Capítulo 19

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Já era manhã e Catarina fazia barulho na cozinha. Justo hoje que não tinha que ir trabalhar, ela resolve fazer barulho. Levanto me envolvendo em meu edredom indo até a sala:
_ Ainda é cedo para tanto barulho.
_ Aleluia! _ grita esta que parecia eufórica, enquanto preparava o seu chá_ até que enfim levantou, se arrume, você vai me levar ao trabalho.
_ Você pode pegar o carro_ protestei esfregando meus olhos.
_ Se eu pegar o carro como você vai até a R&R enterprise? _ diz esta servindo-se do liquido marrom.
A fito sem entender:_ Porque eu iria lá?
Ela soltou um riso safado:
_ Não se faça da boba, você vai falar com o Sr. R e dizer o que sente por ele.
_ Você está louca?_ digo enquanto sento no sofá me embrulhando mais no edredom, eu não vou falar com ele.
_ Engula esse seu orgulho e vá falar com ele_ ela destaca suas últimas palavras assustando-me.
Logo ela me passa uma xícara de chá de canela, sentando ao meu lado e ligando a tevê:
_ Acho que está na hora de você voltar a ser a amiga decidida e responsável, porque eu já estou cansada desse papel_ ambas rimos_, quero que você vista aquela sua saia preta e sua blusa azul_ enrugo o cenho para ela_, é que eu sei que o Sr. R adora seu look de Lois Lane.
_ Se eu for, não vai ser para transar e realizar seus fetiches. _ digo em protesto.
_ Ah, mas você vai sim_ a encaro surpresa_, e vai fazer isso por mim e ainda em cima da mesa do escritório dele_ diz ela de forma autoritária.
Apenas soltei um riso seco:
_ Catarina você anda vendo muito filme pornô.
Ela me segura pelos ombros:
_ Amiga, nós nos conhecemos há cinco anos, eu não vou deixar você ficar parada, mofando, aproveite! Sei que ele fez muita merda, mas é notável que te ama, se não fosse assim nunca teria voltado e dito tudo o que disse e fez também. _ ela aponta para a mancha roxa em meu pescoço.
Os olhos de minha amiga me transmitiam força e sinceridade, sorri resignada.
_ Tudo bem, eu vou.
Ela levanta indo à cozinha e retirando um saco preto do armário e logo joga no sofá para que eu veja, abro este com cuidado, avistando o vestido e meus brincos com a foto que eu jogara em meu acesso de raiva.
_ Você guardou..._ minha voz era um fio nesse momento.
_ Sim, eu não queria que você se arrependesse depois. Além do mais são brincos de diamante!_ Diz esta exaltando a voz, essa era a Catarina que eu conhecia.
Após eu me arrumar justamente como Cata recomendou, a levei ao trabalho. Ela cantarolava o caminho inteiro com a rádio, a música "Thousand milles" tocava e lembrei-me do filme as branquelas. Quando chegamos ao estacionamento do Spa, ela pousa sua mão em meu ombro:
_ Ah meu Deus, é o Eric.
_ Onde?_ vasculho a garagem cheia de pessoas e carros.
_ O loiro de terno preto, ele não é um gato? _ diz esta suspirando, olhei para minha amiga sorrindo, ela realmente estava gostando dele, olhei para o homem que estava recostado em seu carro (por falta de cavalo branco, eis que ele surge de carro branco), ele era bonito, tinha um sorriso safado estampado no rosto, com certeza já tinha visto minha amiga, seus olhos eram azuis profundos e sua barba não tinha sido feita_, como estou? _ perguntou Cata eufórica.
_ Maravilhosa._ ela sai do carro às pressas com sua bolsa de lado onde geralmente guarda seu jaleco.
Cata se joga nos braços de Eric que a prende em seus braços para logo lhe dar um longo beijo, logo ouço minha amiga dizer meu nome, saio do carro, com certeza começariam as apresentações:
_ A famosa Alice_ diz este sorrindo seu sorriso felino.
_ Não acredite em nada do que a Catarina disse, é tudo mentira_ completo rindo.
Cata ri timidamente e este fala ainda rindo:
_ Não foi a Catarina e sim o James.
Essa notícia me pega de surpresa, pensei que ele não falaria de mim ao amigo, ao ver minha cara de confusão este completa:
_ Na verdade eu não sabia da sua existência até alguns dias atrás, agora me diz o que você fez ao meu amigo, ele parece enfeitiçado.
