Capítulo 28

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Algumas horas antes. Ela vê quando seu Jamie sai da casa com a loira e Eric. Esta massageia o pescoço dolorido, ele tinha usado muita força:
_ Maldito..._ sussurra entre dentes.
Caminha com dificuldade até o telefone da sala e disca o número da irmã:
_ Você sabe que horas é agora, sua lesada_ solta esta ríspida do outro lado da linha.
_ Cala a boca, Silvia, quero que procure o Readen agora mesmo e não saia de sua cola.
Nisso o tom da mulher do outro lado da linha muda:
_ O que aconteceu?
_ Convenci a mosca morta a cometer suicídio, o Jamie saiu daqui como um louco, procure-o, eu o quero, ela não me pode tirar ele, nem mesmo estando morta.
_ Você tem noção do que acabou de me contar, Greta, isso é coisa séria, lhe disse bem para que pare com isso ou a denunciaria.
Greta riu alto e calorosamente:
_ Ai Silvia, você nunca faria nada, é uma covarde, então obedeça e faça o que disse, sim._ esta cortou, e passou as mãos freneticamente sob os cabelos castanhos.
Subiu as escadas, indo até o quarto, encontrando o celular de Readen em cima da cama. Ela pega o objeto, jogando-o contra a parede:
_ Ele é meu! Meu!
Nervosa bagunça seus cabelos, ajoelhando-se no chão e balançando como se fosse uma criança com medo.
Flashback. Dez anos atrás. Londres, em um fim de tarde nublado e cinza. Greta conversava por celular com um dos negociadores das Corporações Eisenberg, odiava fazer aquilo, sempre deixava nos ombros da irmã mais velha, porém aquilo teve de resolver sozinha. Adentrou furiosa a boate, remexendo seus cabelos que até então estavam em seu natural loiro. Este estava lotado, sentou-se no balcão e pediu três dedos de whisky. Seus olhos analisaram o local, até avistar, em um canto sentado com uma morena, um homem que nunca tinha visto ali, ele devia ser um ou dois anos mais novo que ela, mas aqueles olhos castanhos esverdeados ao longe pareciam misteriosos e vorazes. Seu cabelo bagunçado era um misto perfeito como se ele tivesse recém feito sexo, e o sorriso de lado que dava a morena demonstrava o que ele realmente era, um predador: selvagem e mordaz.
Havia algo diferente naquele homem, ele emanava energia sexual, só de olhá-lo sentia a humidade entre suas pernas se intensificar, ele tinha que ser seu, essa noite.
Greta mordeu o lábio, pegando a bebida que o garçom trazia, para logo segurar este e perguntar em seu inglês perfeito:
_ Quem é aquele?
_ James Readen_ responde o barman_, Você não faz o tipo dele.
Esta o fuzila com os olhos, para logo rir alto:
_ Olhe bem para mim_ indica seu corpo_ que homem não iria me querer?
O barman ri ainda mais alto, mexendo a cabeça em negativa:
_ Ele prefere as morenas.
_ É o que veremos.
Ela bebe todo seu whisky  e levanta de seu assento, caminhando para o outro lado da boate onde estava Readen.
Greta para ao lado direito da morena, mas este não repara nela. Esta sorri, mexendo a cabeça em negativa, ninguém a ignorava. Esta vira seu corpo, olhando para as pessoas que dançavam e logo fala olhando para ele:
_ Você é brasileiro?_ sua voz saia rouca e sensual.
Nisso os olhos castanhos esverdeados viram-se para ela, analisando-a dos pés à cabeça, para logo sorrir:_ Sim.
A mulher ao lado dele diz alguma coisa, porém Greta foi mais rápida, o segurou pelo pulso e o arrastou para a pista, mesmo com a morena protestando:
_ Vem dançar comigo.
O homem apenas sorri e quando chegam na pista, Greta entrelaça os braços em seu pescoço, enquanto este permanecia duro, com as mãos nos bolsos, encarando-a agora seriamente:
_ Eu não danço.
A loira aumenta mais seu sorriso safado:_ Não precisa dançar, deixe-me no comando e eu faço tudo.
Percebendo o duplo sentido de suas palavras, seus olhos ficam em chamas. Seus olhos encontram o dela e esta começa uma dança particular a ele. Greta começou movendo seu corpo de forma sexy e sinuosa ao seu redor, passando suas mãos por este.
James alargou seu sorriso, mordendo logo em seguida seu lábio inferior, olhando os fartos seios da mulher que saltavam daquele vestido apertado. Com certeza, esta se destacava na pista, as europeias não eram cheias de curvas e geralmente eram pálidas, porém a loira a sua frente era levemente bronzeada e provocava com seu olhar ousado.
Sentia seu membro criar vida em suas calças só de olhá-la, “Uma noite com essa mulher, seria divertido”.
_ Geralmente não gosto de loiras._ solta este de forma burlesca.
Ela o segura pelo queixo:
_ Não se preocupe, querido, eu faço você gostar.
Ele a pega pela cintura, colando-a a seu corpo e esta aproxima-se de sua boca, mordendo seu lábio de leve:
_ Vem comigo..._ sussurra esta com a voz rouca.
_ Pra onde?
_ Pra um lugar em que pode sentir tanto prazer que você nem imagina, um lugar onde não precisamos nos esconder.
Ela beija o pescoço dele e roçando os lábios por toda a extensão, chegando a sua mandíbula e logo mordiscando o lóbulo de sua orelha. Este geme, apertando-a mais:
_ Onde fica esse lugar?_ pergunta este apressado.
Esta sente a ereção saliente bater em sua barriga e isso a excita ainda mais.
Greta segura sua mão e ambos saem às pressas da boate, para a noite fria de Londres, na frente deste pegam um taxi. Ao entrarem neste, Greta pula neste, beijando-o vorazmente, James a deita, fazendo-a bater a cabeça no vidro do carro:
_ Sem safadezas no meu taxi_ resmunga o velho que dirigia.
Após um olhar furtivo estes se separam, ela ajeitando seu vestido e James tentando esconder sua ereção:
_ James Readen, hein_ sussurra esta,
Ele firma as mãos em sua cintura e logo desliza uma delas pelas coxas da mulher:
_ Pelo visto já sabe meu nome, e você femme fatale, como se chama?
_ Me chame como quiser_ sussurra esta, entrelaçando seus braços em seu pescoço.
_ Não mude de assunto._ responde este frio, mas sensual por trás da ameaça.
Ela pensa por um instante, louca para tê-lo, então resolve dizer a verdade:
_ Greta Eisenberg.
Houve um estalo em sua mente e este a solta de imediato, fato que ela estranha:
_ Corporações Eisenberg?_ pergunta este com o semblante distante.
_ Sim, algum problema?
_ Sou o novo sócio do Augustus Waden, na R&R enterprise._ ela sorriu triunfante, mas James ainda estava assustado.
_ Isso é ótimo.
