Ele abriu a porta da biblioteca, indicando-me para segui-lo. Seu rosto impassível era o Readen que conheci na R&R, forcei um sorriso, seguindo-o. Ao adentrar o local, vejo mais dois homens sentados em umas poltronas que pelo visto forma improvisadas a sua presença. Respiro aliviada, teríamos companhia se ficássemos a sós creio que botaria a perder todos esses meses de sacrifício, mas já fazia tanto tempo, cinco meses, creio que ele já não sentiria mais nada apesar de tudo que dissemos um ao outro. Apertei minhas mãos em punho não podia demonstrar que tremia.
_ Este são Denilson e Daniel Soares donos da SP entertainment. _ diz Readen e estes se levantam para me cumprimentar.
Aperto a mão deles:
_ Sou Alice Almeida, revista Millenium.
_ Então você descobriu nosso pequeno segredo. _ diz Denilson, ele não aparentava ter mais que trinta anos, seu sorriso aumentou devido a minha presença.
E Daniel que tinha a aparência idêntica ao de Denilson, continua:
_ Quanta sutileza com seu cartão de visitante._ diz este apontando para meu cartão.
_ Ah sim, isso. Disseram-me para vir disfarçada_ rio com eles.
Readen pigarreia, ambos o olham e este fala:
_ Será que poderiam nos deixar a sós, prometi a Srta. Almeida que lhe cederia uma entrevista._ Ah meu Deus, meu coração acelera.
_ Ah sim_ ambos retiram-se da sala acenando para mim e Readen.
Engulo seco ao ver a porta se fechar, e James me encara, seus olhos estavam mais para o castanho e queimavam sob mim, remexo em minha bolsa pegando um pequeno gravador que cai de minhas mãos, mas ele é mais rápido e pega, passando-me.
_ Obrigada_ digo forçando um sorriso e pegando rapidamente o gravador de suas mãos, tentando não encostar em sua pele.
_ Nervosa?_ pergunta este sentando-se.
_ Não Sr. Readen_ sento na poltrona a sua frente_, não é a primeira vez que lhe entrevisto.
Ele fica sério, enrugando seu cenho como de costume, enquanto se ajeita em sua poltrona. Ligo o gravador e começo:
_ Alice Almeida entrevista com o investidor misterioso da SP entertainment que resultou ser o empresário James Readen._ tento olhá-lo, mas vacilo ao encontrar seus olhos e olho para qualquer lugar menos para ele_ Senhor Readen fale-me sobre o que o levou a investir no empreendedorismo de Daniel e Denilson Soares?
Ele sorriu seu sorriso de lado que eu tanto adorava e tive que desviar meu olhar pois a sensação de frio em minha barriga crescia e eu só queria pular em cima dele.
_ A SP entertainment cresceu no último ano, e eles estão criando uma nova tecnologia para geração de energia elétrica, e ao ver o projeto pensei no futuro e o quão incerto que este é, por isso os estou ajudando.
Eu notava o duplo sentido em suas palavras, fraquejo desligando o gravador e este me encara confuso.
_ Posso_ lhe indico uma garrafa térmica de café sob uma mesa ao meu lado, ele assente.
Sirvo-me ficando de costas para ele, podia sentir seus olhos sob mim, e isso era uma tortura.
_ Vejo que aumentou sua segurança _ solto tentando soar normal.
_ Para minha segurança e momentos de privacidade tive que faze-lo_ diz este, sua voz parecia tensa e eu entendia do que ele estava falando.
Bebo o café, ainda demorando a virar em sua direção.
_ Está saindo com alguém? _ sua voz parecia vacilante agora.
Meu coração gelou, e meu subconsciente gritava Minta! Minta!
_ Não..._ droga! Eu estava no automático novamente.
Suas mãos pousaram em meus ombros delicadamente, estremeci sob aquele simples toque, ele parou esperando minha reação.
_ Sabemos o quanto isso é errado_ me forcei a dizer_ ela pode ficar sabendo. _ me mexi pensando que este retiraria suas mãos, mas ele permaneceu ali, imóvel.