Com certeza eu corei nesse momento.
_ Ah Eric, pare com isso_ minha amiga apenas o puxou dando-lhe um selinho_ ela não está acostumada a falar dessas coisas, mas já a preparei para nosso plano.
Minha vergonha se foi ao ouvir suas palavras:
_ Espera aí, que plano?
Eric solta um risinho e os dois se olham culpados, e Cata é a que abre a boca para falar:
_ Sobre você seduzir o Sr. R no escritório dele_ solta ela inocentemente.
Eu abro a boca em espanto:
_ E vestida assim, o pequeno James não vai resistir, queria estar lá para ver a cara dele._ ele ri descaradamente.
_ Ah meu Deus, vocês se merecem. _ solto indignada.
Uma doce voz soou próxima a mim:
_ O que vocês dois estão aprontando com esta bela moça, hein.
Olhei para o lado avistando uma senhora, ela devia ter uns cinquenta anos, e era muito bem conservada, seu cabelo castanho claro estava preso em um coque, seu vestido era bege e usava seu jaleco em cima, esta trazia posto seus óculos e quando a tira, aqueles olhos chamam minha atenção. Eram verdes.
_ Bom dia, Sra. Michelle._ solta Catarina.
Meus olhos quase saem de órbita, era a mãe de Readen. Ela sorri ternamente para mim:
_ Você deve ser a amiga da Catarina, Alice, certo_ apenas assinto_, como você está? Soube que seu namorado a magoou.
Olho acusadoramente para Cata:
_ Tenho a impressão de que todo mundo já sabe sobre minha vida.
_ Ela só me pediu um conselho, parecia muito preocupada com você.
_ Sim, disso sou culpada._ digo arrumando meu cabelo atrás da orelha.
A mulher estreita seus olhos para Eric:
_ Sr. Waltz, espero que esteja tratando bem a minha melhor funcionaria ou se verá comigo.
Ele solta um sorriso constrangido:
_ Eu nunca faria isso Sra. Michelle.
_ Ah não sei não, do jeito que você e o meu filho são._ rio com a expressão dela e logo se ameniza_, eu não o vejo há uns dois dias, sabe como está?
_ Eu diria que bem, tendendo a melhorar ainda mais._ ambos pareciam ter se esquecido de nossa existência, tanto que Cata pisca para mim.
_ Eu estava tão entusiasmada de conhecer a namorada dele é uma pena que não tenha dado certo._ diz esta pensativa.
_ Algo me diz para você não perder a esperança, eles voltarão, não é Alice_  Eric pisca para mim com seu sorriso branco e eu quase morro de susto nesse momento.
Droga. O olhar de Michelle fixa em mim, com certeza ela juntou os pauzinhos e aos poucos ela começou a sorrir, meu coração acelera pelo nervosismo:
_ Então é você?
_ Eu tenho que ir_ disse disparando em direção ao carro.
Apenas vi Cata cair na gargalhada com Eric. Ah...aqueles dois se pareciam tanto, que me dava raiva. Michelle, no entanto sorria ternamente, mexendo a cabeça em negativa ao ato do casal.
Em vez de ir até a R&R parei em minha cafeteria preferida "Coffees and Brownies", somente um pouco de café me ajudaria a despertar meus neurônios adormecidos. Pedi um cappuccino cremoso e sentei em um canto. Eu sabia que me sentei nesse exato lugar quando decidi me arriscar indo na casa de James, mas eu precisava pensar, meu coração ainda estava dolorido, mas meu corpo e alma ansiava por ele, senti um arrepio atravessar meu corpo, esse homem chegou ao ponto de me afetar até em pensamento.
Uma moça de cabelo preto entrega-me o pedido, quando a olho fico paralisada. Era ela. A mesma garota que vira o homem em roupa de látex investir com tanta força que a fez chorar.
_ Mais alguma coisa?_ ela me pergunta casualmente.
_ Não obrigada_ digo tentando esconder meu nervosismo, na ocasião ela tinha me olhado enquanto chorava.
_ Ah meu Deus, eu lembro de você_ ela sussurrou.
Decidi olha-la e forcei um sorriso.
_ Por favor, não conte a ninguém sobre o que viu, minha vida estaria arruinada se soubessem._ ela sussurra, seus olhos eram tão suplicantes, que apenas assenti.