_ Não, isso é uma péssima idéia, não posso só pensar com o meu pau.
Ela riu ainda mais:_ Acalme-se e eu te explicarei tudo quando chegarmos.
O puxou pelo colarinho, beijando-o, este estava louco para coloca-la em seu colo, mas o taxista estava de olho neles:
_ Me diz porque não posso fode-la em meu apartamento, hein?
Esta sussurra em seu ouvido:_ Pra onde vamos não há limites para o prazer.
James estremece, louco para começar a brincadeira. O taxi para na frente de um prédio antigo, acha estranho, pois o local parecia abandonado, ouvia-se uma música mas não era muito alta, parecia estar sendo abafado. Greta agia naturalmente, mas James sentia como se estivesse entrando em uma cova de leões.
O homem na porta, vestia um terno todo preto e os encara sério. Greta foi quem falou:
_ Este é meu acompanhante_ e o encara_ se tivermos sorte, será nosso futuro sócio.
O porteiro lhes entrega máscaras e pela primeira vez, James olha aquela que seria a máscara que o levaria a perdição, e enruga o cenho em desaprovação, a loira a sua frente apenas ri de lado, enquanto vestia seu adereço:
_ Faz parte do show, Jamie..._ ela destacou o sobrenome carinhoso e James fez uma careta, não tinha gostado do jeito que o chamou.
A porta se abre e ambos vestem suas máscaras seguidas de umas capas pretas. Readen ri lembrando de um filme de Kubrick. Porém o jovem ainda não estava preparado para o que veria. O prédio era na verdade uma mansão, as paredes eram pintadas de branco com detalhes dourados. O lugar era extremamente iluminado e um lustre gigantesco de cristais pendia do teto.
James sente receio, mas mesmo assim ignorou seu subconsciente, seguindo Greta.
Haviam várias pessoas encapuzadas no salão com os rostos cobertos por máscaras também, no ambiente soava a música “The flower duet_ Lakme”. E no centro da pista, pode distinguir, cinco corpos nus, eram belas mulheres de pele branca, ajoelhadas no chão também cobriam o rosto. E no centro do que seria um pentagrama um homem de vermelho, com uma máscara sombria as rodeava e com uma espada passava de uma a uma como um rei declarando quem seria seu cavalheiro. James sentiu um frio subir sua espinha ao ouvir um conjuro estranho sair da boca do homem de vermelho.
_ Que lugar é este?
_Sh...esta é uma iniciação_ explica Greta_, após elas transarem com o mestre, serão membros permanentes da sociedade.
James vira seu rosto a esta, surpreso:_ Sociedade?
_ Pensou que esta fosse uma das famosas casas de swing de Londres? Não, esta é uma sociedade secreta, apenas os de renome da Inglaterra e da Europa a frequentam. Temos uma em São Paulo, liderada pelo meu amigo Ronaldo Lemes_ Readen arregala os olhos, reconhecendo o nome_, eu e minha irmã somos as próximas na linha de sucessão_ esta parecia orgulhosa ao falar._, temos os membros mais ricos do Brasil, podemos ajuda-lo nos negócios se entrar_ diz esta sugestiva.
James não tirava os olhos da pista, mas prestava atenção em tudo o que Greta dizia. Este vê quando as mulheres do pentagrama começam a massagear e se esfregar no corpo do mestre, sente-se estranhamente excitado ao ver aquela cena e desvia o olhar:
_ Eu quero participar, mas não quero ajuda nos negócios. Apenas quero me divertir_ ele destaca suas palavras e sorrindo Greta, que tinha suas mãos em seu peito, as desliza até chegar em seu membro sob a calça.
_ Diversão é que não vai faltar.
Ela o conduz até um corredor, a luz era fraca e de cor vermelha, dava um ar sombrio ao lugar e haviam várias portas, a loira abre uma destas e antes de adentrar, sussurra:
_ Bem- vindo ao meu mundo, Sr. Readen...
Os olhos de James cravaram em um suporte de metal que sustentavam duas braçadeiras suspensas, ao lado deste havia um armário com várias gavetas “O que terá dentro?” foi sua primeira pergunta, e um pote cheio de camisinhas estava sob este, mas logo avistou Greta no meio do quarto, tirando a máscara e logo a roupa. Com certeza, a mulher a usa frente era muito fogosa, seu corpo exalava sexo e ele queria fode-la até ela não sentir suas pernas.
A mulher deslizou o vestido pelo seu corpo, soltando-o no chão e lhe sorriu de lado:
_ Tire a roupa_ esta ordena, caminhando até um aparelho de som, a música que soou era lenta e sexy.
James apressou-se em se livrar de sua máscara e as roupas, mas Greta fez sinal para que deixasse seu jeans.
Nisso reparou numa cama com lençol de cetim preto no canto a esquerda. Ele caminha até a mulher que o barra:
_ Você vai experimentar coisas novas hoje._disse esta pegando uma venda e tapando seus olhos, o segurou pela mão, levando-o até o suporte de metais e prendendo-o pelos pulsos com as braçadeiras.
_ O que você vai fazer?_ pergunta ainda confuso com aquele joguinho._ Eu não gosto de ser amarrado.
_ Sh... você vai gostar.
Ela pegou um arreio de couro e com a ponta, deslizou esta pelas costas de Readen, a sensação faz seu corpo estremecer.
_ O que é isso?_ perguntou sentindo seu membro despertar com a sensação de eletricidade pelo seu corpo.
A mulher analisava seu corpo se arrepiar aos poucos.
_ Caladinho ou será punido.
Seu subconsciente disparou nesse instante:
_ O que?
Nisso o chicote atingiu suas costas, a dor o fez gemer:
_ Eu disse caladinho, aqui quem manda sou eu.
Ele abafou um palavrão que queria dizer, para logo sentir a louca abrir seu zíper, queria protestar, mas logo sente seu membro sendo envolvido por aquela boca. Os movimentos aumentavam em um vai e vem prazeroso, Greta chupava e lambia seu membro, ele queria se mexer mas sabia que ela o puniria caso o fizesse, precisava reverter essa situação.
Sentiu seu pau bater na garganta da mulher, reprimiu um gemido que insistia em sair, estava tão vulnerável nesse instante e estava prestes a gozar, a língua da maldita percorreu suas bolas e logo as sugou, essa foi a gota d’água, puxou com força as braçadeiras gozando com vigor, ainda evitando gemer.
Nisso a loira o solta das braçadeiras e o desvenda, este estava cansado, ofegante. A vê perto do pequeno armário, esta limpava os peitos, pelo visto havia gozado neles e sorriu com esse pensamento.
_ Eu sou uma dominadora_ sussurra esta.
James sorri:
_ Eu acho que essa era a palavra que eu estava procurando_ disse este, levantando e pegando-a pela cintura e numa rapidez incrível a joga na cama, a surpreendendo.
Esta o encara ainda confusa, este pega uma camisinha e rasga o envelope, sussurrando:
_ Eu também sou um dominador_ a puxou pelas pernas ficando entre elas, esta o encarava ainda assustada e este sorri_ e enganou-se em me bater agora a pouco.