Senti sua respiração quente bater em minha pele e joguei minha cabeça para trás encostando-me a seu ombro, ele me apertou mais contra seu peito e por um instante me senti segura novamente:
_ Ela não vai saber, os seguranças são leais a mim. _ ele roçou os lábios em meu pescoço e aquela sensação familiar entre nós fez minha respiração acelerar, levei minhas mãos a seus cabelos, mesmo de costas. E em um lampejo de auto controle me afastei.
_ Nós não podemos, acabou _ digo tentando soar firme, mas minha respiração falha me denunciava. Eu mal conseguia encara-lo e eu não era assim.
Vi que ele acariciou seu lábio inferior de nervoso pela minha visão periférica:
_ Não acabou Alice, eu ainda te amo. _ o fitei pasma, ele não podia chegar e dizer essas coisas, mas meu coração batia tão descompassado e não pude segurar as lágrimas, aquela batalha dentro de mim deixava-me confusa, eu não queria botar tudo a perder.
Seus braços fortes me envolveram e me afaguei em seu peito, ele murmurou como se sentisse dor e isso me alarmou:
_ O que foi? _ me afastei para encara-lo.
_ Nada _ ele ocultava algo. Carinhosamente secou minhas lágrimas, seus olhos estavam indecifráveis um misto de dor, alegria e excitação_ não houve um dia se quer que não tenha pensado em você.
Seus dedos acariciam meu rosto com cautela:
_ O que vai acontecer com a gente? _ o encarei enrugando o cenho.
Sua expressão muda e R fica sério:
_ Você ligou para o número que te dei?_ mexi a cabeça_ ótimo, na lista que te deixei há um nome Robert Ackerman Salles._o nome pareceu-me familiar.
_ O magnata da rede de shopping centers?
Ele afirma para mim e sorri de lado:
_ Há anos ele vem cobiçando a liderança da Vips da boate Real, faça uma proposta tenho certeza que ele não se negará a derrubar a Greta._ seus olhos vasculhavam meu rosto minuciosamente. Juntei meu fio de pensamento até poder falar,
_ E a chave?
_ É uma cópia, há uma sala na área vip, a única com porta preta, ninguém sabe o quê há lá; somente você sabe quem_ ele mexe as sobrancelhas, eu sabia exatamente de quem se tratava_, garanto que você terá tudo o que precisa para derrota-la de vez.
Essa palavra soou em minha mente como decisiva. Segurei sua mão que estava em meu rosto, beijando-a:
_ Eu senti sua falta. _ digo em um suspiro. Meu coração acelerou quando suas mãos deslizaram para minha cintura, me puxando contra seu corpo, envolvi minhas mãos em seu pescoço fixando-me em seus olhos que começaram a ficar mais verde.
Apenas senti quando bati minhas costas em uma prateleira e os livros caíram, sua boca invadiu a minha com voracidade, tentei resistir, porém em vão cada molécula de meu corpo implorava por seu toque. Suas mãos deslizavam pelas minhas costas, descendo pela minha cocha e logo a meu bumbum apertando-o com força, pressionando meu corpo ao seu, gemi sob sua boca e este sorriu satisfeito, apoiando sua testa na minha.
_ Eu tenho um seminário em meia hora do outro lado da cidade. _ soltou este ainda ofegante.
_ Você tem mesmo que ir? _ eu estava suplicando ansiosa por mais de seu toque.
_ Infelizmente ¬_ soltou este entre dentes_ é para a corporação Eisenberg._ o fito em derrota.
O segurança bate na porta e sem abri-la fala:
_ Senhor, o Durval o espera na porta dos fundos.
James me encara confuso, seus olhos eram um reflexo dos meus, ele acaricia minha bochecha como se quisesse memorizar meu rosto. Dando-me um beijo como se fosse levar um pedaço de mim.
_ Me diz que esta não vai ser a última vez que nos vemos_ minha voz era pura súplica, eu não podia desistir dele, seguiria o conselho de Miguel e lutaria pelo meu amor.
Readen dá um meio sorriso, selando novamente meus lábios.
_ Eu não aguentaria mais outros cinco meses sem você.
Ele se afastou lentamente: _ Vamos dar um jeito, espere por qualquer sinal meu nesta semana.
