Folhas de outono - Kim Namjoon

#9

O vento se acalmou em questão de segundos e HyoJin sentiu como se o chão a tivesse abandonado, quando os cabelos deixaram seu rosto, Namjoon ainda estava ali a sua frente a olhando, os olhos dele a analisavam em busca de uma resposta, uma resposta que ela não sabia se tinha. Ficar longe de Jiwon nunca tinha sido um problema para a garota, que sempre muito a par do porquê exatamente ficava longe dele, não via sentido no pedido que Namjoon tinha a feito.

- Por que? - Balançando a cabeça minimamente, as sobrancelhas franzidas e a boca prensada em uma linha fina, ela não conseguiu articular algo que não fosse um porquê, ela observou aquele a sua frente se mexer inquieto, seu corpo alto antes apoiado pelos cotovelos agora estava escorado nas grandes barras, a expressão tão séria quanto a de antes, os músculos tá rígidos quanto antes, a menina o conhecia há tempo, e não era por isso que sentia nem um pouco menos ofendida e temerosa, ela tinha um receio de como aquilo poderia acabar, mas mesmo assim, sem pensar duas vezes, ela insistiu uma explicação, ela tinha  o direito de saber porque ele dizia aquilo a ela. - Eu nem vejo ele tanto assim.

Suas sobrancelhas se ergueram como se aquela não fosse a respostas que esperava ouvir, mas nada deixava a boca dela senão a verdade, apertando o tecido do próprio casaco entre os dedos, ela se segurou no lugar. De braços cruzados, ele respirou fundo fechando os olhos por um momento, antes de levantar o olhar e encará-la de novo, enquanto ela ainda ali, com os pés prostrados um lado do outro, via-se em um beco sem saída, o silêncio do menino só a ajudando a se sentir pior.

- A frequência não importa, você não lembra de antes? - Mesmo que ela quisesse dizer que não, que ela não se lembrava, ela assentiu, sentindo seus dentes baterem contra o outro sobre  o frio alucinante.

- Eu lembro... Lembro mais do que queria na verdade. - Soltando o tecido como se soltasse um saco de ouro, ela enfiou as mãos nos bolsos, sentindo um cansaço sem precedentes tomar conta de seu corpo e mente, de novo ela passava uma linha do que tinha sido seu colegial na cabeça. Naquela época, todos sabiam do que acontecia, mas mesmo assim não faziam nada, porque entrar em uma rixa sem prazo final com o que poderia ser o diabo encarnado não era de gosto de ninguém. - Mas ainda sim, eu não entendo sua preocupação.

- Você devia se cuidar, Hyo. - Ele suspirou mais uma vez e olhou em minha direção, ele estava muito sério, e isso começava a me dar medo. - Sua amiga está mais próxima dele, o que garanta que você não vai ficar também?

- Olha. - Finalmente deixando o metro quadrado que tinha se enfiado em, HyoJin aproximou-se do menino, respirando fundo até sentir que as palavras podiam deixar sua boca. Colocando uma mão de cada lado do rosto dele, ela fixou os olhos nos dele, tentando aproveitar aqueles segundos de proximidade, desde como as íris ônix dele pareciam ver somente a ela no meio da imensidão da cidade, até como a sensação das bochechas frias dele contra seus dedos a faziam se sentir internamente quente. - Eu sei que está preocupado, sei que estamos juntos há tempos, mas eu também sei como me cuidar, ok?

Assim que as sílabas terminaram de deixar sua boca, ela deslizou as mãos pelos lados do corpo dele, até vê-las pendendo ao lado do seu próprio corpo, o contato físico nunca fizera tanta falta pra ela.

- Vamos. - Tremendo quando uma lufada de ar varreu o corpo deles mais uma vezes, quanto mais cedo ela estivesse em casa, mais cedo conseguiria pensar calmamente de novo, a presença dele a deixava tonta demais pra sequer conseguir tomar decisões sensatas. - Tá frio demais.

Ele concordou e então os dois voltaram para o carro, um alívio passando pelos dois quando sentiram o ar quente do interior do veículo lhes preencherem as roupas e a pele, sentando-se ao lado dela depois de caminhar pela frente do carro, Namjoon fechou a porta com um baque oco, deslizando as mãos grandes pelo volante. HyoJin ao seu lado preferiu ficar quieta, tentando se acomodar no banco de couro, se mexendo até achar a posição certa, e mesmo quando o rosto dela apoiou-se sobre o queixo e seus sentidos esperaram o carro tremer com a ignição, tudo continuou parado.