Ele arranca a calcinha dela, jogando-a de lado. Percorreu o recipiente por toda sua extensão, a mulher o encarava com desejo e medo e isso o excitava ainda mais, ela estava tão molhada que deslizou para dentro dela de uma vez, estocando uma e outra vez, Greta gemia alto, enquanto seus dedos massageavam seu clitóris.
E em um movimento brusco, ele sai de dentro dela e a vira de bruços, sua respiração era ofegante e desejosa:
_ Empine a bunda_ ordenou este arfante.
Esta não entendeu por um instante até ele apertar suas nádegas as empinando:
_ Fique firme_ disse este tentando estabelecer sua respiração_, depois disso, suas pernas ficarão bambas.
A convicção em sua voz a fazem ansiar pelo o que ele faria, esta empinou sua bunda, sentindo-se totalmente vulnerável, nem parecia uma dominadora como sempre impusera a todos, e isso fez James sorrir, ele a penetrou novamente com facilidade, estocando uma e outra vez, preenchendo-a totalmente, esta gemia e suspirava a cada estocada, ela nunca sentira tanto prazer em toda sua vida, ela apertava os lençóis, enrugando-os, foi quando sentiu o primeiro tapa queimar sua pele, era forte e aumentava seu prazer ao extremo, James continuou dando um tapa a cada nova estocada, ela gemia a cada vez mais alto, sentindo o calor preenchendo-a e numa última palmada juntamente com a estocada final, esta gritou ao mesmo tempo que James soltou um gemido alto e abafado, desabando em cima dela.
O homem cansado e suado, sai de cima dela, enquanto Greta ansiava por toca-lo:
_ Aonde vai?_ pergunta esta ao vê-lo vestir-se.
Este sorri de lado, enquanto vestia sua calça:
_ Ué, não é assim que as coisas funcionam, uma foda fantástica e logo uma rápida retirada?_ responde este sarcástico.
Esta tenta se recompor, e quando tenta levantar quase cai, fato que faz James sorrir:
_ Eu avisei.
Esta apenas sorri de lado, pegando suas roupas. Minutos depois, ambos saem do quarto com suas máscaras e devidamente vestidos. Passam pelo hall e Readen dá mais uma última olhada para as pessoas ali presentes, havia um casal exibicionista, fazendo sexo no meio no salão entre outros que dançavam e se apalpavam ao som da música. Ele sorri triunfante por trás de sua máscara.
Na porta, Greta retira sua máscara e quando James entregaria a sua ao homem da entrada, esta diz:
_ Fique com essa, você é o novo membro da Vips a partir de agora.
Os olhos castanhos esverdeados ficam sombrios, analisando o objeto, ele sentia que aquilo o aprisionaria para sempre.
_ Você não vai se arrepender_ completa a loira, esta passa a mão sob seu peito e este retira suas mãos_, o que foi? Sabe que podemos nos encontrar lá novamente, né.
James mexe a cabeça em negativa, sorrindo perversamente, enquanto chamava um taxi na rua:
_ Me desculpe, Greta, mas não transo com a mesma mulher duas vezes_ a mulher o encara séria e este apenas sorri seu melhor sorriso de lado.
Esta aperta os lábios em uma linha reta, estava nervosa:
_ Você ainda vai ficar de joelhos por mim, James Readen.
O taxi para ao lado de James e este diz ao abrir a porta:
_ Vamos ver quem vai estar de joelhos, Srta. Eisenberg.
Este entra no veículo, deixando-a parada na ruela escura. Greta aperta suas mãos em punho, nunca um homem a fizera sentir assim, parecia derrotada e um único pensamento rondava em sua mente “Ele ainda vai ser meu!”.
Atualidade. Ainda com as mãos na cabeça, Greta encontrava-se no chão, parecia uma criança amedrontada. Quando, um barulho a desperta de seu transe. Esta levanta, descendo as escadas rapidamente. Mais uma vez o barulho a assusta, parecia metal sendo remexido e vinha da cozinha.
“Não pode haver ninguém aqui”, pensou “Isto é um condomínio fechado, ninguém entra ou sai sem ser visto, aqui é seguro, deve ser só minha imaginação”, repetia para si, tentando se convencer. Ela vai lentamente, até chegar na porta da cozinha, tudo parecia normal, não havia nada fora do lugar. Foi quando notou algo de estranho na geladeira de metal, aproximou-se e uma marca de mão húmida desaparecia aos poucos.
Seu coração parou por um nano segundo e sentiu seu corpo gelar. Esta pulou no faqueiro que estava sob a pia, pegando uma faca. Ela vai cuidadosamente até a porta que dá aos fundos, verificando esta, mas estava trancada. Caminha lentamente para fora da cozinha, seu coração estava a mil, deixando seus sentidos em alerta.
Esta atravessava a sala com cautela. E o soar do telefone a faz saltar e soltar um grito abafado por suas mãos tremulas. Greta tenta estabilizar sua respiração, indo até o aparelho, atendendo a chamada:
_ Alo? _ esta pergunta, mas ninguém responde, mas havia uma respiração forte e falha do outro lado_ Alo? Fala, quem é?!_ pergunta novamente exaltando a voz, esta olha para o identificador de chamadas, mas os números não apareciam.
Um barulho estranho e estridente começa a soar pelo aparelho, machucando seu ouvido e esta o solta no chão, nisso as luzes da casa começam a falhar e conforme o barulho no telefone ficava mais alto, as luzes apagam de vez. O coração de Greta, parecia estar em todo seu corpo, pois já não sentia mais nada, além de medo, não pensou duas vezes; pulou em sua bolsa que estava no sofá e sai correndo para fora, entrando em seu carro que estava estacionado a frente da casa, esta ainda tremula, pegas as chaves fazendo funcionar o veículo, saindo às pressas do condomínio.
Ela respirava acelerado, tremendo, aperta as mãos no volante, ela não entendia o que havia acabado de acontecer, apenas sabia que o medo a consumia.
Ainda tremula, pega seu celular da bolsa, discando o primeiro número de sua lista, que era o de Silvia:
_ O que você quer agora?_ pergunta a mulher irritada do outro lado da linha.
_ Não ouse elevar a voz a mim, sua vaca! Tem alguma coisa estranha acontecendo, tive que sair do condomínio.
_ O que? Como assim?_ pergunta Silvia, que parecia sonolenta.
_ Não sei, tinha alguém na casa...
Ela olha para os lados antes de uma esquina e nisso repara numa figura parada no meio da calçada, sua camisola branca, esvoaçava com o vento, mas ninguém parecia vê-la ali. Esta olhava fixamente para Greta, seus olhos castanhos pareciam cheios de dor.
_ A-Alice..._ sussurra esta.
E o impacto veio inesperadamente, sua cabeça bate com força no volante, ainda atordoada, leva a mão a cabeça:_ Droga..._ murmura, sentindo um galo se formar em sua testa.