Ela se afasta e meu estomago revira, pego meu café e logo pago no caixa, correndo para meu carro. Inspirei e expirei algumas vezes tentando recobrar forças. Recapitulando novamente em minha cabeça, James fazia parte de uma sociedade secreta baseada em sexo e relações sadomasoquistas, ele desafiou a Silvia e a Greta para sair de lá, e tudo para ficar comigo. E segundo James, a Greta está obcecada por ele, o que torna tudo mais complicado. A vida não é como nos filmes, sussurra meu subconsciente, na vida real não há finais felizes.
Liguei a rádio para me distrair, meus pensamentos me traiam a toda hora. Foi quando ouvi a música que tocava e lembrei o que James tinha me dito certa vez “Você acredita em sinais, em destino e essas coisas”, sim agora eu acredito, era essa música que tocava na rádio aquela tarde, à tarde que mudou tudo.  “White Flag” de Dido soava intensa a cada refrão. Tomei meu café de uma só vez e liguei o carro, dessa vez eu não falharia, eu quero meu Sr. R e não desistirei dele, nem que mil Gretas tentem interferir.
Estacionei na frente do prédio, e ao sair olhei aquele imenso prédio de metal e vidro. Respirei fundo e fui a recepção. A loira me encarou com desprezo:
_ O que deseja?
_ Sou Alice Almeida. Preciso falar com o Sr. Readen._ digo ainda relutante.
_ Tem hora marcada? Sem hora marcada não poderá passar._ ela tinha um estranho sorriso de lado em seus lábios. Com certeza ela me desprezava.
_ Tenho_ digo me enchendo de confiança_ se quiser pode falar com a Linda.
Esta pega o telefone inconformada e disca o ramal:
_ Linda, tem uma senhorita Almeida aqui, ela disse ter hora marcada com o Sr. Readen, mas seu nome não está na lista._ ela ouve atentamente_, certeza? Tudo bem_ ela ainda me olhava daquele jeito_ pode passar, srta.
Sorrio triunfante e enquanto entro no elevador, vejo que esta pega o telefone e ainda me olhando fala com alguém. Sinto-me sufocada naquele pequeno espaço, até que chego no vigésimo andar. E as portas se abrem, Linda me esperava e quando me vê dá pulos de alegria:
_ É tão bom te ver, eu já não estava aguentando o Sr. Readen com depressão._ ela me abraça.
_ É bom vê-la também._ digo acompanhando-a até seu balcão e olho para a porta de sua sala.
_ Ele está ocupado_ diz esta estridente ou minha imaginação teria feito ela soar assim.
Nisso a porta do escritório abre, e uma mulher sai deste ela era branca com profundos olhos castanhos e seu cabelo era preto todo liso, seu vestido era azul marinho colado ao corpo, acentuando suas curvas.
_ Tchau querido_ diz ela saindo_ até mais Linda_ cumprimenta a secretária, que apenas acena.
Eu não conseguia pensar direito, ela disse “querido”? Meus olhos acompanharam seus passos elegantes até o elevador, frente a ela eu me sentia malvestida.
_ Por favor, não surte, Alice_ disse Linda e isso apenas confirmou minhas suspeitas.
A porta do escritório abriu e ainda lendo uns documentos Readen diz:
_ Linda, verifique a agenda para ver se temos..._ e ele me vê_ Alice?
Eu não conseguiria ficar mais um minuto ali. Meus pés ganharam vida e dei uns passos para trás, sem que eu perceba lágrimas ameaçavam cair, corri para a saída de serviço.
_ Espera!_ ele gritou.
Desci pelas escadas rapidamente, ouvi que este me seguia, para logo sentir ele me encostar na parede:
_ Me solta!_ gritei enquanto este me prensava na parede com a mão em minha cintura, tento empurra-lo, mas ele segura minhas mãos em seu peito.
_ Alice, por favor.
_ Você está saindo com ela_ soltei acusando-o ainda ofegante pela corrida.
_ Não é o que você está pensando, ela está apenas me ajudando.
_ Ajudando? Sério?_ solto, irônica.
_ Ela é filha da Maria, eu vi essa menina crescer.
_ Para mim ela não parece uma menina._ minha voz saia sufocada, eu queria apenas sair dali, gritar, chorar por ter sido tão boba.
Ele riu triste:
_ A Greta ainda está me vigiando e pedi a ela que me ajude, por isso diante de todos, a Nicole e eu somos um casal, ela ainda é uma criança para mim, mal fez dezenove anos, além do mais_ ele passa sua mão pelo contorno para parar segurando-me pela nuca_ eu só tenho olhos para você.
