Capítulo 18

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Permaneci nos braços de Eduardo até que meu coração amenizasse aquela dor. Sequei minhas lágrimas antes que ele visse e então este me olhou cuidadosamente.
_ Está com fome?
_ Faminta_ digo forçando um sorriso.
Caminhamos até uma pequena praça ali perto, e comemos uns cachorros-quentes, que comíamos todas as tardes depois de sair da escola:
_ Lembra aquela vez que estávamos no seu quarto e sua mãe nos pegou.
_ Ah sim lembro, ela nos deu um sermão sobre sexo seguro que nunca vou esquecer.
_ Pois é ela se lembrou disso outro dia quando fui ao salão onde ela trabalha, pensa na vergonha que senti todos me olharam e principalmente quando ela mencionou seu lençol da Barbie.
_ Ah_ enruguei a cara, lembrando_, e aquele lençol nem era meu, era da Amanda.
Ele parou de sorrir por um instante, e disse timidamente:
_ Sinto falta daquela época._ ai não, odeio esses momentos_, você não pensa em voltar pra cá e começar do zero?
Olho para meu cachorro-quente sem vontade, mas terminando- o, e mexo a cabeça em negativa:
_Sinceramente não, esta cidade foi um capítulo da minha vida e acho que esse capitulo está finalizado.
Seus olhos ficaram pensativos:
_ Entendo, mas eu mudei Alice, São Paulo não é tão longe eu poderia ir te ver nos fins de semana.
Espera, quando começamos a conversar sobre uma possível relação?
_ Eduardo, eu aceitei sair com você hoje, mas isso não quer dizer que tenhamos algo.
Ele arrumou uma mecha do meu cabelo atrás da orelha, meu coração disparou, não pelo seu ato, mas por medo do que ele fosse fazer a seguir.
_ Alice, me dê uma chance, podemos ser felizes juntos._ tentei recuar, mas ele me encurralou com seus braços.
_ Eduardo, por favor.
Ele aproximou-se mais e senti sua respiração em meu rosto.
_ Eu acho que ela não deseja ser beijada por você, Sr. Siqueira.
De imediato Eduardo me soltou para olhar quem era.
_ James..._minha voz era um sussurro em um misto de surpresa e alivio.
Ele estava parado no meio da praça há uns vinte metros de nós, seus olhos estavam castanhos de raiva e eu diria ciúmes, suas mãos em seu bolso ele estava tentando se controlar.
_ Você de novo_ solta Eduardo inconformado com a intromissão.
Readen olhou diretamente para mim como se Eduardo não estivesse ali e isso me fez ficar sem folego:
_ Estou indo para casa e quero saber se quer carona?_ os olhos dele estavam vacilantes e notei que mordia o interior de sua bochecha.
_ Ela vai ficar aqui comigo._ disse Eduardo respondendo por mim, olhei para este não surpresa e sim aliviada, afinal ele não mudara em nada e me culpei por ter pensado em uma possibilidade diferente com relação a ele. Eduardo ainda era aquele mesmo garoto que conheci que respondia por mim sem me deixar ter opinião sobre nada.
_ Eu acho que perguntei a senhorita e não a você._ disse Readen bruscamente.
Passei por Eduardo nervosa, olhando- o de frente:
_ Eu tenho opinião própria, obrigada.
_ Você não vê esse cara só quer transar com você_ disse este acusando James.
Levantei a sobrancelha, cruzando os braços:
_ Isso não o diferencia de você, diferencia?
_ Alice eu...
_ Você estava tentando me beijar mesmo eu dizendo que não.
_ Eu pensei que te beijando, você veria que ainda há algo entre nós.
_ Me desculpe informa-lo Eduardo, que não há mais nada entre nos há muito tempo.
Virei-me para James que me fitava surpreso:
_ Eu aceito a carona._ não olhei para trás, não desejava ver o rosto de derrota que com certeza Eduardo estava.
James me segue, com um sorriso de lado no rosto.
_ Pare de sorrir, isso não foi por você._ solto secamente.
_ Eu sei_ responde este ainda sorrindo_, apenas admiro sua língua afiada Srta. Almeida.
Durval nos esperava na esquina:
_ Boa noite_ digo a ele enquanto abre a porta para mim.
_ Boa noite Srta. Está muito bonita.