Pega seu celular que voou para seu para brisas. Tira seu cinto de segurança, saindo do carro. Ela olha para a calçada, mas ninguém ali se encontrava.
Uma voz masculina interrompe seu transe momentâneo:
_ Você não viu o sinal vermelho?!_ ela o olha confusa_ Olha meu carro! Eu vou chamar a polícia_ diz este impaciente.
Nisso ela acorda, falando:_ Não, por favor, não chame, eu pago o que você quiser._ sua voz ainda tremula, era um resquício da Greta mandona e imponente.
_ Você está falando sério?_ este a olha dos pés à cabeça, vendo-a de camisola.
_ Eu sou Greta Eisenberg_ disse esta recuperando seu tom de imperatriz_ e pago seu preço_ tira um cartão _ ao amanhecer, ligue para este número e o dinheiro que pedir, será depositado em sua conta.
O homem olha o pequeno pedaço de papel, em dúvida:
_ Como posso saber que isso é verdade.
Esta revirou os olhos, ainda com uma das mãos em sua testa, passando a este sua identidade, este olha o nome sem entender o que ela queria provar:
_ Sou das corporações Eisenberg, eu não tenho tempo, se quiser mesmo o dinheiro e se importar com seu carro, irá ligar._ Diz esta já irritada
_ Calma ai senhora, eu vou ligar._ este recua, voltando a seu carro com a traseira totalmente amassada.
Esta entra em seu carro, continuando seu trajeto até o prédio das corporações. Passa pelo estacionamento, o guarda da noite a olha confuso, pois estava com roupas intimas, esta o ignora entrando no elevador. O elevador abre no andar que leva a seu escritório que era a primeira porta a esquerda e a do lado era de Silvia. Seu celular tocava incessante enquanto passava pela primeira sala, que estava escura, a mulher olha a tela, era sua irmã:
_ Porque não me atendeu?_ pergunta a mulher do outro lado, parecendo preocupada.
_ Eu tenho mais o que fazer sua imprestável.
_ Eu fiquei preocupada, o que aconteceu?
Greta bufa, enquanto gira a maçaneta de sua porta, falando:
_ Eu bati o carro, mas já resolvi tudo, afinal meu é Greta e não Silvia, não é, traga umas roupas que prestem para mim, para aquela casa eu não volto._ ela desliga sem esperar a resposta da irmã.
Esta liga a energia e só então percebe que seu escritório está totalmente revirado. Seu coração acelera diante da situação e sai correndo, entrando na sala correspondente a Silvia, trancando-se neste.
Horas mais tarde, o sol entrava pela janela, Greta estava encolhida perto da escrivaninha de Silvia.
Ela abre os olhos, sentindo todo seu corpo dolorido por ter dormido no chão, pega seu celular, já eram as oito da manhã, uma batida na porta chama sua atenção e vai até esta, abrindo. Uma Silvia, irritada e de lábios apertados, entra, seu terninho branco, acentuando seu corpo esbelto:
_ Eu te chamei umas mil vezes, Greta.
A mulher revira os olhos, pegando a sacola que a irmã trazia em mãos:
_ Não exagere_ abre a sacola, pegando a escova de dentes e roupas que Silvia levou, entrando em um pequeno banheiro que ficava no canto da sala desta.
_ Porque está em minha sala?_ pergunta esta recostando-se sob sua escrivaninha enquanto esperava sua irmã.
_ Alguém entrou no meu, estava todo revirado_ disse esta enquanto vestia um vestido tubinho branco.
Silvia a encara sem entender:
_ Eu acabo de vir de lá, está tudo no devido lugar, até os copos de whisky que tomamos antes de sair ainda estão sob sua escrivaninha.
_ Não é possível_ Sussurra Greta, saindo do banheiro e ajeitando seu cabelo.
Esta sai correndo até sua sala, e ao abrir a porta, seu coração cai no chão. Estava tudo em ordem, até os copos como disse Silvia, “Eu não imaginei, eu não imaginei”, dizia esta para seu subconsciente.
A mulher vai até seu armário e pega um sobretudo preto para encobrir o vestido branco que a irmã a emprestara.
_ Você já sabe da última?_ pergunta Silvia cruzando os braços.
_ Claro que não, eu passei a noite toda aqui._ solta esta irritadiça.
Silvia apenas ri de lado:
_ O porteiro do prédio London disse à polícia que a viu sair minutos antes de ocorrer o disparo.
_ O que? Aquele velho maldito!_ esta amarra o sobretudo, demarcando sua cintura_, isso não prova nada._ solta esta entre dentes.
_ Isso é perigoso Greta, vamos sair do país e esperar as coisas esfriarem.
Greta riu alto como se tivesse ouvido uma piada:
_ Eu nunca! Eu não vou deixar o Jaime, ele é meu! E agora que a Alice saiu de cena, nada ficará em meu caminho.
Esta tenta passar pela irmã, mas Silvia a segura pelo braço:
_ Eu não acredito no que acabo de ouvir.
_ O que? _ esta a olha sem entender, fingindo indignação em sua voz_, você sabe que amo o Jaime.
Silvia respirou fundo:
_ Não! Isso já não é amor, isso é obsessão, você não vê? Acaba de destruir a vida desse homem, matando a única mulher que ele já amou.
Esta puxa seu braço, mas Silvia não à solta:_ Se ele não vai ficar comigo, não vai ficar com ninguém.
A loira solta a irmã ao ouvir suas palavras, nervosa passa as mãos pelo cabelo, dizendo:
_ Você acha mesmo que ele ficou contigo durante esse tempo porque gosta? Na verdade aquele homem sente nojo de você! Greta, eu sinto pena do que se tornou, uma mulher sozinha e sem amor.
Greta gargalha ainda mais:
_ AH... eu sozinha e sem amor? É ai que você se engana irmãzinha, o James é meu e eu tenho tudo o que quero! Não sou como você uma lésbica patética e sozinha.
Silvia a encara com espanto, diante do olhar de nojo da irmã.
_ Eu sei o que você é a muito tempo_ continua Greta_, você é uma vergonha para nossa família, o que o papai diria ao ver sua primogênita, hein._ esta encara desafiadoramente, porém Silvia permanecia ereta e impassível, evitando não chorar_, sou eu a que deveria liderar essa empresa e não você!
Silvia desfaz sua feição de espanto e sorri tristemente:_ É, você sabe tudo e tem tudo o que quer..._ esta passa ao redor da irmã, a analisando_. Quer essa empresa? Pegue, ela é sua. Mas, mesmo com tudo isso, viverá sozinha com seu dinheiro, por que comigo já não conta mais.
E a loira segura a maçaneta e rindo de sua cara, Greta diz:
_ AH... Largue de besteiras, você não vive sem mim!
Silvia gira a maçaneta lentamente e deixando suas lágrimas enfim rolarem:
_ Eu sei o que fez a Bianca e não pense que tem poder sob mim, você ainda vai se arrepender pelo o que fez a ela!
