:
_ E quem é esta adorável moça?
James me segurou com força como se eu fosse sua base de sustentação, dizendo:
_ É Alice Almeida, minha namorada._ o encarei com espanto, mais um pouco e meus olhos saiam de orbita.
Notei que Silvia perdeu a compostura por um instante, mas logo a recuperou, voltando com a sombra de um sorriso:
_ Espero que saiba o que está fazendo, não arrisque tudo por um rabo de saia.
_ Eu sei o que faço_ diz este com convicção.
Ela aumentou seu sorriso sinistro me olhando dos pés a cabeça:
_ Você ainda vai se arrepender por essa escolha_ diz esta vagando os olhos de mim a Readen_, até sábado.
Ela caminha elegantemente até a frente do prédio onde uma limusine preta lhe esperava, adentrando neste que logo parte. James enterra seu rosto em meu pescoço, o abracei, ele parecia uma criança desamparada:
_ Ela te chamou de “Jamie”_ tentei imitar a voz de Greta. Ele riu, saindo de meu pescoço_, e ela é loira_ ergui minha sobrancelha, encarando-o.
_ Ela é irmã da Greta.
Ah, isso explica tudo.
_ E o que ela quis dizer com “arriscar tudo por um rabo de saia”._ a imito e ele aumenta seu sorriso, deixando de lado a tensão de segundos atrás.
_ Sobre os negócios que mantenho com sua família._ completa este me envolvendo em seus braços.
_ Algo me diz que tem haver com a Greta._ sugiro enquanto acaricio sua nuca.
_ Sempre tem haver_ diz ele pensativo_, ela não se conforma que eu não queira sua irmã.
Murmuro algo, mas não sei bem o que foi meus pensamentos me levam novamente àquela máscara. Encaro seus olhos castanho esverdeado me desarmando:
_ E porque você escolheu a mim?
_ Do que você está falando. Foi você quem me escolheu desde o primeiro instante_ disse ele, voltado a aninhar sua mão a minha e dando-me um terno beijo na testa.
James nos conduziu até seu Audi prata. Durval me faz um aceno pela janela, e logo a Readen também:
_ Pra onde vamos?_ pergunto curiosa quando o carro se mexe.
_ Essa é outra surpresa Srta. Almeida._ sua voz rouca e sexy estava de volta.
Suspirei baixo tentando manter distância dele, afinal as última doze horas de minha vida foram ao seu lado e não nos desgrudamos um segundo se quer, sempre fui contra demonstrações de afeto em público e a pouco quase transamos no alto de um prédio e dentro de um elevador, encostei minha cabeça na janela, pensativa enquanto via os carros passarem, meu sentido aranha me dizia para sair correndo, mas meu coração insistia em ficar, mordi o lábio indecisa, eu quero ficar, disse a ele que ficaria. O olhei de lado, ele me observava atentamente, sua mão envolvendo a minha, e quando vejo estou em seu colo, meu rosto próximo ao seu, o desespero me invade:
_ James... O Durval.
E ele calmamente responde:
_ Ele não está vendo._ sua mão firma em meu quadril.
_ Ele está familiarizado a estas situações_ digo acusadoramente e James fica tenso sob mim.
_ Não é o que você está pensando._ meu corpo se afasta instintivamente, enquanto ele tentava me manter no lugar.
_ James, por favor_ digo enquanto tento me livrar de suas mãos e enfim ele cede, assim saio de cima de seu colo, me ajeito no assento, seus olhos sob mim estavam apertados e ele parecia confuso.
_ Não é você sou seu_ solto, e essa frase é tão clichê, notei na hora em que olhei para Readen que ele tinha entendido errado.
_ Você esta terminando comigo?
_ Não_ solto um quase grito_ não, eu apenas acho que estamos indo rápido demais, eu não sou assim, e toda essa coisa da Greta e suas “ex” me deixa confusa, às vezes sinto que perco a cabeça quando estou ao seu lado e eu não sei se isso é certo._ meus olhos vagaram pelo interior do carro, eu nem sabia o que estava sentindo, era um misto de confusão e euforia.
_ Você pensa assim, acha que é errado o que estamos fazendo?_ ele perguntou me analisando.
_ Eu não sei.
_ E como você se sente quando estamos juntos?_ Nossa! Ele parecia um psicólogo com essas perguntas.
_ Bem._ respondo, minha voz vacilando.
_ E você acha que isso é errado, porque o sistemático aqui sou eu e estou muito confortável com o que sinto e não hesitarei em demonstrá-lo.
_ Eu sei_ respiro fundo, só havia uma palavra para descreve-lo_ é que você é intenso.
_ O mesmo digo de você, Srta. Almeida_ essa confissão me pega de surpresa. Eu, intensa? Pensando bem, essa descrição servia a nós dois nesta semana.