Afirmo com a cabeça, enquanto ele arrumava seu paletó.
_ Tem material suficiente para sua entrevista?_ diz este olhando-me de lado.
_ Não, mas conhecendo-o bem como eu conheço posso inventar algumas coisas_ ele aumenta seu sorriso_, além do mais tomarei o cuidado de que a matéria saia em nome de outra pessoa para não chamar a atenção de sua querida noivinha.
_ Você é uma gênia do mal._ diz este sorrindo de lado enquanto arrumava sua gravata.
_ Aprendi com o melhor._ pisquei para ele e este aumentou seu belo sorriso.
Quando ele saiu, arrumei minhas coisas e sai logo atrás. Após assisti algumas demonstrações dos irmãos Soares, que ainda ocultavam seu maior projeto, recebi uma ligação de Carlos, corri para o lado de fora da universidade para atender:
_ Pode falar.
_ Alice venha agora mesmo aqui, tenho algo para lhe mostrar.
Peguei o primeiro taxi que consegui chegando em seu prédio, subi rapidamente pois o ensebado da porta já me conhecia. Entrei pela porta sem anunciar logo falando:
_ Espero que valha a pena._ jogo minha bolsa em seu sofá impaciente.
_ Querida eu nunca te chamaria se não valesse.
Ele entrou em um site e clicou em um vídeo, uma garota muito bonita falava:
_ Oi, meu nome é Bianca, tenho dezenove anos, gosto de ouvir música, ver filmes, e estou aberta a qualquer tipo de relacionamentos, para ser mais clara gosto tanto de homens como de mulheres e observação resisto a certo nível de dor_ ela morde os lábios ao falar_ mantenham contato, beijinhos.
Quando o vídeo termina fuzilo Carlos com meus olhos e este fala:
_ Ela está desaparecida há dois anos. _ o fito sem entender_, procurei um amigo meu que é hacker, ele verificou o IP e chegou à conclusão que as últimas mensagens que essa garota recebeu foi da boate Real, além do mais ela vinha se encontrando com alguém as escondidas, só pode ser alguém de lá.
Pensei por um instante, mas tudo o que eu conseguia raciocinar era que Greta tinha algo a ver com aquilo.
_ Lembro-me da Silvia dizer algo sobre encobrir uns amigos da Greta.
_ Pedirei a meu amigo hacker para ir mais fundo, mas não prometo nada.
Olho a foto da garota e ele continua a falar:
_ Ela era de família humilde não sabiam dessa conta no date.com, as buscas foram encerradas no mês seguinte a seu desaparecimento.
_ Mas a polícia não procurou nada mais? _ pergunto indignada.
Ele pensa e logo mexe a cabeça em negativa:
_ Sem pistas o caso foi arquivado. _ solta este tristemente.
_ Isso está começando a ficar sério_ confesso desanimada_, mas se eles fizeram algo a essa garota, a família dela merece saber.
Ele sorri:
_ Essa é minha garota. _ solta este batendo em minhas costas, enquanto passava por mim.
Quando cheguei em casa Cata já preparava um de seus famosos chás:
_ E ai super agente secreta, descobriu quem é o investidor misterioso?
Ela serve o chá em uma xicara enquanto desabo no sofá e ligo a teve, começo a morder o lábio nervosa e esta para me encarando:
_ O que aconteceu? _ Cata senta ao meu lado.
_ Adivinha quem é o investidor misterioso. _ solto receosa.
Ela fica pensativa e logo arregala os olhos:
_ Não...
_ Sim. _ rebato de volta.
_ AH e vocês deram uma rapidinha para lembrar dos velhos tempos né. _ esta sorriu animada.
_ Catarina Batista dos Santos com tantos problemas você acha que faríamos isso?
_ Mas pela sua cara acho que você queria isso. _ ela faz biquinho enquanto fala, fato que me irritava.
_ Ambos queríamos, mas não podíamos.
Contei tudo a minha amiga e os planos de encontrar o tal Robert Ackerman, essa parte me assustava, pesquisamos na internet descobrindo que este era casado, fato que nos deixou confusas pelo fato dele frequentar assiduamente a boate. Ao outro dia na Millenium consegui com Sr. Juliano que a entrevista ficasse em nome de Sueli.