Ela vê a irmã sair, batendo a porta. Greta fica atônita, seu rosto branco como papel, sua mão tremeu até seu celular que pôs em seu bolso, ligando para alguém, este atende no primeiro toque, a voz masculina e grossa soa firme do outro lado:
_ Sven, preciso encontra-los, é urgente.
_ Onde?
_ Na boate Real, as oito, não haverá ninguém para nos incomodar, infelizmente, teremos que dar um jeito em minha irmã.
Esta desliga sem esperar a resposta do homem.  Greta sai de sua sala esbaforida, a secretária a encara com espanto:
_ Srta. Eisenberg...
_ Fique quieta mosca morta, hoje não quero ouvir sua voz!
Esta entra na sala da irmã, deparando-se com Readen, ele encontrava-se de costas a mulher, vestia seu terno cinza escuro e colocava uma pastilha efervescente em um copo de agua gelada.
_ O que faz aqui?_ pergunta esta desafiando-o.
James apenas ergue uma sobrancelha, sem se importar com sua presença, bebeu todo o liquido do copo. Não havia feito a barba e seus olhos estavam vermelhos e pelo jeito que a olhava, não estava ali para brincadeira:
_ Pelo visto teve uma noite interessante assim como eu_ solta este ao acaso como se não falasse com ela.
Esta põe as mãos na cintura, tentado se impor a ele, mas este a ignora:
_ Eu o perdoo por ter saído ontem à noite.
_ Não vim aqui buscar seu perdão.
Lhe joga uma pasta e a mulher o encara sem entender:
_ O que é isso?
_ Leia Srta. Eisenberg._ disse este passeando pela sala.
Esta folheia as páginas e arregala os olhos, indignada, e solta ríspida:
_ Você quer desfazer a sociedade entre nossas empresas? Porque?
_ Não se faça de boba, Greta, que de boba sei que não tem nada, eu não sou seu fantoche_ ele destacou a última palavra, elevando a voz_, e não ficarei aqui fazendo o que você quiser! Foda-se a sociedade! Foda-se tudo! Eu não quero vê-la em minha frente nunca mais!
_ Jamie você é meu..._ sussurrou esta como uma criança chorosa.
Ele ri fria e sarcasticamente:_ Querida, eu nunca fui seu._ nesse instante ela reconheceu aquele Readen que conheceu em Londres, esse não era mais o dominador que ela cismou em criar, era essa sua essência e ela não gostava disso.
A porta bateu novamente assustando-a, aquilo já era muita informação para um dia, esta caminha lentamente até a escrivaninha, sentando, sua postura ereta agora estava cansada e seus olhos vagavam por toda a sala sem direção precisa.
Devia haver passado horas, ela não sabia, ainda sentia um aperto em seu peito, a inconformidade a incomodava.
Sua secretária deu duas batidinhas; entrando logo em seguida.
_ Srta. Eisenberg..._ disse esta receosa, fitando a megera a sua frente.
Esta bufou, logo elevando a voz:_ Eu falei para não me incomodar.
_ Eu sei, senhorita, mas é de suma importância_ esta dá uma pausa e logo ve a mulher a sua frente encara-la nervosa_, o detetive Carlos Nogueira, encontra-se fora.
_ Detetive... _sussurra esta, deixando a palavra no ar.
_ O deixo entrar?_ pergunta esta ainda em dúvida, mas surpreende-se ao ver o frieza de Greta transformar-se em medo.
_ Sim..._ a voz dela era um fio nesse momento.
Com a saída da secretária, a mulher se recompõem, endurecendo seu semblante, afinal era uma femme fatale e nada a atingiria.
Logo, Nogueira entra, estava com seu terno marrom surrado, seu semblante sério e impassível.
_ Boa tarde, Srta. Eisenberg_ diz este arrastando a voz, fato que o fazia soar sombrio.
Esta força um sorriso:_ A que devo a visita, detetive._ lhe indica para sentar e este o faz.
O homem ergue os olhos e a encara, sem em nenhum momento desviar seus olhos dos dela:
_ Venho lhe falar sobre o caso Alice Almeida.
Esta olha para o lado, disfarçando:_ Alice, quem?
_ Não finja que não reconhece o nome, sei o que fez à ela meses atrás e o que a levou a fazer noite passada.
Esta ouvia tudo friamente:_ Sr. Nogueira, não sei do que está falando, caso queira me acusar de algo é melhor falar com os meus advogados.
O detetive riu secamente:_ Me falaram que você é osso duro de roer, mas eu sou brasileiro e não desisto nunca._ diz este rindo de sua piadinha particular, ele retira umas fotos da pasta que trazia, jogando-as sob a mesa de Greta.
_ Não vou dizer mais nada_ continuou o homem_, apenas olhe, sei o que fez, sei do dinheiro que desviou e das pessoas que matou com seus comparsas alemães.
Ela pega as fotos, arregalando os olhos ao deparar-se com imagens dela com Sven e Maik, as fotos de quando abusaram de Bianca, esta estremece diante da situação que se encontrava.
A voz do detetive cortou o silencio:_ Quero cinco milhões de dólares ou eu abro o bico.
Esta riu:_ Eu não tenho cinco milhões, Sr. Nogueira, e não cederei a sua chantagem, já disse que não sei do que fala.
_ Vai continuar fingindo?_ ele massageia seu bigode de JJ Jameson freneticamente_ Então continue a fingir, sabe que sou amigo de Alice devido as escutas que pôs em sua casa, não adianta fugir, eu a encontrarei onde você for.
A mulher apenas sorriu ainda mais:_ Eu não cedo a ameaças Sr. Nogueira e além do mais, quem acreditaria no senhor? É um detetive charlatão e agiota, nem tem onde cair morto, é só eu estalar meus dedos e você desaparece.
Este ainda com seu ar sombrio, respondeu friamente sem pestanejar:
_ Já que quer do jeito difícil, assim será._ ele pega as fotos, voltando a guarda-las na pasta que trazia e silenciosamente se retira.
Em nenhum momento Greta desfaz seu semblante de dama de ferro. Quando este enfim sai, esta pega seu celular.
_ Sven, esqueça minha irmã, temos algo mais sério para lidar.
_ O que é?
_ Tem alguém nos chantageando, quero ele morto, mas faça parecer algo casual, um acidente de carro, vazamento de gás, mas faça algo, entendeu._ nesse instante ela lembra de algo_, e esvazie nossas contas no exterior, não quero deixar vestígios.
_ Okay_ solta o homem com seu sotaque forçado. Desligando.
Greta ainda inquieta, vai até a garrafa de whisky que ali deixara no dia anterior e o bebe de uma vez só, como se fosse água, pigarreia sentindo o álcool queimar sua garganta. Nisso, seu celular volta a soar e o número era de Sven:
_ Você foi rápido.
_ A conta está zerada._ a voz soou estridente do outro lado.
