Mais um fatídico sábado em minha vida. A realidade batia minha porta, eu devia me acostumar a ficar longe de James, mas era praticamente impossível, meu corpo e alma precisavam dele. Arrumei meu quarto, guardando meus brincos em minha caixinha de joias, na verdade elas eram a única joia nessa caixa. Pendurei meu vestido no guarda-roupa e colei a foto que tiramos em meu espelho onde eu sempre poderia vê-lo.
Após minha costumeira limpeza. Deitei no sofá e distraída pus música no notebook de Cata. E soou “Porque não eu” de Leoni e Paralamas do sucesso.
“Quando ela cai no sofá
So far away
Vinho à beça na cabeça
Eu que sei
Quando ela insiste em beijar
Seu travesseiro
Eu me viro do avesso
Eu vou dizer aquelas coisas
Mas na hora esqueço
Por que não eu?
Por que não eu?”
Comecei a listar mentalmente as várias primeiras vezes que tive com Readen e não foram poucas.
• Primeiramente descongelar meu coração.
• Fez-me ver além das aparências.
• Ah e o sexo... E os orgasmos genuínos e intensos.
• Amasso e caricias em público.
• E o fato de eu estar rendida a seus pés, fato que nunca o deixarei saber, com certeza.
Tampei meus olhos com as mãos. Droga. Eu já não me reconhecia. O telefone tocou, corri para atender. Era Sr. Rodolfo:
_ Alice, tem uma carta para você aqui.
_ Ah sim, vou descer agora mesmo_ digo enquanto calcava meus chinelos e corria até a portaria.
Lá, deparo-me com um envelope vermelho e com um lacre de cera da mesma cor como se fazia antigamente e não estava endereçada a ninguém somente tinha meu nome escrito.
_ Quem entregou?_ ele faz que não sabe, então volto ao apartamento.
Ao chegar lá, abro lendo atentamente “Hoje acordei e me dei conta do quanto senti sua falta esta noite, seus olhos não estavam lá esta manhã para me iluminar. Quero te ver, então planejei algo especial, me encontre hoje atrás da boate Real a meia noite. Estarei te esperando ansiosamente e garanto que não irá se arrepender. ” Assinado por James Readen. Meu coração deu pulinhos de alegria. Quando contei a Catarina, ela gritou, não acreditando que enfim uma de nós, meros mortais teria a honra de entrar na área Vip da boate Real.
Ela invadiu meu quarto vasculhando minhas roupas, então pegou sua paleta de sombras e começou a andar freneticamente enquanto fazia seu discurso.
_ Você sabe o que significa ir até a área Vip? Você precisa estar à altura ou melhor ser a mais linda naquele lugar._ ela aponta a paleta para mim.
_ Ei calma, e tira essa coisa da minha cara_ digo afastando o objeto de mim lentamente_, eu serei sua cobaia.
Cata aumentou seu belo sorriso e se pôs a trabalhar em mim. Primeiro me maquiando:
_ Vamos destacar seus belos olhos_ rio de seu tom profissional._ você tem olhos de ressaca como a Capitu de Dom Casmurro_ ela finaliza passando uma fina linha de delineador.
_ Posso me olhar no espelho?
_ Claro que não_ ela pega umas roupas e começa a analisa-las. Lá pelas dez pedimos pizza, pois não aguentávamos de fome, após Cata descartar quase todo meu guarda-roupa achou a vestimenta certa.
Vesti uma camiseta longa bege com um jeans e a bota de cano longo de Cata e para finalizar um blazer preto, ela arrumou meu cabelo deixando-o solto porem com alguns cachos nas pontas.
_ Ai. Estou tão orgulhosa. Você está linda, elegante e casual._ ela me segura pelas mãos_ se a Greta estiver lá, empine o nariz, pegue o Sr. R pelo braço e não olhe para trás.
_ Vou tentar_ digo para ela, eu estava ansiosa olhando para o relógio de minuto a minuto.
Onze e meia, Cata me deu carona, ela estava tão ansiosa quanto eu, tagarelou sobre os mitos e lendas da área Vip um milhão de vezes. Quando chegamos atrás da boate Real, avistamos um pequeno beco mal iluminado, onde havia uma porta e na frente desta um homem de terno montava guarda.
_ Nossa... Quem diria_ diz esta ao ver um beco escuro e sem graça._ Vai lá e arrasa.
_ Não duvide disso_ digo dando-lhe um abraço.
Caminhei relutante pelo beco, avistando um casal descer de uma limusine e entrar pela porta acinzentada, meu sentido aranha estava tinindo e isso era estranho. Apertei nervosa minha pequena bolsa de mão que ficava presa em meu pulso por uma cordinha. Parei na frente do homem, ele devia ter quase dois metros de altura, era negro, musculoso, porem seu olhar era frio e cruel.