Naquela sexta consegui uma folga com Sr. Juliano e fui até o escritório de Robert Ackerman a pedido da revista, este cedeu minha entrada, discretamente adentrei sua sala, este me fitava seriamente atrás de sua escrivaninha, ele devia estar na casa dos quarenta ou cinquenta, muito bem conservado, moreno de olhos castanhos, este sorriu calidamente para mim.
_ Alice Almeida, não é._ disse ele indicando-me um sofá em formato de “L” para que sente.
_ Sim, senhor Ackerman, da revista Millenium.
_ Seu nome me é familiar_ ele pensa por um instante e logo sorri_ você é a garota que tem dado dor de cabeça a Greta.
Tento sorrir, dizendo:
_ E tenho orgulho dessa minha reputação.
Ele aperta os olhos, entrelaçando os dedos e apoiando seu queixo neste.
_ O que você quer? Algo me diz que não veio até aqui para uma entrevista.
_ Vou ser bem direta, senhor Ackerman, vou lhe fazer uma proposta.
Este soltou um riso seco:
_ Você não faz meu tipo.
Arregalo meus olhos, homens só pensam nisso:
_ Não esse tipo de proposta, eu sei que almeja a liderança da boate Real, e o único jeito de obtê-lo é derrubando Greta Eisenberg.
Um sorriso cínico formou-se em seus lábios.
_ E como você pretende fazer isso? Me convença.
Ackerman lançou seu olhar desafiador, respirei fundo e comecei.
_ Quero sua ajuda, me faça entrar na boate, preciso de provas para o meu plano e garanto a você que será recompensado. _ me apoio na escrivaninha dele olhando em seus olhos.
Ele apenas aumentou seu sorriso cínico:
_ Não me convenceu Srta. Almeida.
Recuei instintivamente, virando-me de costas a ele, respiro fundo, buscando forças para não esbofetear este homem presunçoso a minha frente, mas eu tinha uma carta na manga, uma que ele desconhecia.
O encarei desta vez tentando esconder um riso de lado que insistia em sair:
_ Pare de sorrir senhor Ackerman, você é um dos que sairiam prejudicados e ficariam à mercê de Greta Eisenberg se algo der errado.
Na hora o homem dissipa seu sorriso cínico, e continuei:
_ A Greta instalou câmeras em todo o estabelecimento, se ela quiser pode usar as gravações contra qualquer um.
_ O que?_ ele olha-me pasmo.
Faço menção de continuar e este apesar do choque mexe a cabeça em positivo:
_ A Silvia está contra a atitude da irmã, mas não pode com ela, sem contar diversos crimes que a mesma cometeu com a ajuda de amigos dentro da boate.
Ackerman massageia seu lábio inferior nervoso:
_ Como soube disso?
_ Greta me sequestrou, estive sob cativeiro por dois dias e só estou viva porque James Readen decidiu ficar com ela.
Ele soltou um riso seco, falando:
_ Achei estranho aquele pedido de casamento repentino, sempre achei o James anti compromisso para uma coisa dessas, principalmente depois do que ela lhe fez na boate_ ele fica pensativo_ se eu estivesse presente, a teria botado em seu lugar.
Soltei um riso seco ao ouvi-lo:
_ Você não teria feito nada, ela é a líder, ninguém pode contra ela, mas eu não sou da sociedade e faço o que bem entendo.
Ele ri de lado:_ Então sabe que a parte difícil não é convencer os outros membros e sim a Silvia.
Engulo seco, recuando de minha posição dominante:
_ Ainda estou pensando nisso, por isso quero que dê um jeito de me por dentro da boate, preciso recolher dados, entrarei no quarto preto.
Ackerman arregalou seus olhos como se os fosse tirar de orbita:
_ Ninguém nunca entrou nesse quarto.
Sorrio confiante:_ Mas eu entrarei e com o que consiga posso lhe garantir a liderança.