_ O que? Verificou bem?
_ Já disse que não há nada lá. O que está acontecendo, Greta. Não era esse nosso acordo.
Esta riu seco, indignada:_ Acordo? Eu os tirei da prisão, vocês fazem o que eu mando! Verifiquem o que aconteceu agora!_ esta grita, jogando seu celular na parede.
Sua respiração estava errônea, e sua mente vagava por tudo o que fez nos últimos anos e em tudo o que a levou a fazer isso. Ela sempre gostou do poder, mas agora tudo havia saído de seu controle.
Esta pega sua bolsa e quando sai da sala da irmã, depara-se com sua secretária e dois assistentes do 15º andar. Os três olhavam para uma folha, estavam pasmos.
_ O que estão olhando? Procurem algo para fazer!
A secretária vira a folha, mostrando-lhe e dizendo:
_ Isto é verdade, Srta. Eisenberg?
Greta olha para o pedaço de papel, era sua foto e a de Alice e estava escrito “Conheçam a verdadeira face de Greta Eisenberg, chantagista, sádica e assassina”.
_ Você a matou..._ murmurou o homem ao lado da secretária.
_ Assassina!_ continuou o outro.
Os olhos da mulher ficam vermelhos de fúria e o calor sobe por sua garganta e esta grita:
_ Calem-se todos ou vão para o olho da rua!
_ Assassina..._ repete sua secretária ainda pasma.
Greta se enfia no elevador apertando furiosamente o botão do térreo. As palavras daquelas pessoas ainda soavam em sua cabeça, aquilo a deixava febril, geralmente nada a atingia, mas o fato de todos saberem o que ela faz e fez a deixava doente.
As portas se abriram na recepção e todos os ali presentes viraram seus olhos para a mulher de sobretudo preto:
_ É ela..._ alguém sussurrou alto demais.
Todos tinham o pedaço de papel em mãos, os murmúrios se misturavam e Greta tentava manter sua pose firme a cada passo, mas as vozes a penetravam, deixando-a mais nervosa do que se encontrava, na metade do salão, saiu correndo desesperadamente.
Um taxi que passava parou ao sinal dela, esta entrou com sua respiração acelerada e o calor passava pelas suas veias como magma em plena ebulição.
_ Pra onde moça_ pergunta o taxista suado.
_ Edifício Roma.
Em seu apartamento, ela vai até seu quarto às pressas, abrindo seu guarda roupa, pega seu passaporte, enfiando este em sua bolsa.
Nisso, o telefone de sua casa começa a soar, esta aproxima-se deste receosa, deixando a secretária eletrônica atender, e a voz de Maik saiu sufocada do outro lado:
_ Greta! Greta! O que está acontecendo_ havia desespero em sua voz, fato que assusta a mulher, pois nunca o havia visto com medo antes_, Quem são essas pessoas? Onde está o Sven? Havia sangue por toda a casa, me atende, por favor!
Houve um barulho forte e um murmúrio que só poderia ser de Maik, e logo o tu-tu do telefone soou de forma sombria cortando a ligação.
Greta se encosta na parede, não entendia ao certo o que estava acontecendo, e o telefone soou novamente, e esta deixa novamente a secretária eletrônica atender.
A voz era alterada:
_ Greta Eisenberg, não adianta fugir, eu sempre irei encontra-la_ ao ouvi-lo sente seu coração acelerar, o medo percorria suas veias_, eu a estou vendo agora...
A mulher se desespera, olhando para todos os lados e não havia nenhuma janela para que este a veja:
_... sei que marcou de encontrar Maik e Sven na boate Real, então espero encontra-la lá em meia hora, temos muito o que conversar.
A chamada terminou e esta se segurou na parede, seu mundo parecia girar, respirava entrecortada, devido as batidas frenéticas de seu coração.
“Quem está fazendo isso? Seja quem for, pegou Sven e Maik, eu não posso fugir assim, preciso eliminar essa pessoa e quem estiver envolvida o quanto antes”.
Ela foi ao seu quarto, vasculhando seu guarda-roupa novamente, veste suas luvas pretas e embaixo de umas roupas dobradas, encontra uma arma nove milímetros e enfia esta em sua bolsa.
Uma chuva torrencial começa a cair sob São Paulo, raios iluminavam o céu, já era noite e a cidade ficava sombria devido a tempestade. O taxi parou na frente da boate. Greta saiu do veículo sem se importar com a chuva.
Esta aproxima-se da porta da boate, vendo que esta estava encostada, entra cautelosamente. Atrás da porta haviam as chaves de energia, esta aperta os botões, porém apenas algumas luzes ascendem, deixando o local a meia luz:
_ Droga..._ murmura.
E quando adentrou o salão de dança repara em duas figuras amarradas em cadeiras, suas cabeças eram cobertas por sacos. “Sven, MaiK” foi o primeiro em que pensou.
_ Eu estou aqui, apareça se é tão corajoso como é por telefone. _ diz esta tentando parecer irônica.
Ouviu passos na escuridão, logo a sua frente, seu coração disparou novamente, ela pegou a arma de sua bolsa, estava preparada para atirar se fosse necessário e saído da escuridão, reconheceu aquele terno cinza:
_ Boa noite, Greta.
_ Jaime..._ sussurrou esta incrédula.
Ele olha para a arma e sorri de lado:
_ Oh...que meiga, vai atirar em mim?
_ O que pensa que está fazendo._ ela tenta recuperar seu
Este mexe o dedo em negativa:_ Pergunta errada_ diz este ficando sério_, a pergunta que deveria fazer é “Como me safo dessa?”.
Ela abaixou a arma e este sorriu satisfeito:_ Por que está fazendo isso?
_ Você ainda pergunta o porquê?!
Ele a rodeia, mexendo a cabeça para o lado:
_ EU só queria ser livre e você tirou tudo de mim! Eu sei que a morte de Alice é sua culpa!
Ela sentia-se diminuta diante do homem que a rodeava:
_ Eu não fiz nada, você não vê, aposto que foi aquele Nogueira, quem te envenenou contra mim!
Readen riu, mas sua risada soou sombria até para Greta:
_ Você acha que o Nogueira me envenenou?_ ele parecia lunático, fora do seu normal_ Ele trabalha para mim!
A mulher o encara pasma, seus olhos quase saindo de órbita:
_ Você... é você quem está me chantageando, você é um bastardo! Desgraçado!
Ela tenta dar um tapa em James, mas este a segura, empurrando-a de leve, seu sorriso ficando cada vez mais sinistro e cruel:
_ Nossa... até que enfim uma reação!
Esta tenta recuperar seu ar, como se seus pulmões doessem:
_ Depois de tudo o que fiz por você...
Readen revira os olhos impaciente, pegando a arma da mão de Greta com facilidade:
_ Você não fez nunca fez algo por alguém! Eu fui mais um brinquedo em seu jogo!_ Este coçou a cabeça com a arma como se aquilo em suas mãos não passasse de um brinquedo_ E agora, chegou a minha vez de jogar!