_ Obrigada._ Adentro o carro encostando-me a janela, logo Readen entra também_, você não precisava vir em seu cavalo negro para me salvar_ digo ironicamente.
Ele ri:
_ Juro que não estava te seguindo, foi coincidência te ver ali.
_ Vou fingir que acredito_ viro o rosto para a janela do carro e este se move._ você cheira a vinho.
Mesmo não olhando para ele, eu o sentia sorrindo:
_ É porque eu bebi a garrafa toda.
Revirei os olhos evitando rir.
_ Eu li umas cinco vezes "Veronica decide morrer" e mesmo que não acredite, assisti "Orgulho e preconceito".
_ Eu não quero saber_ soltei seca.
_ Alice_ disse este aproximando-se, eu praticamente grudei na janela, mais um pouco e me fundia ao carro, ao ver meu ato este recua_, você não vê o que sinto.
Eu olho para Durval:
_ Ele não vai se importar, teve que suportar situações piores comigo estes dias.
_ Envolvendo chicotes, algemas e relações bdsm?
_ Não, envolvendo você.
Meu corpo se arrepia de imediato e olho para ele, este respirava com dificuldade e seus olhos me analisavam com cuidado:
_ Todas as manhãs eu corria perto do seu prédio com a esperança de te ver, e morria de ciúmes ao pensar que você pudesse estar com alguém.
Desviei meus olhos para o asfalto que passava rápido na escuridão.
_ Eu fiz um acordo com a Silvia e a Greta, e estou neutro no momento, mas não vou desistir de sair de lá. Elas estão de olho em mim.
Eu não acreditava em uma palavra do que ele dizia, eu queria apenas chegar em casa e chorar, essa noite não tinha como piorar.
_ Alice, por favor, acredite em mim, eu posso ser o que você quiser, posso comer cachorro quente na praça, posso desistir de tudo, afinal nada tem sentido sem você ao meu lado._ sua voz era suplicante, tampo minhas orelhas com as mãos, mas ele continua_, você nem imagina como esses dias foram difíceis para mim, era como se houvesse um buraco em meu peito.
O olho surpresa, ele sentiu o mesmo que eu:
_ Ainda há um buraco aqui e dói muito_ põem a mão no peito_, o Durval me encontrou no chuveiro depois daquele dia eu não conseguia me mexer, foi constrangedor, eu não sei como, mas sou totalmente dependente de você. Para mim não acabou Alice.
_ Cale-se, por favor.
_ Você disse que não me deixaria.
_ Isso foi antes de eu saber a merda em que você estava metido.
James encara o chão e senti uma vontade incontrolável de abraçá-lo, contudo virei para a janela e este falou:
_ Se eu quisesse ter uma relação bdsm contigo, teria dito desde o princípio, dominadores são diretos com o que querem e não escolhem qualquer mulher, por isso existem relações sadomasoquistas, e eu tenho certeza que não sou um. Você acha que eu teria ficado com aquelas modelos se eu fosse um real dominador. Claro que não, elas me processariam na hora._ ele riu sem graça, eu ainda evitava olha-lo_, você lembra aquela moça com quem você me viu no bar.
_ A Caren_ respondi automaticamente.
_ Sim_ ele sorriu_, ela terminou comigo naquele mesmo dia, porque enquanto fazíamos sexo a chamei de Alice, eu te quero desde o primeiro instante em que te vi, não sei quantas vezes terei de repetir isso a você.
_ Por favor, pare de falar, eu vou envelhecer engordar e você não vai mais me querer é assim de simples.
_ Esse é o meu pai falando ou você?
As lágrimas saíram sem eu planejar, olhei para ele, seus olhos indo do castanho ao verde:
_ Eu já chorei demais, por favor, pare.
_ Ah minha Alice..._ apenas senti seus braços me envolvendo, e aquele perfume me consumiu juntamente com nossa familiar eletricidade, eram aqueles braços que eu queria sentir, ele me apertou gentilmente. Isso era errado, eu sabia, mas era tão bom, eu não podia ceder tão fácil, o empurrei e quase grudei no vidro da janela novamente.
_ Eu não preciso de você.
Isso deve ter soado como um tapa, pois Readen se calou durante a viagem toda. Paramos na frente de meu prédio e sai do carro apressada sem me despedir. Passei por Sr. Rodolfo que dormia ouvindo "Menina veneno de Ritchie". Corri pelas escadas, chegando a meu apartamento, mas quando giro a maçaneta esta estava aberta. Meu coração dispara em receio, mas entro ligando a luz, e avisto Felipe parado no meio da sala.