Meu corpo se arrepia com suas palavras, meus olhos se fixam no chão, indecisa por suas palavras, na verdade havia um conflito em minha cabeça. Eu devia acreditar nele? Seria isso tudo verdade? Mas meu subconsciente gritava “Eu também sou louca por você”, mordi meu lábio indecisa e nisso, sua boca me pega de surpresa, mal consegui entender até sua língua pedir passagem e eu cedi, logo me envolvendo com seus movimentos lentos e sensuais. Minhas mãos se cravaram em seu cabelo. O puxei para mais perto, e James soltou um gemido alto para logo nos separar.
Por instinto esperei mais por seus beijos, porém este parou:
_ Temos que ir com calma_ sua voz saiu sufocada.
Apenas assenti:
_ Me desculpe é que ela é tão linda e te chamou de querido, como você queria que eu reaja a isso me diz?
_ Eu devia ter te avisado. Só sei que a Greta tem alguém me vigiando aqui dentro.
_ O que?_ essa mulher estava louca com certeza.
_ A pessoa deve ter te visto, devemos dar um jeito de sair daqui sem que nos vejam._ ele olha para os lados cuidadosamente.
_ Tudo bem_ o sigo escadas acima.
Voltando para sua recepção:
_ Graças a Deus que a alcançou_ diz Linda ao nos ver.
Readen começa a falar em seu tom profissional com Linda:
_ Você investigou o que lhe pedi?
_ Sim senhor, eu estava apenas desconfiada, mas descobri quando grampeei seu telefone e invadi seu e-mail, a informante é a Simone da recepção principal, ela e a Greta se comunicam todos os dias.
_Nossa você devia estar trabalhando no Law and Order SVU_ digo fascinada e ambos riem de mim. James mexe a cabeça em negativa, sua barba o deixava com um ar maduro e sensual.
_ Que procedimento devo seguir_ continuou Linda seriamente.
_ Me empresta seu carro_ diz Readen pensativo enquanto andava de um lado para o outro na recepção_, o Durval virá busca-la à tarde, se perguntarem por mim estou em uma reunião com os americanos, e se a Simone perguntar pela Alice diga em tom casual que ela viu a Nicole e saiu pela área de serviço.
_ Eu vim de carro_ viro-me olhando para ele.
_Vou pedir para alguém cuidar disso.
_ Já sei a quem pedir senhor. _ ela deixa seu ar sério quando lança seus olhos em mim, sorrindo_, fiquem tranquilos, vou conseguir cobrir tudo por aqui.
Esta passa suas chaves a Readen, para entrar no elevador. Paramos no subterrâneo onde estava o estacionamento e pegamos um Chevrolet 2010 vermelho. Ninguém nos viu sair. No caminho, depois do momento tensão passar, eu relaxei no banco, este me fitou de lado:
_ Tudo bem?
_ Sim, só um pouco cansada, foi informação demais para um dia. Por um momento me senti em um filme do 007, e já que você é irlandês e se chama James, a coisa ficou meio realista de mais até vilão já temos.
Nisso ele riu alto:
_ Sim a terrível Greta e sua irmã diabólica Silvia.
_ Exatamente, e eu sou uma Bond girl. _ digo gargalhando alto.
Chegamos rapidamente no condomínio, mas James estava calado, quando paramos na frente de sua casa, ele saiu do carro sorrindo para mim, porém seu sorriso era triste e saudoso, algo estava errado.
Quando entramos em sua casa apenas, o puxei, e delicadamente o encostei na parede, eu me encaixei em seu peito, eu queria ouvir seu coração bater, sentir seu perfume me inebriar, ele pareceu surpreso e aos poucos enlaçou seus braços em mim, me afastei um pouco, minhas mãos exploraram seu peito e aos poucos subiram pelo seu pescoço, este me olhava ainda triste, acariciei seu rosto me acostumando com sua barba.
_ A que se deve isso?
_ Sh...._ sibilei enquanto explorava sua barba, ele me fitava com cautela, eu queria memoriza-lo queria lembrar de cada centímetro de seu rosto, quando comecei a beijar sua mandíbula, este me afastou.
_ Alice... _ sua voz era repressora, e estranhei isso.
_ Eu quero que dê certo_ repeti as palavras que um dia ele usou.