Greta olhou para Maik e Sven que estavam amarrados e com sacos na cabeça:
_ O que fez a eles?
_ Ah... nada de mais! Apenas estão dormindo, nem parecem aqueles trogloditas que fazem o serviço sujo para você.
Ela tenta se aproximar dele, mas este desvia:_ Nós somos iguais, meu amor, podemos resolver esta crise juntos.
Um trovão soa alto, fazendo-a saltar de susto e este ri:
_ Você parece tão indefesa agora._ os olhos de Readen estavam mais para o castanho nesse momento, deixando-o ainda mais perverso e ele aponta a nove milímetros para esta_. Você vai pagar pelo o que fez a Alice...
Greta prende a respiração diante daqueles olhos selvagens.
_ Você não vai me matar..._ sussurra esta.
Ele sorri de lado:
_ Duvida?_ ele vira, atirando nas garrafas do bar.
Greta arregala os olhos incrédula, os olhos de Readen tinham um brilho anormal e isso era real.
_ Pare com isso, não vê que se unir a mim é o único jeito de sair bem de tudo isso.
Este apenas aumenta seu perverso sorriso:
_ Eu não te quero, você me enoja e esses últimos meses que passei com você foram os piores da minha vida_ ele fica pensativo_, agora que a Alice se foi, não tenho mais motivo para viver...
Seus olhos castanhos esverdeados pareciam perdidos, vagando pela escuridão. Nesse instante, palmas saem da escuridão, revelando um terninho branco impecável. Silvia os encarava com um olhar sarcástico e impassível:
_ Vocês estão de parabéns, o que é isso, hein.
Greta suspira aliviada, indo até a irmã:
_ Graças a Deus, Silvia, o James enlouqueceu.
Esta passa por ela como se não a tivesse visto, caminhando na direção de R.
_ Eu acho difícil o James enlouquecer, Greta.
Os dois trocam olhares de cumplicidade, fato que confunde Greta.
_ O que...vocês...
_ Estamos juntos nessa, irmãzinha.
Greta começa a mexer a cabeça em negativa, caminhando lentamente para trás, aquilo não era possível, eles não poderiam ter se unido para destruí-la...
_ Eu vou matar vocês..._ sussurra a mulher, inconformada.
Silvia solta um riso seco:_ A situação está inversa, irmãzinha_ ela destaca o apelido carinhoso._ agora é você quem está ao nossos pés.
Mas, Readen parecia inconformado:
_ Pra mim já chega com esses joguinhos psicológicos! _ ele aponta a arma para Greta, destravando a arma_, eu vou matá-la.
_ Não era esse o plano.
_ Eu não ligo para o planejado_ diz este sem tirar os olhos de Greta_, ela matou a Alice!
_ Não vale a pena, James, cairia tão baixo quanto ela, e sabemos que ela merece sofrer.
R. estava prestes a apertar o gatilho, sua respiração estava controlada ao contrário de Greta que estava desesperada, seus olhos estavam vidrados, e nem ao menos tremia com a arma nas mãos, a mulher sabia que ele vacilaria em matá-la.
Silvia continuava tentando intervir, falando ao lado de James:
_ Ela também tirou a Bianca de mim, eu sei o que é perder quem se ama.
James contrai a mandíbula, era um momento decisivo, seus olhos estavam em Greta:
_ Você não é um assassino.
Os olhos de Readen vacilaram e quando este vira para Silvia, Greta pula neste tentando tirar sua arma.
_ Ah meu Deus..._ diz Silvia ao ver a cena.
Porém em um movimento brusco tentando tirar a novem milímetros das mãos de James, a arma dispara. Os olhos castanhos esverdeados ficam arregalados diante dos azuis de Greta.
Mas, um murmúrio inesperado os faz virar sua atenção a Silvia, que cai de joelhos no chão, esta segurava seu abdome e em suas mãos havia sangue.
_ Ah não..._ murmura Readen, empurrando Greta e indo até Silvia.
Greta fica atônita vendo a cena. R. a segura em seus braços:
_ Aguente firme, nós vamos resolver isso.
_ É tarde..._ sussurra Silvia, esta olha para a irmã que estava sem reação e uma lágrima rola seu rosto_, não serei mais um problema para você.
_ Silvia eu...
Os olhos da loira começam a se perder, e aos poucos se fecham:
_ Não- não...Silvia reaja_ James a sacode, mas esta desfalece em seus braços_ não..._ sussurra o homem como se com aquelas palavras pudesse resolver tudo, mas este aperta os olhos tentando recuperar suas forças_ Eu vou chamar a polícia.
Ele larga o corpo de Silvia levantando, Greta o acompanha com os olhos, entrando em pânico:
_ Não! Não faça isso!
Ele para olhando-a sem entender:
_ Porque eu não faria isso? Olhe o que acabou de acontecer!
Esta tenta levantar do chão e seus olhos vagam do corpo de sua irmã aos alemães desacordados nas cadeiras:
_ Com o Sven e o Maik aqui vão descobri sobre a morte da Bianca e todos os outros, daí é só um passo para descobrir o desvio de dinheiro que fiz, não pensei que a morte da Alice teria tanta repercussão, temos que nos livrar do corpo da Silvia, fuja comigo e começaremos do zero em qualquer lugar!_ diz esta suplicante.
Uma TV de LED liga no alto da boate e a cena dela falando se repete, esta olha confusa da TV à Readen que começa a sorrir e desde a tela vê quando Silvia abre os olhos e levanta.
Greta olha a irmã com espanto, ela ainda tremia pelo ocorrido vagando seu olhar de James a loira ensanguentada. A porta da boate fecha com força e com passos decisivos, entra Nogueira, como de costume massageando seu bigode, sorri maliciosamente a esta que mal conseguia dizer uma palavra:
_ Você foi pega, Greta.
_ O- o que?_ murmura esta ainda com suas mãos tremulas.
Carlos apenas sorri mais, indicando a TV que repetia sua confissão:
_ Confessou seus crimes, agora não há escapatória nem advogados que te ajudem.
Nervosa, esta começa a andar para trás, levando as mãos à cabeça:
_ Não...não...
Ela olha para todos os lados procurando escapatória, ela tenta correr, passando por James, mas esta a segura:
_ Calminha ai, Greta, eles a esperam.
A mulher se debatia tentando escapar, mas ao ouvir as palavras de R, fica atônita:
_ Eles quem..._ sua voz era um fio nesse momento.
As luzes da boate, ascendem bruscamente, machucando os olhos da mulher, que os fecha e quando volta a abri-los nota que o salão estava repleto de pessoas com capas e máscaras. Eles estavam por toda parte, pelas escadas que levavam ao segundo andar e ao redor dela.
Silvia estava ao lado de um homem mascarado, este a retira; revelando seu rosto, era Robert Ackerman. A loira de branco retira um colar de seu pescoço, o pingente deste tinha duas chaves cruzadas de cabeça para baixo, era o símbolo da sociedade secreta, e coloca neste.