_ O que você está fazendo aqui?
_ Alice, pensei que não te veria mais_ ele cambaleava com as palavras.
Ah meu Deus, ele estava bêbado:
_ Como você entrou?
_ O porteiro me reconheceu e deixou que entre.
Droga. Nota mental xingar o Sr. Rodolfo por isso. Felipe se lançou em cima de mim numa velocidade incrível e me jogou no sofá:
_ Ei!_ eu gritei em protesto.
_ Eu sei que você me quer._ disse ele me prensando no sofá.
_ Felipe me solta, eu não quero nada._ tentei empurra-lo, mas este era forte.
Ele começou a se mexer em cima de mim, passando suas mãos em minha perna:
_ Para Felipe!_ gritei e este tampou minha boca me assustando_ SH... Não resista, eu sei que você quer.
Ah droga. Quem era esse? Não era o Felipe que eu conhecia. Ele tampou minha boca com sua mão quando passou a outra mão livre sobre mim, eu queria correr, gritar, mas ele me prensava impedindo-me. Nisso apenas senti que ele saía de cima de mim, alguém o empurrava dali, eu continuei imóvel, vendo James joga-lo no chão:
_ Nunca mais ouse botar suas mãos sujas nela!
Felipe o olhava atônito, digerindo o que este havia dito para logo sair correndo pela porta. Eu não conseguia me mexer. James mordeu o lábio nervoso, sentei no sofá evitando as lágrimas:
_ Como você pode deixa-lo entrar, depois diz que eu sou perigoso.
Levanto olhando- o sem entender, ele não parava de gritar:
_ Porque você está gritando comigo?_ eu parecia uma criança chorosa nesse instante, eu me sentia exposta e traída.
Seus olhos amenizaram e logo ele me envolveu em seus fortes braços:
_ Me desculpe, eu perdi a cabeça ao vê-lo tentando abusar de você.
O abracei, seu calor era tão reconfortante e nossa eletricidade encontrava-se ali, intacta, senti seu coração bater tão forte e rápido, ele me olhou nos olhos por um instante:
_ Como você está se sentindo?_ ele perguntou seus olhos vacilando para o verde, eu não pude me segurar, apenas me inclinei grudando seus lábios aos meus.
Sua língua acariciou a minha gentilmente e envolvi meus braços em seu pescoço, bagunçando seu cabelo. Suas mãos rumaram a meus peitos invadindo-os debaixo de meu vestido, gemi ao seu toque impetuoso, enfiei minha mão livre em sua calça alcançando seu membro já rígido e este gemeu sob minha boca:
_ Não pare_ ele pede suplicante com o vai e vem de minhas mãos.
E logo me ergueu, envolvendo minhas pernas nele, levando-me a meu quarto, ambos desabamos em minha cama e suas mãos rumaram ao interior de minhas pernas, ele beijou o interior de minhas coxas fazendo-me convulsionar, sua língua trilhava meu sexo, acariciando meu clitóris enlouquecendo-me e eu bagunçava seu cabelo o apertando entre minhas pernas:
_ James eu quero você agora_ clamei por ele que me encarava, seus olhos em chamas era uma tentação.
Ele pegou a camisinha de sua carteira, e enquanto a vestia lançou seus olhos sob mim, a antecipação era excitante, ele rolou o recipiente em seu membro enquanto me olhava, e eu o desejava mais a cada instante. Ele se posicionou em cima de mim e eu o prendi em um abraço:
_ Agora_ sussurrei sem força.
Seu membro me penetrou lentamente seus olhos nos meus enquanto o segurava pelo pescoço, sua boca semiaberta de desejo, a sensação era inebriante, seus movimentos começaram lentos e logo ficaram frenéticos, enquanto estocava com força, eu o apertava contra meu corpo sentindo seus movimentos me consumirem de prazer, eu queria mais, mordi o lábio arranhando seu ombro sobre sua camisa. E nisso em um movimento brusco; ele me põe por cima. Rebolei, enquanto James me segurava pela cintura estimulando nossas investidas. Seus olhos estavam em chamas, me movi mais rápido e este jogou sua cabeça para trás, me movimentei mais rápido, sentindo o calor me consumir com intensidade, segurei suas mãos em minha cintura sem forças e ele me virou, ficando em cima de mim, ele se moveu mais enquanto beijava meu pescoço, me fazendo arfar e logo ele gemeu alto, desabando em mim. Ofegante James vira-se para me encarar, beijando-me carinhosamente:
_ Senti tanto sua falta._ ele arruma uma mecha de meu cabelo que encontrava- se em meu rosto suado.