Ele parecia preocupado e logo fala:
_ Você sabe que a liderança da Vips não é somente um posto? _ seus olhos se enrugam numa linha estreita_, é uma grande responsabilidade ter tantas ações e dinheiro em mãos, não é para qualquer um, por isso eu a quero.
_ E é por isso que a quero dá-la a você, sei que Greta está fazendo mal uso desse dinheiro, há muitos crimes encobertos por baixo daquele pano e eu vou provar isso.
Um sorriso de lado formou-se em seus lábios para logo este falar:
_ Me convenceu Srta. almeida_ ele estendeu sua mão a mim, o fitei receosa para logo aperta-la era um claro sinal de aliança.
Cheguei em casa exausta. Ao abrir a porta, vejo Cata vestindo um sobretudo bege saindo de seu quarto. A fito sem entender:
_ Tá nevando na sua cabeça? _ digo comicamente.
Ela enruga sua cara em derrota:
_Ai eu confesso! _ ela abre o sobretudo mostrando-me seu lingerie com corpete branco.
Abro a boca em surpresa, e esta continua:
_ Faz seis meses que eu e o Eric estamos juntos e queria comemorar em grande estilo.
_ Parabéns! _ solto sem jeito ainda olhando minha amiga de lingerie.
Ela me fita envergonhada e fechando seu sobretudo, diz:
_ Eu não queria pedir sua ajuda pelo o que está acontecendo entre você e o Sr. R.
Sorrio vendo a sinceridade da minha amiga e esta desaba no sofá:
_ Tudo o que quero é que vocês pudessem ficar juntos sem todo esse problema, quem está de fora até acharia que é caso de novela mexicana.
Foi inevitável rir nesse momento, apenas a segurei pelos ombros, dizendo:
_ Ai amiga, faz o seguinte, pega o Eric e o enlouqueça como você nunca fez antes e faça isso por mim. _ me controlei ao máximo para não rir e passar convicção a ela.
Só assim minha amiga sorriu:
_ Eu farei. _ ela se levantou me encarando.
_ Vai lá sua vadia louca, pegue seu homem! _ dou um tapa em seu bumbum e Cata faz sinal de continência saindo às pressas pela porta.
Ao vê-la sair tão feliz, vou ao meu quarto, desabando em minha cama, o teto era meu amigo agora, e eu sabia que o dia seguinte seria o pior e mais difícil da minha vida.
Cata chegou em casa por volta das dez da manhã. E ela era a única pessoa que poderia me ajudar. Após contar a ela o esquema com Ackerman, ela revirou todos os sex shop da cidade. Cata chegou em casa exausta, largando umas sacolas pretas no chão, a fitei receosa.
_ O que você comprou? _ arqueei as sobrancelhas para esta que trazia o semblante enrugado de cansaço.
_ Isso foi tudo_ disse ela sentando no sofá.
Ajoelhei ao lado dela, fuçando nas sacolas, quando algo bate em minha mão com força.
_ Ai!_ massageio minha mão dolorida avistando uma régua de madeira com Cata_. Dá onde saiu essa...
_ Quieta, você não tem permissão para falar_ disse esta autoritariamente.
A minha vontade foi de retribuir o ato, mas engoli a raiva momentânea, para soltar:
_ Você melhor que ninguém, sabe que não sou submissa e posso retribuir a qualquer momento.
Minha amiga engoliu seco, soltando um sorriso forçado:
_ Ops! Me desculpe, tinha esquecido desse pequeno detalhe._ ela levantou do sofá, jogando a régua longe.
Peguei as sacolas rumando ao banheiro do meu quarto. Experimentei todas as fantasias possíveis, de policial, estudante, prisioneira e de pirata. Porém, em nenhuma delas consegui me ver diferente. Cansada, cai em minha cama, Cata sentou ao meu lado, enquanto tomava um de seus famosos chás:
_ Veja o lado positivo_ disse ela, inocentemente_, já que você não vai usar, eu vou.
A fitei sem acreditar, só Catarina Batista dos Santos diria algo assim no mundo ou melhor no universo.
_ Eu não sei o que fazer, amiga, se não tiver algo adequado para a meia noite, o Ackerman vai desistir.
Levantei da cama, pegando todas as fantasias que joguei no chão, quando a campainha tocou, olhei para Cata sem entender:
_ Você está esperando alguém?