_ Sim, mas não precisamos transar a cada segundo para isso. _ suas palavras me soaram como uma bofetada, ele se afastou bruscamente de mim, deixando-me confusa. Ele mesmo dissera certa vez que não conseguia ficar perto de mim sem querer me despir e agora isso.
_ Vou me trocar e preparar algo para comer, você deve estar com fome._ ele se distancia indo até o meio da sala.
_ E a Maria?
_ Está de férias, ela precisava descansar._ diz este sorrindo de lado, mas seu sorriso não alcançou seus olhos.
_ Merecidamente._ digo enquanto me jogo derrotada no sofá.
_ Já volto_ ele sobe as escadas correndo.
Ele estava estranho, talvez seja pela minha reação no dia anterior, eu ainda me sentia mal e culpada por tocá-lo e querer que ele me toque, mas eu precisava disso, talvez Cata e Eric tenham razão, eu precisava seduzi-lo, já que o plano Lois Lane falhou com meu acesso de ciúmes, eu tinha que fazer de outra forma, mas sinceramente eu nunca tinha seduzido ninguém antes e meu coração acelerava em nervosismo só de pensar em algo.
Ouço-o descer as escadas indo à cozinha, agora ele vestia uma bermuda caqui e uma camiseta branca:
_ O que você acha de macarrão com molho?
Levanto indo até ele:
_ Eu posso cozinhar..._ tento usar minha voz sensual já que ele dissera sobre uma fantasia com esse tema.
_ Não_ disse este me dando as costas_, quero que prove meu macarrão, já que é a única coisa que sei cozinhar_ ele riu e agora sim o riso chegava a seus olhos enrugando sua testa e eu adorava essa visão.
Apenas sorri:
_ Então devo preparar meu estomago. _ ele começou a procurar as panelas e olhei para ele ainda vacilante_, eu vou ao banheiro e já volto para te ajudar.
_ Tudo bem, mas eu já disse que quem cozinha, sou eu.
_ Sim mestre_ disse provocando-o e este estreitou os olhos para mim, enquanto eu corria para subir as escadas.
Entrei em seu quarto, seu perfume estava em toda parte, fato que me incentivou mais e eu precisava ser rápida. Droga eu estava tremendo, fui até seu guarda roupa, abrindo-o peguei sua camisa branca e avistei aquela gravata azul; a que James dissera dar sorte, e mordi o lábio lembrando o dia em que ele a tinha em mãos enquanto me beijava.
Entrei no banheiro tirando minhas roupas, visto a camisa deixando-a aberta apenas cobrindo meus seios e coloco a gravata ao redor do meu pescoço, dou uma olhadela no espelho nervosa. O que estou fazendo? Isso é loucura. Ele apenas está sendo cauteloso, não posso estragar tudo. Tampo meu olho com as mãos mal conseguia me olhar. Aquele sentimento de culpa não me deixava, inalei e expirei algumas vezes buscando forças. Malditos sejam Catarina e Eric por terem botado maus pensamentos em minha cabeça. Eu já não sentia o buraco em meu peito doer ao contrário, ele estava ameno, mas ainda faltava algo, eu precisava dizer a ele o que sentia, hoje percebi o quanto ele gosta de mim, me protegendo e tentando mesmo com os olhares de Greta e Silvia ficar comigo.
Ouço-o embaixo, talvez tentando cozinhar, mordo o lábio; nervosa. Eu faria isso. Precisava voltar a ser a mulher decidida e forte que sempre fui, sem medos. Olhei-me mais uma vez no espelho e agradeci por ter vestido minha calcinha branca que combinou com a camisa que peguei.
Desci cautelosa pela escada para que não me ouça, reparei que a porta do seu escritório particular estava semiaberta, o abri por completo e lentamente caminhei até a cozinha encostei-me à porta casualmente, arrumando a camisa para que cobrisse meus seios e a gravata ficasse entre o vão entre eles. James estava de costas a mim.
Respirei fundo, tomando coragem e falei inocentemente:
_ A comida já está pronta?
_ Sim, vou pegar um vinho para..._ ele vira, deparando-se comigo escorada na porta.
Seus olhos me vasculharam minuciosamente, sua boca estava semiaberta denunciando seu desejo e sua respiração estava falha, seus olhos passaram vagarosamente entre minhas pernas e mordi o lábio era como se aqueles olhos me tocassem. Ele tentou dizer algo, mas as palavras não saiam, pelo menos não completas.
Sorri timidamente sob o calor de seu olhar:
_ Viu algo que gosta, Sr. R?