Ri alto, e logo tento me controlar apesar do riso ainda insistir em sair:
_ Eu só quero ir mais devagar, não acostumo ser a garota que baba pelo carinha lindo e tem ciúmes, nesses últimos dias eu tenho sido. _ ele sorriu aproximando seu rosto do meu, sua respiração quente em minha pele me deixava em chamas, mas eu precisava resistir a esse pensamento_, é como se eu estivesse com a síndrome da Catarina e isso me incomoda.
_ Eu sei que tudo aconteceu rápido demais, mas é que não consigo me controlar ao seu lado, você desperta em mim o homem das cavernas do meu subconsciente_ diz ele roçando o nariz no meu, meu corpo parecia gelatina ao seu lado_, eu posso ir devagar se você quiser, nunca tive um relacionamento antes e você vai ter que me ensinar._ ele dá um beijo em minha testa, aqueles olhos variavam do castanho ao verde cravados em mim.
_ E o que você quer que eu te ensine?_ sussurrei e logo percebi que estava usando minha voz sensual, era melhor parar se eu quisesse ter um relacionamento água com açúcar com Readen.
Ele reagiu a minha voz, seus olhos escureceram, mas logo os fechou, inspirando e quando os abriu, estava em seu tom de verde novamente:
_ Eu não sei, o que você tem em mente?_ seu auto controle estava no máximo agora, era notável como ele tentava não dar duplo sentido a frase.
_ Devemos fazer planos, por exemplo, podemos reservar os fins de semana para nós.
_ Espera vou ter que esperar a semana inteira para te ver?_ pergunta ele pasmo.
_ Sim, não podemos ficar todos os dias juntos.
_ Então um fim de semana na minha casa e outra na sua._ soltou James inquisidoramente, fato que me fez rir ainda mais.
_ Sim senhor._ faço sinal de continência, e ele sorri chegando a enrugar seus olhos.
Seus braços me envolveram ternamente e ele sussurrou em meu ouvido:
_ Qual sua cor favorita.
_ Roxo_ digo lembrando que a maior parte das minhas roupas tinham item dessa cor._ e o seu?
_ Azul_ responde este seriamente.
Levanto minha sobrancelha:
_ Pensei que fosse verde, a maioria das pessoas de olhos verdes escolhem essa cor.
_ Eu não sou a maioria das pessoas_ completa este, seu tom arrogante, ah eu tinha esquecido como eu odiava esse seu tom_ e sua comida favorita_ insiste ele.
_ Tudo que tiver muita calorias, acho que não nasci para ser uma dama da alta sociedade ou uma modelo magricela.
_ É... odeio modelos_ diz este pensativo.
E eu aperto meus olhos, lembrando que a maior parte das mulheres que passaram por sua vida eram modelos e aspirantes a socialite como Greta:
_ Ah é, odeia_ digo irônica_ por isso você brincou de papai e mamãe com elas.
James me olhou torto, escondendo algum tipo de emoção que não conseguia interpretar, mas logo sorriu:
_ Você está com ciúmes?
Meu rosto esquenta, ele tinha razão eu estava me mordendo de ciúmes:
_ Talvez_ respondo olhando para o asfalto pelo vidro fume.
_ Você não tem motivo para sentir ciúmes_ ele segura minha mão beijando-a de leve_, você é a minha exceção_ e lembro das regras do jogo que ele me ditara certa vez “Eu era a sua exceção” sussurra meu subconsciente.
O celular de Readen toca e este atende deixando na viva voz:
_ Bom dia Linda, você está na viva voz._ avisa este a moça na outra linha.
_ Bom dia, senhor Readen, me desculpe incomoda-lo em seu dia de folga...
_ Sim, Linda, o primeiro em dez anos_ destacou este suspirando impaciente.
_ Novamente me desculpe_ sua voz soava aflita, algo estava errado e ele percebe tal fato_, mas é de suma importância que o senhor venha na R&R, o senhor Readen pai encontra-se aqui e disse que não sairá sem ter conversado contigo antes.
_ Droga!_ exclama Readen entre dentes_ diga a ele que chego em dez minutos.
_ Obrigada senhor, eu não sabia mais o que dizer a ele.
_ Tudo bem, Linda, te recompensarei por ter aguentado as grosserias de meu pai.
Quando a ligação termina, este fala dura e diretamente com Durval:
_ Mudança de planos, vamos a R&R.
_ Sim, senhor_ responde este dando a volta com o carro.
Encarei James por breve instante, seus olhos estavam castanhos, isso significava que ele estava nervoso, sua mandíbula contraída e sua respiração acelerada, ele voltara a ser o Sr. R que eu conhecia.
_ Você pode me deixar em casa se quiser_ digo tentando soar firme, mas falhei, eu parecia uma criança rogando para ficar.
_Não, você vem comigo_ diz ele firme e friamente, segurou minha mão e respirou fundo como se seus pulmões buscassem ar desesperadamente_, você me dá força._ completou este ao perceber que o encarava.
