Folhas de outono - Kim Namjoon

#23

Seria uma mentira se alguma das duas ousasse dizer que a visita de Yoongi na semana passada não tinha sido uma benção na vida de ambas, que há alguma semanas estavam atoladas em indecisões e prazos a serem cumpridos, uma clássica e perturbadora decisão fora quando RaeSoo acordara na manhã seguinte para ir ao trabalho, as lembranças do desastre do dia passado pintando sua mente de um cinza desgastado e vencido.

Por outro lado, um clássico prazo a ser cumprido e um tanto triste e incômodo, era quando ia ser feita a tão falada mudança de HyoJin para a faculdade, agora ela já sabia que havia passado e agora só faltava ir a faculdade para levar os documentos finais e finalmente (ou não0 tão) poder se considerar uma estudante outra vez. A faculdade sempre fora um sonho pra ela, mas isso não significava que amava aquele ambiente, ainda mais ela, que tinha tido um ensino médio tão estranho quanto poderia ter pedido.

Apesar de toda essa incerteza, todos os pensamentos ruins foram substituídos quando a menina colocou os pés dentro do grandioso e muito bem estruturado prédio, com pessoas indo e vindo com seus mais diferentes estilos e um ar tão fresco e renovador quanto qualquer sauna ou casa de massagem, HyoJin se sentiu em qualquer lugar menos no planeta Terra.

Era estranho pra ela estar ali de novo, exatamente, de novo, afinal, ela já tinha tentado entrar naquele lugar logo depois de ter saído do colégio e tinha falhado tão miseravelmente quanto no dia que tentou pular de bungee jump e foi impedida por um medo de altura sobre-humano que tinha tomado conta de seu corpo. Mas mesmo que aquela não fosse sua primeira vez ali, ela sentia como se fosse a primeira vez que era bem-vinda ali, o que já era um grande avanço.

Voltando a concentrar-se em seu principal objetivo, ela voltou a andar pelos corredores, com um mapa amassado entre os dedos de tão usado, ela tentava achar no tão gigante prédio a secretaria, ou também conhecido como "o lugar onde ela eternizaria o seu título como universitária". Aquele título soava bonito aos ouvidos dela.

Depois de mais voltas e voltas, ela se viu frente a uma grande porta de vidro dupla, ao lado, uma placa prensada na parede lia a palavra "Secretaria", respirando fundo, ela agradeceu por finalmente ter achado o lugar que queria depois de ter andado o que parecia ser um labirinto infinito, confuso, mas muito especial. Enfiando os papéis que vinha segurando pelos últimos minutos dentro da bolsa e tirando outros novos e guardados dentro de pastas de plástico transparentes, ela empurrou a grande porta, depois de passar os dedos pelos cabelos curtos milhões de vezes para coloca-los no lugar e se assegurar que não tinha nenhuma folha avermelhada presa entre os fios escuros.

- Em que posso ajudar, senhorita? - No momento em que HyoJin adentrou a grande sala cheia de cadeiras de espera e um grande balcão com três moças do outro lado, uma delas a dirigiu a voz, pegando a menina de surpresa e quase a fazendo soltar tudo no chão ali mesmo. Tentando regular a respiração agitada pelo susto, ela tentou lembrar-se de como proferir palavras que juntas formariam uma frase entendível.

- Oi. - Ela quase se bateu por falar daquele jeito. - Bom... Eu vim fechar a minha matrícula.

Como se mudando completamente a postura após saber para que fim a jovem tinha ido até ali, a moça ajeitou os óculos em cima do nariz redondo e solicitou os documentos que HyoJin tinha se dado ao trabalho de verificar cinco vezes se todos estavam ali.

Tirando-os da pasta e esticando o braço para entrega-los a mulher, ela agradeceu por não estar tremendo de nervosismo, o corpo estranhamente frio ao observar aquela a sua frente revisar os papéis inúmeras vezes, digitando as informações necessárias no computador não muito moderno a sua frente, o barulho das teclas sendo o único capaz de fazer HyoJin ainda acreditar que tudo aquilo era real.

Ainda ali parada, a menina mal percebeu quando a moça lhe estendeu os papéis que tinha trazido juntamente com mais alguns que nunca tinha visto. Se ela tivesse ficado mais um pouco estática ali, com certeza a funcionária teria achado que ela tinha algum problema, sendo esse físico ou psicológico.