Ela nega, nisso vou até a porta, abrindo-a. Por um segundo não a reconheci até conciliar o all star, o short rasgado e a blusa do guns com uma só pessoa:
_ Nicole..._ soltei em alivio, vê-la era tão reconfortante.
_ Agora é Nicky_ disse esta chacoalhando um pacote em mãos_ e isto é pra você.
Olhei a caixa confusa por alguns segundos:
_ Para mim?
Esta revirou os olhos impaciente, falando:
_ A minha mãe me deu para lhe entregar, sendo assim, este é um presentinho do nosso querido Sr. Chato R._ ela destaca o “R”.
Ela estendeu o pacote à mim, peguei este receosa, vi quando Cata saiu do quarto e cumprimentando Nicole, sentei no sofá, e abri o pacote. Dentro deste havia um bilhete, foi quando notei as duas mulheres sentadas ao meu lado:
_ Ah isso é a cara daquele chato_ bufou Nicky.
_ Quieta_ ordenou Catarina_, ela quer ler.
Me senti uma menina sem opção entre as duas, e comecei a ler “Para sua missão com Ackerman...” pensei por um momento, é claro que ele ficaria sabendo”...lhe envio este pequeno presente, use-o completo, confio em você e sei o quanto é forte e determinada quando quer algo e este disfarce fará jus à sua personalidade.”
Deixei o bilhete de lado, abrindo o pacote por completo, deparando-me com uma tanga de couro e um pequeno top com caimento do mesmo material que cobria parte de minha barriga, sorri constrangida, ele me conhecia melhor do que eu pensava, foi quando notei no fundo do pacote, uma máscara ao estilo gato. Imitei seu sorriso de lado, sussurrando:
_ Mulher gato, com certeza, Sr. R..._Cata ergueu sua sobrancelha, lendo minhas feições e sorrindo.
Ela me ajudou a maquiar, Nicky ajudou no que pode, ela finalizou o batom vermelho, que me deixou fatal. Olhei-me no espelho surpresa, estava irreconhecível.
Nicky que entra no quarto me olha ainda com mais espanto:
_Wow! Uma legitima femme fatale_ e enfim esta sorri.
Olho-me mais uma vez no espelho, satisfeita. Cata me segura pelos ombros, sussurrando em meu ouvido:
_ Força amiga, eu sei que você consegue. _ apenas assinto.
Nisso o interfone tocou, era seu Astolfo avisando que alguém me esperava na recepção. Olhei para as duas em desespero. E logo lembro dos olhos de James, eu não desistiria dele, nunca.
Cata me passou um sobretudo preto, e peguei um pen drive escondendo-o em meu top juntamente com a chave que R. me dera, enquanto guardava a máscara no bolso do casaco. Desço rapidamente, desde que descobri que Sr. Astolfo era o informante de Greta, ele passou a me ignorar, certo dia até chegou a dizer a Catarina que não queria que algo mau me passe por isso já não trabalhava com a bruxa, mas nossa relação limitava-se a simples olhares.
Avistei a limusine de Ackerman na frente do prédio. Entro neste deparando-me com ele e uma bela mulher, ela devia ter uns quarenta anos e pouco, era exuberante vestindo um sobretudo também preto deixando a mostra sua cinta liga, com certeza era sua esposa. O carro logo se move.
_ Essa é a garota? _ diz esta rispidamente, analisando-me dos pés à cabeça.
Eu engulo seco, louca para contestar, mas Ackerman fala, enquanto acaricia a coxa da mulher:
_ Valerá a pena, meu amor, ela pode não ser nosso tipo, mas nos ajudará a conseguir o que tanto queremos.
Bufo alto, soltando o que estava preso em minha garganta:
_ Eu estou bem aqui, por que não falam comigo?
A mulher ri calorosamente:_ Perdão, querida, não é nada com você. É que, nós gostamos de garotas mais voluptuosas, se é que me entende e acho que ao levarmos você; irão desconfiar.
Demoro alguns segundos até perceber, então sorrio sem graça:
_ Ah sim, vocês falam daquilo, entendo.