_ Boa noite, meu nome é Alice, sou convidada de James Readen.
Ele sério retira um tablet de seu bolso, olhando talvez a lista:
_ Seu nome não confere.
_ Mas, James Readen me convidou_ digo, com certeza eu estava parecendo uma menina que tenta entrar em festas sem ser convidada.
A porta se abre e um homem com fisionomia idêntica ao da porta diz olhando-me dos pés à cabeça:
_ Alice Almeida?_ assinto _, pode entrar me deixaram ordem expressas de leva-la em segurança.
Mania de controle sussurrou meu subconsciente.
_ Acompanhe-me senhorita_ disse o outro deixando-me entrar, havia algo em seus olhos que eu não conseguia decifrar.
Adentrei o local, deparando-me com um corredor escuro e frio.
_ Siga-me_ diz o homem sua voz soava tão cruel quanto a do outro.
As paredes eram pintadas de preto e em algumas partes a pintura descascava, dando um ar lúgubre aquele corredor que parecia não ter fim. Fiz uma nota mental “Xingar o James por me trazer a um lugar assim”. O homem abre uma porta de metal e quando adentro este, vejo dois homens, apenas vestindo uma calça justa preta e uma gravata borboleta, eram musculosos e estavam de braços cruzados. Virei-me pasma olhando para o primeiro homem.
_ Ei, que lugar é este.
_ Fique quieta, aqui você não fala, você só obedece.
Meus olhos se arregalaram a suas palavras:
_ O que?
_ É como eu disse, obedeça ou será punida.
Um dos descamisados me segura forte pelo braço.
_ Ei_ tento puxar mas este me aperta mais.
_ Não resista ou será pior_ diz este sua voz soava calma, mas isso lhe dava um ar sombrio que eu jamais vira antes.
Meu coração acelera. “Deus, onde estou? Será que errei o endereço? Mas eles sabem meu nome. O que está acontecendo? ”
O outro descamisado segura uma maçaneta, abrindo a porta e com um sorriso malicioso este diz:
_ Bem-vinda ao mundo Real.
Só então ouvi a música, com certeza onde estava era um quarto a prova de ruídos. Passei por ele enquanto o outro ainda me apertava o braço.
Meus olhos estranharam a luz por um instante, então meus olhos se arregalaram com o que vi, as paredes eram vermelhas e lâmpadas parecendo tochas iluminavam o local, havia um enorme lustre no meio pendurado e pilares brancos pareciam bases de sustentação. Havia um cheiro estranho no ar um misto de cigarros e álcool. Foi quando notei algo que mexeu com meu amago. Em cantos opostos tinham duas mulheres enjauladas vestidas apenas com uma calcinha de couro preta e amordaçadas com o que seria uma bola em suas bocas, meus olhos se arregalaram, elas dançavam sensualmente ao ritmo da música.
Assustada, ousei baixar meus olhos e vi as pessoas que se encontravam naquele local. Minha boca caiu no chão, a maioria encontrava-se seminua. Havia muitas pessoas, e ao longe vi um homem preso por correntes, ele vestia apenas uma cueca de couro e estava vendado, uma mulher de espartilho muito justo o chicoteava consecutivamente, e este possuía pregas arranhando-o, ambos pareciam estar desfrutando daquilo, meus olhos logo captaram um casal ao lado deste em um sofá, o homem usava um traje de látex preto que o cobria dos pés à cabeça (lembrando-me um personagem de American Horror History), a mulher estava de quatro em sua frente, ela estava amordaçada e algemada, só então notei que eles estavam fazendo aquilo, ele estocava com força nela, ela levantou a cabeça e vi que esta lacrimejava, com certeza estava doendo, olhei para o outro lado meu corpo se arrepiou com aquela cena. Ao meu lado estavam duas mulheres, a que estava de pé usava uma delicada máscara que cobria a área de seus olhos, ela usava um batom vermelho chocante, estava apenas de calcinha, e ela tinha pregadeiras em seu peito unidas por uma corrente, a mulher a sua frente estava de quatro também, e usava apenas um espartilho dolorosamente apertado, a primeira tinha uma palmatoria nas mãos e batia nas nádegas desta que já estava vermelha. Ambas me olham maliciosamente, de imediato desvio para o descamisado que me segurava:
_ Que lugar é este?_ minha voz saiu sufocada, meu corpo todo tremia e eu sentia que iria desmaiar a qualquer momento.