Chegamos à R&R em cinco minutos graças às manobras e atalhos de Durval. Quando entramos na recepção, a recepcionista nos olha de boca aberta, era a mesma que me atendeu no primeiro dia de trabalho, em nenhum momento ele soltou minha mão ao entrarmos no elevador ele solta um suspiro alto. Mantenho-me calada durante o trajeto e quando as portas se abrem no vigésimo andar, ele beija as costas da minha mão, dizendo:
_ Independente do que aconteça ou você ouça vindo de lá dentro_ ele indica seu escritório_ saiba que não vou desistir de nós.
Assinto com a cabeça. Este me solta indo a sua sala:
_ Linda._ este acena para sua secretária.
_ Sr. Readen_ diz esta formalmente, e quando ela me avista saindo timidamente do elevador, aumenta seu belo sorriso, e solta um quase grito quando enfim ele entra no escritório_ eu sabia que o Sr. R gostava de você, suspeitei desde aquele dia da entrevista!_ solta esta animada.
_ Nossa... Todo mundo suspeitava menos eu_ digo aproximando-me de seu balcão.
_ É que às vezes estamos tão ocupados olhando nosso próprio umbigo que não vemos o que acontece ao nosso redor._ suas palavras me fazem pensar.
_ Sim, era exatamente o que estava acontecendo comigo, eu só via o que queria ver.
Ela sorriu e nisso a voz rouca de um homem soou forte vindo de dentro do escritório de Readen:
_ Como pode arriscar sua reputação por causa de uma mulher!
_ Não ouse falar assim dela_ a voz de James estava ríspida e nervosa.
Linda e eu nos olhamos sem saber o que fazer:
_ Você fica duas semanas sem se comunicar com sua família e quando te procuro vejo vestígios seus por toda a cidade, não sabe como sua mãe se preocupa!
_ Não fale besteiras pai, ontem mesmo falei com a mamãe.
_ Quando soube de seu comportamento improprio, mandei que investigassem essa garota, a família dela é de base leviana e pobre, tendo uma mãe e irmãs que só querem saber de vida boa e disso que ela se trata uma interesseira, só quer o seu dinheiro, como ousa manchar o nome Readen para se aliar a uma mulher baixa como essa!
Nesse instante Readen explode:
_ Quem você pensa que é para falar de reputação! Tem diversas amantes espalhadas pela cidade sustentadas por mesadas! A Alice não é como essas mulheres!
_ Ela não é para você. Não está a sua altura.
_ E quem está a minha altura? A Greta? Eu não vou me manter por conveniência com alguém pai, eu podia pensar assim antes, mas agora eu sei que eu quero estar com alguém que me ame!
_ Amor? O que você sabe sobre o amor? O amor não existe e você deveria saber isso melhor que ninguém, isso tudo passa, essa mulher vai envelhecer e logo você perderá o interesse nela.
_ É isso o que aconteceu contigo e a mamãe?_ ouve uma pausa tensa_ Eu não vou ser como o senhor, nunca.
_ E você não ficará com essa mulher.
_ Isso é uma ameaça, pai? Porque se for, saiba que tenho tanto poder quanto o senhor.
_ A Greta tem razão você perdeu a cabeça.
_ A Greta não sabe de nada, ela nunca irá me controlar como deseja.
_ Com certeza você perdeu a cabeça._ diz este e nesse momento um homem de terno cinza e gravata vermelha sai do escritório, seus olhos eram azuis e estavam vermelhos de raiva, seu cabelo levemente grisalho acentuava sua idade, este me olhou dos pés à cabeça_ Não vai conseguir o que quer garota._ diz este ameaçadoramente para mim apontando-me o dedo enquanto caminhava violentamente até o elevador.
Mantive-me firme e cuspi as palavras:
_ O senhor está longe de saber o que quero.
Ele engole seco, entrando no elevador, se olhar matasse eu estaria morta nesse instante. Quando este se fechou, enfim respirei aliviada e Linda me segurava pelos ombros:
_ Está tudo bem, Alice.
Olhei para a porta, Readen parecia ter levado a maior surra de sua vida, seus olhos estavam cravados ao chão, ele estava arrasado, meu coração afundou em meu peito, era tão doloroso vê-lo assim.
_ James..._ sussurrei, enquanto entrei em seus braços, este me envolveu afundando seu rosto em meu pescoço.
_ Eu não vou desistir de você._ ele sussurrou em meu ouvido, meu corpo se arrepiou e nossa familiar eletricidade nos confortou. “Eu também não queria desistir dele”.

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Desculpem a demora em postar o capítulo, estive meio desanimada, pois sei que são poucas as que leem e acompanham esta história, eu a escrevi com muito carinho, e sei que por mais que vocês, minhas leitoras sejam poucas, são especiais... Bjus e comentem, amanhã vou postar mais a história está chegando em uma fase decisiva ❤

With Eyes Wide Open (De Olhos Bem Abertos)Onde histórias criam vida. Descubra agora