Ackerman não aguenta segurar o riso e gargalha, nisso a mulher estende sua mão a mim, que estava sentada de frente a eles:
_ Meu nome é Sofia, você não acha estranho nosso estilo de vida?
Pisco algumas vezes até conseguir responder:
_ Não, não acho estranho, cada um tem um estilo ou gosta de alguma coisa diferente, eu sinceramente não gosto de chicotes, roupas de látex e trocas de casais, mas isso não me dá o direito de criticar, acho que as pessoas tornam isso um tabu justamente porque não aceitam que no fundo gostam.
Sofia sorri, pousando sua mão na do marido que estava em sua coxa:
_ Amor, gostei dela_ ele apenas assente_, já tem uma aliada, Srta. Almeida.
_ Chame-me de Alice.
_ Está bem, Alice. _ ela destaca meu nome, sorrindo de lado.
Quando notamos, já estamos na frente da boate, pego a máscara do meu bolso, colocando-a e logo tiro meu sobretudo juntamente com Sofia. Eu fui a última a sair, o vento frio daquele beco trouxe-me lembranças daquele fatídico dia. Respirei fundo, e suava frio:_ Acalme-se ou vão perceber_ sussurra Ackerman em meu ouvido.
Apenas assinto tentando estabilizar o turbilhão de sentimentos dentro de mim. Os guardas na frente da entrada da Vips eram os mesmos daquela noite, estes nos olham seriamente:
_ Senhor e Senhora Ackerman. _ cumprimentam estes com seus tablets em mãos.
E me veem, Ackerman passa a mão na minha cintura, dizendo:
_ Nossa nova acompanhante._ nisso Sofia arruma uma mecha do meu cabelo sinuosamente.
Os guardas apenas assentem, deixando-nos entrar:
_ Entrem Sr. e Sra. Ackerman._ diz o guarda casualmente.
O homem no interior nos esperava, este sempre com seu rosto impassível, ele nos guia pelo corredor sujo até a sala com abafador, onde um rapaz descamisado nos aguardava:
_ Aproveitem sua estadia_ solta o homem do corredor com um sorriso amarelo, sua voz era gentil, muito diferente do dia em que estive aqui, com certeza Greta os controlava e eu precisava ter isso em cogitação.
Quando o descamisado abre a porta principal, a música e o cheiro de álcool e cigarro nos invadem.
_ Não se assuste_ sussurra Ackerman ao meu ouvido, sua voz era sensual e relaxante, olho para Sofia que estava ciente dos olhos do marido em mim e notei que ela também me fitava com interesse.
_ Ah o Senhor não tem noção do quão familiarizada estou a esta situação.
Vasculhei o salão, que estava igual a última vez, as mulheres nas jaulas dançavam com uma vestimenta diferente e ninguém vestia capas, estavam dispersas em sofás e camas improvisadas, ao longe avistei os tronos, que encontravam-se vazios.
A voz de Sofia tirou-me de minha observação:
_ Noventa por cento dos membros ficaram insatisfeitos com o que ela te fez, mas como você disse, ninguém podia com ela, bem isso até agora_ ela pisca para mim e isso me faz sorrir.
Uma loira de lingerie vermelha aproximou-se com uma prancheta em mãos:
_ O que vão querer hoje? _ esta os encara interrogativamente.
Nisso Ackerman e Sofia viram-se para mim:
_ É a primeira vez de nossa acompanhante, hoje, ela decide. _ xinguei ele mentalmente por isso.
Apenas sorri:_ Diga querida_ soltou Sofia_, sala ou calabouço?
Tentei não demonstrar emoção e disse firmemente:
_ Sala.
A loira guia-nos a um corredor com várias portas. E abre uma:
_ Fiquem a vontade. _ disse esta logo retirando-se.
Ao entrar, Sofia sussurra:
_ Como sabia que a sala seria menos assustadora? _ fitou-me curiosa, talvez perguntando se Readen me falara sobre este lugar.
_ Eu não sabia_ digo forçando um sorriso.
A sala possuía dois sofás roxo com detalhe preto, as paredes eram pintadas da mesma cor e decoradas com lâmpadas em formato de tocha, havia um minibar onde Ackerman já foi servindo-se de um whisky.