Ele mexeu a cabeça em negação e afirmação diversas vezes, balançando uma das mãos no ar. O chamei e instantaneamente seus olhos enegreceram, me seguiu sem objeção, ele vinha em minha direção como um felino, letal, ágil e sagaz, lentamente entrei em seu escritório, enquanto ele parava na porta, vi este engolir a saliva ao me ver recostar sob sua mesa e sentar cruzando as pernas ao melhor estilo Sharon Stone em “instinto selvagem”. Vi seus olhos fecharem era como se ele estivesse fazendo uma oração, mas ao abri-los era evidente o desejo e nossa costumeira eletricidade encontrava-se ali presente sendo quase palpável naquele pequeno espaço, me deixando cada vez mais ansiosa.
_Alice..._ este soltou em um suspiro sôfrego.
_ Sh_ sibilei apenas o chamando com os dedos.
Ele se aproximou hesitante ainda mantendo um metro de distância entre nossos corpos. Era inevitável rir, James tentava se conter ao máximo, enquanto meu corpo ardia só por tê-lo com os olhos fixos em meus seios e pernas.
Meu coração batia tão rápido, dificultando minha respiração e eu precisava dizer a ele.
_ Eu estou aqui parada em sua frente à sua espera, na verdade acho que sempre estive a sua espera. Já não tenho medo, sem você eu fico vazia com um buraco no peito. _seus olhos se abrem mais frente a minha confissão_ Eu sou sua Sr. R...
Ao termino de suas palavras ele se lança em mim, mas o paro com a mão em seu peito e seus olhos ardiam de desejo:
_ Porque? _ sua voz era tão sexy e confusa.
Mordi o lábio e logo sorri maliciosa:
_ Você me deixou insatisfeita, Sr. R, agora não pode me tocar_ destaquei seu nome usando minha voz sensual.
James sorriu de lado suas mãos cerradas em punho, eu podia notar o quanto este se continha, com certeza gostava da nossa brincadeira.
_ Lembre-me de nunca deixa-la assim novamente._ sussurrou, segurando minha mão sob seu peito e a beijando, mas eu a puxo.
_ Você merece um castigo_ disse o provocando mais, havia uma saliência sob seu moletom que lutava para se libertar e ver sua excitação me deixava mais ousada.
Desci da mesa e inverti nossas posições encostando-o com violência sob o móvel. Este sorriu e seus olhos estavam em chamas.
_ Diga o que você quer fazer comigo._ suplicou este ainda com sua voz dominante e sedutora.
Aproximei-me de seu rosto e disse em seu ouvido, ciente que meus seios roçavam sob seu peito:
_ Eu não falo Sr. R, eu faço.
Senti seu corpo estremecer embaixo do meu. Insinuei tirar sua camiseta e este a retira numa velocidade incrível, fazendo-me rir. Beijei e mordisquei seu pescoço fazendo-o arfar a cada mordida. Suas mãos apertavam a mesa como se fosse quebra-la, baixei meus lábios pelo seu peito e abdômen, James gemeu baixo quando parei na trilha para o paraíso.
_ Por favor, não pare Alice..._ pediu este com sua voz tremula.
Parei, e seus olhos exalam frustração, tiro a gravata colocando ao redor de seu pescoço e logo o puxo aproximando- o mais de mim.
_ Agora você pode me tocar. Sr. R.
Seu olhar desejoso aumentou e suas mãos rumaram a meu pescoço, naquele momento com apenas seu olhar, pude sentir tudo o que sua boca não dizia, com certeza não eram necessárias palavras para o que ambos sentíamos.
Sua boca se uniu a minha em nossa dança particular, enroscando nossas línguas com voracidade, enquanto suas mãos seguraram meu bumbum com força me levantando um pouco, gemi alto sob sua boca e este sorriu com satisfação frente a minha reação.
_ Senta_ ordenei e este obedeceu imediatamente, sorrindo de lado ainda ofegante.
James levantou o quadril ao meu comando para que eu pudesse retirar seu moletom e sua cueca box cinza. A puxei de uma vez revelando sua ereção, umedeci meus lábios, ansiosa, enquanto meus olhos ficavam fixos nele.
_ Vendo algo que gosta Srta. Almeida?
Sorri de lado e me aproximei de seu membro beijando a cabeça sensível, e logo lambi sua extensão, James resfolegou algum palavrão enquanto mergulhei seu membro em minha boca em um movimento de vai e vem, eu chupava o máximo que podia, até que paro.