_ Boate Real, área vip._ diz este duramente, empurrando-me_ mexa-se.
Passamos por um pequeno corredor de pessoas, todos nos olhavam com desprezo sob suas máscaras.
Nisso vi um homem, ele parecia ter certa idade e sua barriga era bem saliente, ele usava uma máscara de couro que cobria todo seu rosto, usava braçadeiras e estava de joelhos frente a uma mulher. Ele olhou para mim e na hora reconheci aqueles olhos, o reconheceria em qualquer lugar. Ah meu Deus! Gritou meu subconsciente. “Menino mau” disse a mulher colocando sua perna no ombro deste. Era o Sr. Alcântara. Meus olhos se encheram de lágrimas e vi quando os dele se arregalaram, ele me reconheceu. Empurrou a perna da mulher que chiou, mas este lhe fez um sinal e saiu correndo no meio das pessoas, sumindo na multidão.
O descamisado me empurrou, fazendo-me subir uns lances de escada. Era um pequeno palco com três grandes poltronas que lembravam tronos de reis e uma cama de lençóis brancos no meio. O do meio estava vazio, e na direita estava uma mulher de lingerie rendada preta e uma delicada máscara da mesma cor, eu a reconheci na hora, aquele sorriso cínico e olhos de Elizabeth Hurley, era Greta que se abanava com um leque. Na poltrona da esquerda estava Silvia, usando um espartilho branco apertado e sensual, ela usava uma máscara branca e seu cabelo estava jogado para trás, ela sorriu de forma tenebrosa e cruel. O descamisado me empurrou para o meio do palco e eu resisti a cair olhando para elas, minha respiração acelerou e eu tremia.
Olhei para ambas engolindo minhas lagrimas. “O que era aquilo? E o que elas queriam comigo? ”.
_ Que comece o sacrifício_ diz Silvia.
Apenas sinto quando um dos descamisados me joga na cama e quatro deles me segura por braços e pês, tento me debater:
_ Me soltem!
_ Fique quieta!_ um deles me aperta mais na cama e rasga minha blusa
Solto um grito estrangulado, e uma lagrima rolou meu rosto, eu estava exposta.
_ Não adianta gritar, ninguém vai te ajudar, querida_ Greta sorri com malicia para mim.
Tento endurecer minha expressão, parecer forte, eu sabia que ela queria que estivesse fraca, mas eu tinha medo, medo do que fariam comigo.
Silvia aproxima-se analisando-me, e olhando para meus seios nus, ri soltando sarcasticamente:
_ Ela pelo menos devia ser mais bonita.
Uma música sombria começa a tocar era "Jazz Suite2 valsa 2"… Meu corpo inteiro se estremeceu e vi um homem de capa preta subindo ao palco não conseguia ver seu rosto pois este estava de cabeça baixa notei que usava apenas um jeans surrado em baixo da capa. Meu coração acelera em desespero e Silvia diz com aquele seu tom imponente e convencido:
_ Espero que esteja receptiva a nosso mestre, porque ele não será nada delicado contigo ou melhor ele te punirá.
O que? Meu coração para por um nano segundo. O que eles fariam comigo? Tento me debater, mas eles me seguravam com forca machucando meus pulsos e pernas.
O homem aproximou-se levantando o capuz, deixando a mostra sua máscara. O choque me pega de surpresa. Essa máscara! Não! Não! Não pode ser. Uma pontada atravessou meu coração. Aquela máscara. E vi aqueles olhos castanhos esverdeados indecifráveis. Seus olhos me encontraram endurecendo.
_ Soltem-na!_ sua voz saiu sufocada.
Sentei na cama tampando meu seio com o que sobrou da blusa e o blazer, não consegui frear as lagrimas, era como se alguém tivesse me esfaqueado no peito a dor era insuportável. Ele me encarava sem reação, pela posição de sua mão este indicava aos descamisados para que não reagissem.
_ James…_ foi o único que consegui dizer.
Eu não pensei duas vezes, pulei da cama e corri, um dos homens me segurou apenas ouvi:
_ Deixem- a ir!
Passei por aquelas pessoas empurrando-as, minha visão estava embaçada pelas lagrimas, e aquele cheiro de cigarro e álcool queimava minhas narinas.
_ Alice!_ ouço Readen gritar.
Abro a porta de entrada na sala à prova de barulho. Agora tudo fazia sentido “Eu tenho medo que você veja a merda que é minha vida e saia correndo”, “São cicatrizes antigas”, o olhar dele ao me ver com aquela máscara. Greta naquele restaurante “nos vemos na boate Real!”, ou Silvia “Soube que houve divergências no sistema “Este era o sistema do qual eles falavam e eu nunca entendia, até Maria suspeitava da máscara “desde que ela apareceu, algo que não entendo, domina meu menino”, agora entendo a expressão de Readen quando dizia sobre me submeter a alguém e todas as vezes que senti que havia algo de errado com ele, eu tinha ignorado meu sentido aranha todo esse tempo.