Ao ver isso, Greta se desespera:_ Você não pode passar o poder a ele!
Esta a ignora completamente, dizendo:
_ Qual a sentença mestre?
O homem encara Greta seriamente:
_ Greta Eisenberg! Você falhou como líder dessa sociedade, nos enganou e invadiu nossa privacidade botando câmeras em nosso local sagrado! Denegriu nossa imagem, roubando o dinheiro dos seus irmãos, matou e cometeu crimes imperdoáveis sob nosso teto. Você está sendo expulsa!
_ Não podem me expulsar! Eu mando aqui!
_ Expulsa! Expulsa! Expulsa!_ disseram três vezes todos os membros da sociedade.
Ackerman apenas sorriu de lado, completando:_ Eu sou o novo mestre, Greta, agora você será apenas uma triste lembrança do passado.
Nisso alguém a puxa, algemando-a, esta encara o homem careca e forte, ainda confusa:
_ Greta Eisenberg, você tem direito a permanecer calada e a um advogado, e tudo o que disser pode ser usado contra você, no tribunal.
_ Montes?_ pergunta esta reconhecendo-o.
O careca sorri:_ Delegado Montes para você Srta., e agora, novo membro da sociedade.
Greta vê seu mundo desmoronar nesse instante, suas pernas não a sustentam mais e esta cai de joelhos no chão. Só então esta repara em alguém que descia as escadas lentamente, era de estatura mediana, vestia uma capa preta que cobria seus cabelos e corpo, e vestia a máscara  que correspondia a Readen, assustada ela olha o homem de olhos castanhos esverdeados, mas este estava ao seu lado com um semblante misterioso e impassível.
A figura se aproximou ficando de pé diante de Greta:
_ E quem é você agora?_ debochadamente deixando escapar suas lágrimas de indignação.
Porém quem fala é Ackerman:
_ Faz bem em estar de joelhos diante dela, fique de olhos bem abertos.
_ Dela?_ pergunta a mulher, notando que a pessoa a sua frente tratava-se de uma mulher.
A pessoa levanta a mão para que Ackerman se cale e nisso, retira sua máscara. Os olhos de Greta, quase saem de órbita e por um instante, o ar se vai de seus pulmões.
_ A- Alice...
A morena de olhos castanhos, sorri, sentando-se sob seus pés para ficar da mesma altura de sua oponente:
_ Olá Greta._ ela olha o resquício de mulher a sua frente_. Deixe-me explicar como tudo aconteceu, ontem quando saiu do meu apartamento, já estava tudo planejado. Eu dei o tiro, mas na minha parede, o Nogueira e o amigo hacker dele, o Neo, me ajudaram, eles conhecem muitas pessoas influentes na cidade._ Alice a encarou serenamente_, você falhou, tentando manipular Thomas Readen, ele foi meu maior aliado nisso tudo_ ela lhe indica logo a frente mostrando o pai de James logo a alguns passos delas_, foi o Neo quem lhe assustou na cada do James, e foi o Nogueira em seu escritório, não pensei que se assustasse tão fácil. Seus comparsas tomaram sonífero, eles ficaram muito impressionados com o joguinho que fizemos e a embaixada alemã já providenciou a prisão deles também. E a bala que atingiu a Silvia era de festim, ela merece o oscar pela excelente atuação. Eu te avisei, Greta, que você não sairia dessa, agora pagará pelos seus crimes.
_ Sua mosca morta, eu te odeio..._ solta esta venenosa.
Alice apenas sorriu sem se importar, levantando:
_ Você ameaçou minha família então tive que tomar medidas drásticas, nunca mais me subestime, Greta.
_ Você é igual a mim..._ solta esta tentando uma última saída em vão.
Alice apenas abaixa seus olhos para logo encara-la firmemente:
_ Eu nunca vou ser como você, querida.
O delegado levanta Greta e a leva, ela já não ouvia nada, seu mundo mergulhara no vácuo. As portas da boate abrem-se e a chuva a pega de surpresa. Os flashes de câmeras; misturavam-se as vozes dos repórteres e curiosos ali presentes. Todos queriam saber o que havia acontecido.
Tudo parecia perdido e pela primeira vez em sua vida, Greta Eisenberg percebeu o erro que tinha cometido e que não teria volta.
A porta do camburão se fecha atrás desta e as lágrimas de culpa deslizaram “Esse é o meu fim...” foi seu último pensamento, enquanto a escuridão a tragava naquele pequeno cubículo.


No interior da boate, os membros da sociedade retiravam-se por uma passagem secreta que levava a área VIP.
Catarina empurrava todo mundo, até chegar em Alice:
_ Sua louca! Eu devia ter filmado tudo! Kubrik deve estar revirando no tumulo após esta encenação. _ ela abraça a amiga com força_ eu quase morri sem você..._ sussurra.
_ Me desculpe, mas foi necessário, não queria que ela descobrisse_ diz a morena, olhando a amiga aos olhos.
_ Eu te perdoo por isso_ e esta faz uma careta, retirando a capa da amiga_, agora, vire-se e cuide do seu homem.
Só então Alice percebeu, Readen encontrava-se a apenas alguns metros de distância, este apenas a olhava, seus olhos vacilando do para o verde. Seu coração acelerou instintivamente ao vê-lo e mordeu os lábios por antecipação.
_ Vocês merecem esse momento_ sussurra Cata, distanciando-se da amiga.
E lentamente esta vai em sua direção. O homem de terno cinza, tinha suas mãos nos bolsos, e trazia em seu rosto aquele sorriso de lado que ela tanto adorava. Mal o tinha visto durante todo o dia e sentia como se aquela fosse a primeira vez que o vira em toda sua vida.
_ Sr. R..._ murmurou a palavra que saiu quase inaudível.
Ele apenas aumentou seu sorriso, sentindo o efeito daquelas palavras ferverem seu sangue:
_ Srta. Almeida._ soltou rouco.
As palavras pareciam perdidas entre eles, mas Readen ansiava por toca-la e ternamente levou uma das mãos ao rosto da jovem, acariciando sua bochecha e esta segura sua mão sob seu rosto, arrepiando-se com o toque inesperado:
_ Eu senti sua falta _diz ele_ não vou deixar que se afaste novamente.
Alice sorriu, aconchegando-se em seu peito como uma criança e fechando seus olhos, sentindo seu perfume inebriá-la:
_ Eu não vou mais me afastar, nunca mais.
James a prendeu em seus braços, pousando um beijo em sua testa. Aquele era um novo começo, cheio de possibilidades e dessa vez tudo seria diferente...

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O que acharam do capítulo gigante hein? Gostaram da narração em terceira pessoa? Faltam apenas dois capítulos pro fim... Contagem regressiva!

With Eyes Wide Open (De Olhos Bem Abertos)Onde histórias criam vida. Descubra agora