_ O que? Não..._ se tivesse como descrever frustração sexual seria a cara de James nesse momento, sua boca semiaberta e seu cenho enrugado, inconformado.
Sorri maliciosa massageando meu maxilar:
_ Ainda não terminei Sr. R.
Avisei enquanto deslizei minha calcinha entre minhas pernas. Ele se ajeitou em cima da mesa enquanto subia em cima dele, seu membro roçou no meu sexo; aumentando nossa ansiedade.
_ Espera, estou sem camisinha_ disse este frustrado.
Sorri timidamente para dizer:
_ Eu tomo anticoncepcional, desculpe não ter avisado antes.
James sorriu triunfante com a ideia e o calor de seus olhos me atiçaram, segurei seu membro com minha mão e aos poucos o deixei me penetrar, arfei com aquela familiar sensação e me mexi sentindo-o todo dentro de mim, James jogou a cabeça para trás quase batendo sua nuca no fim da mesa, quando seus braços cederam. Investi uma e outra vez aumentando o ritmo a cada estocada. Cravei minhas unhas em seu peito e James gemeu alto e sem pudor segurou minha cintura com força com uma mão e com a livre me puxou para sua boca, nossos movimentos se misturavam a cada estocada, senti o calor me invadir com violência e apertei seu ombro gritando seu nome, ao mesmo tempo senti seus músculos enrijecerem sob mim e este me apertou mordendo meu lábio inferior para logo me soltar.
Desabei sob seu peito, ambos ainda ofegantes e sem forças. Meu corpo estava totalmente entorpecido, James aos poucos acaricia meu cabelo.
_ Meu Deus Alice, assim você me leva a loucura._ disse este com dificuldade.
Ri alto, sem vontade de desgrudar de seu peito, sentindo seu coração a mil:
_ Nunca mais ouse me afastar, Sr. R.
_ Não o farei_ disse este, eu o podia sentir sorrindo._ acho melhor a gente levantar antes que tenhamos câimbras.
_ Sim_ digo e quando saio de cima dele escorrego caindo no chão e batendo a cabeça em sua cadeira almofadada.
_ Au!_ levo a mão para trás de minha cabeça dolorida e quando vejo James já está ao meu lado, olhando-me preocupado.
_ Você está bem?
Apenas aceno, seus olhos estavam verdes e um leve sorriso se forma em seu rosto, fitando-me com carinho, fato que me deixa envergonhada.
_ O que? _ pergunto timidamente.
Pensei que ele diria algo quando abriu a boca, mas deve ter desistido, pois este abaixou o olhar e quando os ergueu apenas sorriu:
Ele me ajuda a levantar, e logo pega seu moletom vestindo-o. Tento me cobrir com sua camisa e este ri.
_ Não vai conseguir esconder nada de mim, Srta. Almeida.
Dei um sorriso de lado e abri sua camiseta mostrando-lhe meu corpo nu:
_Satisfeito?
_ Não, acho melhor você se vestir porque se não estrearemos a mesa da cozinha agora mesmo.
Meu corpo reage a suas palavras instantaneamente e fecho a camisa, corando, eu mal me recuperava de nosso ato recente e já queria mais. Boto meu cabelo atrás da orelha e reparo que James me fitava atentamente, para logo dizer:
_ Você é tão linda, Alice. Eu não consigo tirar meus olhos de você._ James me envolveu em seus braços e me senti tão segura nesse momento.
Após um banho mais que merecido, almoçamos, fiz várias piadas referentes ao macarrão de James, que estava saboroso, meu subconsciente sussurrou “O que este homem não sabe fazer? ”. Eu já estava jogada no chão da sala, abraçando meus joelhos no tapete, quando o vi fuçar em seu equipamento de som, ele apertou alguns botões e a música soou por toda a casa, era “The Blower’sDaughter” de Damien Rice uma de minhas músicas prediletas.
Ele sorriu, sentando ao meu lado e envolvendo seus braços ao meu redor, dando-me um terno beijo na testa. O calor de seu corpo me fez relaxar e inalei seu perfume, me afagando em seu peito.
_ Quando eu conseguir me livrar da Greta, quero sair da R&R._ disse James, me fazendo arregalar meus olhos e me afastar de seus braços para encara-lo._, não me olhe assim.
_ Mas você não pode desistir de tudo, é isso que ela quer que você fique no fundo do poço.