Deitou ao meu lado, enquanto estabilizava minha respiração, meu corpo estava entorpecido com aquela sensação prazerosa, mas logo a culpa me consumiu e voltei a pensar. Porque não consigo resistir a esse homem? Era para eu o desprezar, odiar, mas aqui estou eu entregue a ele novamente. As lágrimas rolaram em meu rosto sem que eu perceba, e me virei de costas a ele:
_ Alice o que foi? Eu te machuquei?_ ele põe sua mão em meu ombro preocupado.
_ Não me toque_ digo em um sussurro.
_ Mas, eu pensei que...
_ Vai embora, por favor._ foi o único que pude dizer entre as lágrimas que insistiam em cair. Eu sentia o buraco em meu peito dolorido. Aquilo era errado. Tudo o que envolvia ele era errado, mas meu corpo e coração o queriam.
Ouvi que este arrumava sua roupa e antes de sair este disse:
_ Por favor, Alice, pense no que eu te disse, eu preciso de você mais do que imagina._ sua voz era triste e preocupada, mas eu não conseguia me mexer, apenas encarei o escuro, até que depois de um tempo levantei indo até a sala e sentei no sofá abraçando meus joelhos.
Ouvi a voz de Cata, ela falava com alguém:
_ Boa noite_ disse minha amiga.
_ Boa noite_ ouvi a voz masculina, só podia ser o Eric.
Ela girou a maçaneta entrando e ligando a luz:
_ Ué não era para você estar em Guarulhos? O que aconteceu?_ pergunta esta sentando ao meu lado.
_ James.
_ AH_ ela abre a boca em surpresa_, eu sabia que ele tentaria te encontrar de novo. E ai?
_ Nós conversamos e ele me trouxe para casa, só que quando cheguei o Felipe estava aqui.
_ Aqui?_ ela parecia surpresa e assinto com a cabeça.
_ Ele tentou me forçar a fazer sexo com ele.
_ Aquele desgraçado_ solta ela enervada.
_ Se não fosse o James teria sido pior._ ela amenizou seu nervosismo, enquanto pegava uma mecha de meu cabelo e o enrolando.
E logo ela começa a rir:
_ Pelo visto a conversa com o Sr. R foi bem interessante já que você está com um chupão no pescoço.
Cobri meu pescoço com as mãos:
_ Eu..._ não sabia como me explicar.
_ Não precisa dizer nada, amiga, eu entendo.
_ Eu me sinto mal, o que há comigo por que não consigo dizer não a ele?_ pela primeira vez em anos me senti vulnerável.
Ela se ajeitou ao meu lado, suspirando:
_ Eu acho que sei a resposta, mas você não vai gostar.
A encaro sem entender:
_ Você o ama.
_ Não, eu não amo o James._ digo exaltando minha voz.
_ Você até está dizendo o nome dele, é mais claro que a água e só você não vê, eu sinto essa energia entre vocês e é intenso, ele sente o mesmo por você e eu sei que o que aconteceu foi grave, mas ele também te ama.
_ Como você pode ter certeza disso?
_ O Eric me contou que recebeu uma ligação do motorista de Readen há algumas semanas, ele estava em estado catatônico, e ele chamava seu nome. Se isso não for amor eu não sei dizer o que é.
_ Eu não sei o que sentir..._ minha voz falha.
Cata somente me abraça, eu senti meu coração bater descompassado e ainda doía, mas agora era diferente, o buraco em meu peito parecia estar quase curado, e por mais errado que pudesse ser, eu queria e ansiava estar com Readen, ele era o pedaço que faltava em mim, eu precisava dele ao meu lado, assim como ele precisava de mim.

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Desculpem a demora, mas amanhã garoto um novo capítulo... Beijos e até lá pessoal

With Eyes Wide Open (De Olhos Bem Abertos)Onde histórias criam vida. Descubra agora