Este balançou seu copo enquanto falava:_ Em cinco minutos o corredor ficará vazio_ afirmo com a cabeça a ele_, você terá apenas trinta minutos, sem mais nem menos até a vigilância passar monitorando novamente, siga à esquerda e suba no primeiro lance de escadas do final do corredor, siga o primeiro corredor que encontrar, lá encontrará a única porta preta da boate.
Afirmo mais uma vez com a cabeça:_ Estive olhando as lâmpadas em formato de tocha, com certeza essas são as câmeras_ ambos olham de relance para estas receosos_, e apagarei as filmagens da última hora para que Greta não nos apanhe.
Sofia mexe em seu pescoço sinuosamente, sua voz saiu rouca de desejo ao falar:
_ Você pode não ser meu tipo, mas começo a gostar desse seu jeito.
Sinto um arrepio e lanço um olhar assustado à Ackerman que sorria malicioso:
_ Desculpem-me, mas não teremos um ménage à trois.
Ambos riem calorosamente, desmanchando a atmosfera tensa que formou-se de repente.
Dado os cinco minutos, saio cautelosamente, sigo o corredor pela esquerda, estava vazio e estranhamente silencioso, até ouvir uns gritos que só poderiam ser de prazer e chicotadas vindos dos outros quartos. Encontro as escadas subido olhando tudo muito atenta. Entrei no primeiro corredor entre as escadas e avistei a famosa porta preta, respirei fundo, retirando a chave de meu top. Ainda receosa, coloquei-a na fechadura e esta girou. Eu suava frio e a adrenalina corria pelas minhas veias alarmando-me. Girei a maçaneta, adentrando no local lentamente, a sala estava escura, iluminada apenas pela luz das gravações dos monitores, assutei-me ao perceber que toda a boate estava sendo filmada, Greta com certeza não confiava em ninguém para vigiar esta sala por isso somente ela adentrava o local. Encostei a porta, deixando a chave nesta, eu não demoraria muito ali. Em frente aos monitores havia uma escrivaninha cheia de papéis atrás desta havia uma cadeira giratória. Olhei para o lado avistando uma grande estante de livros aquele lugar já fora algum tipo de biblioteca, haviam várias prateleiras de livros e era escuro não podia enxergar nada a mais de cinco metros de distância, concentrei-me vendo uma pequena prateleira com VHS perto dos monitores. Haviam várias, porém uma chamou minha atenção era a única com a descrição Greta 16 de fevereiro, a data pareceu-me familiar, foi quando a voz de Nogueira soou em minha mente, que o boletim de ocorrência sobre o desparecimento de Bianca tinha sido feito no dia 18 de fevereiro, peguei a fita e virei-me ao computador central em cima da escrivaninha, acessei o hd, borrando as gravações dos últimos trinta minutos e que começassem a gravar apenas em mais alguns minutos, porém coloquei uma gravação antiga para rodar caso Greta aparecesse para olhar antes de minha saída da boate. Caso ela visse a falta de gravações pensaria que foi um erro de seu sistema de monitoramento. Peguei o pen drive que também estava em meu top e fiz Back-up dos arquivos de Greta, Nogueira disse que ela teria todos os dados guardados por segurança. Retirei o pen drive quando a operação foi concluída e logo começo a olhar os papeis, ficando de costas a porta, haviam várias anotações, recibos de envio de dinheiro e não era pouco e tudo indicava que era para um banco nas Bahamas. Nisso ouvi o girar de maçaneta e meu coração gelou. Fiquei estática e o medo me consumiu, só poderia ser Greta, ela era a única com acesso a esta sala, eu estava perdida... E tudo pelo o que lutei teria sido em vão...
~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~Amanhã tem mais, e espero que gostem!
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With Eyes Wide Open (De Olhos Bem Abertos)
ChickLitMeu nome é Alice Almeida, tenho 25 anos, sou uma jornalista recém formada e justamente a editora para que trabalho me resigna a ir na renomada R&R enterprise, onde conheci James Readen, o orgulhoso, arrogante e misterioso homem que mudou completamen...