Sua mão passou de meu pescoço a minha nuca para logo seus dedos longos acariciarem minha bochecha. A ruga em sua testa agora era de preocupação.
_ Naquele dia depois de você ter saído da boate, eu voltei e quase..._ ele vacila com as palavras_, eu quase bati nela_ meus olhos quase saem de orbita com sua confissão_, em vez de se assustar, ela gostou, disse que somos parecidos, que somos fascinados pelo dinheiro e o poder e que por isso somos perfeitos um para o outro.
A visão de Greta com Readen me arrepia, seus olhos me vasculham em busca de algum sinal.
_ Ela não me ama, apenas ama a ideia de me ter como seu brinquedo particular, de me possuir como sua propriedade. E eu nunca vou deixar que isso aconteça.
Senti meu corpo gelar nesse momento. “E se ele não conseguisse livrar-se dela? ” Senti uma necessidade estranha de abraça-lo e não sair mais dali.
_ O que foi?_ ele pergunta, havia apreensão em sua voz.
Forcei minha boca a se abrir, mas as palavras não saiam, eu estava com medo, medo que Greta faça algo com James, ela era tão dominadora quanto autoconfiante, tanto que das vezes que a vi tentou me humilhar para se sentir melhor, ela me via apenas como um inseto que precisava ser esmagado, como poderíamos seguir adiante se ela sempre estaria ali, por mais que Readen e eu sumíssemos e mudássemos de identidade ela nos encontraria, e eu não quero viver uma vida, fugindo.
_ Alice..._ sua voz soou ríspida_ começo a me preocupar por você_ ele me segura pelo queixo fitando-me aos olhos “eu não poderia dizer a ele o que se passava em minha mente nesse momento, isso só o preocuparia mais”.
Forcei um sorriso enquanto acariciei sua barba:
_ Só estava pensando nas possibilidades quando você sair da R&R, talvez eu faça planos. _ ronronei e na hora sua preocupação se esvaiu, para um sorriso terno e carinhoso.
Passei o restante da tarde em seus braços e acabei pegando no sono. Acordei com a música “Weather to fly”de Elbow, me virei deparando-me com James que me olhava com um sorriso em seus lábios.
_É feio ficar encarando, sabia?_ levanto a sobrancelha me ajeitando ao seu lado.
_ Eu não consigo evitar_ diz este apenas agarrando se a minha boca, sua língua pedindo passagem e como sempre cedi sem hesitar, me agarrei a sua nuca enquanto ele se posicionava em cima de mim.
_ Não podemos demorar_ sussurrou este entre os beijos.
Murmuro algo parecido a um sim, mas não consigo solta-lo. Seus lábios ficam mais urgentes contra os meus, mas ele nos separa aos poucos acalmando nossos beijos.
_ Temos que ir ou não vamos sair antes da meia noite.
Sorrio maliciosa:
_ Então eu vou ficar.
Ele parecia estar travando uma luta em seu interior, mas logo se concentra:
_ Tenho que fazer a troca de carros com a Linda, além do mais tenho um jantar beneficente mais tarde, a Greta vai estar presente por isso convidei a Nicole para que me acompanhe.
Mordo o lábio, pensando:
_ Diga a Nicole para que te cuide e não deixe a mala da Greta se aproximar de você.
_ Tudo bem eu vou dizer_ ele apenas me dá um rápido beijo e ambos nos levantamos.
No caminho de ida para minha casa, ele me contou sobre como pagou os estudos de Nicole durante todo esse tempo e que ela se ofereceu para ajuda-lo, até o estilo elegante dela que eu vira era falso, Nicky como ela gostava de ser chamada era adepta a tênis all star e camisetas de bandas, fato que me fez rir, se Greta soubesse teria um colapso.
Quando chegamos em meu prédio, a tristeza caiu sob mim, James beijou minha testa ternamente:
_ Seu carro já está no estacionamento. Amanhã não vou poder passar o dia com você, mas a noite farei o possível para vir.
_ Tudo bem_ digo roçando meu nariz com o dele.
Saio do carro desanimada, mas finjo meu melhor sorriso enquanto o carro se afasta. Eu nunca sabia como reagir a uma despedida com James Readen...

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Amanhã prometo mais capítulos pessoal.... Sem falta, não esqueçam de comentar e cítricar!
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With Eyes Wide Open (De Olhos Bem Abertos)Onde histórias criam vida. Descubra agora