Lutei com a porta cinzenta de metal para abri-la e quando consegui corri pelo corredor escuro. O Grandalhão me olha espantado:
_Mas, o que?
_ Alice!_ ouço novamente e me apresso em sair pela porta principal, o homem me olha sair com espanto, e eu quase caio no chão, mas me apoio com as mãos, levantando e correndo novamente, meu coração estava a mil e a dor em meu peito aumentava, me sufocando.
_ Alice! Por favor!
Parei por um instante, eu estava ofegante e cansada, sequei minhas lagrimas com a minha manga e viro lentamente para encara-lo, minhas mãos tremiam. Ele estava a dez metros de mim, seu rosto sem expressão, apenas com seu jeans surrado.
_ Por favor, me ouça._ ele estava ofegante e sua expressão era torturante.
Dei um passo para trás:
_ Eu não quero ouvir, já vi o suficiente._ minha voz chorosa, era quase um sussurro.
_ Foi uma armadilha._ sua voz diferente da minha parecia firme, porém tremula.
Tentei respirar, e as lagrimas insistiam em cair:
_ Eu não quero saber, apenas me deixe ir.
_ Alice, por favor, não me deixe_ ele ameaçou vir em minha direção, mas entrei em desespero e ao ver isso ele parou.
_ Não se aproxime!_ gritei, minhas mãos ainda tremendo.
Seus olhos estavam escuros me encarando com espanto, suas mãos em punho:
_ Alice, eu não tenho como te explicar tudo isso, apenas saiba que o que sinto por você é de verdade, eu não menti.
_ Cale-se!_ gritei, meu coração acelerou, eu estava com raiva, me sentindo usada, enganada e sem vida_ Eu tenho nojo de você, nojo por ter deixado que me toque, nojo por ter me deixado levar. Nem se quer te conheço. E tudo aquilo... Você é o líder deles... Você é um monstro! Eu nunca mais quero vê-lo em minha vida.
A dor em seus olhos era visível, endureci minha expressão criando forças e corri saindo na rua sem olhar para trás. Um taxi passava e o fiz parar, entrando neste ainda chorando:
_ Moça, você está bem?_ o velho taxista me encara preocupado.
Dei o endereço a ele, não sei bem como cheguei a meu apartamento, não lembro de ter passado por Sr. Rodolfo ou subido as escadas, só lembro de estar deitada no chão da sala, estava escuro e o ar seco e frio entrava balançando as cortinas. Encolhi-me abraçando meus joelhos, era como se eu tivesse um buraco no coração, a dor era insuportável e parecia que nunca teria fim. Os soluços me consumiam e fazia tanto frio.
A porta se abriu e nisso ouvi minha amiga:
_ Ali! Ali! O que está acontecendo? _ ela tentou me levantar, mas eu não me mexia. _ Ali, por favor, diga alguma coisa.
_ James…_ sussurrei entre os soluços insistentes.
_ O que aquele desgraçado fez com você? _ eu apenas me lancei aos braços de minha amiga que me abraçou_ o que ele fez?
_ Armadilha_ solucei mais uma vez.
_ Ele estava com alguém lá, não é_ eu nunca poderia explicar para Cata o que realmente aconteceu, apenas assenti e ela me abraçou mais forte_ ai amiga, era bom demais para ser verdade.
Ela apenas me envolveu em seus braços, enquanto meus soluços se tornavam incontáveis, o buraco em meu peito estava aberto, eu já não tinha mais um coração, eu o entreguei a ele e acabou assim. Acabou, esse era o fim. Repeti diversas vezes em minha cabeça tentando me convencer. Talvez tudo fosse um pesadelo e logo eu acordaria, mas a dor estava ali para me lembrar de que foi real e que na vida nada tem volta. Esse realmente era o fim…
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Eu avisei que o capítulo seria tenso... Não me odeiem por fazer essa reviravolta repentina, agora esperarei ansiosa os comentários e críticas que adoro muito... Amanhã tem mais capítulo❤
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With Eyes Wide Open (De Olhos Bem Abertos)
ChickLitMeu nome é Alice Almeida, tenho 25 anos, sou uma jornalista recém formada e justamente a editora para que trabalho me resigna a ir na renomada R&R enterprise, onde conheci James Readen, o orgulhoso, arrogante e misterioso homem que mudou completamen...