Folhas de outono - Kim Namjoon

#19

- Você tem certeza que pegou tudo? - O som da frigideira na cozinha se misturou às vozes das duas meninas paradas em frente a porta, uma delas verificando a bolsa que levava cruzada sobre o corpo pela décima vez naquela manhã. Tudo estava ali: celular, documentos, carregador, remédio pra alergia... Tudo estava ali, certo.

Respirando fundo antes de pegar as chaves penduradas na porta, HyoJin assentiu em direção a amiga animada demais, que agora andava em direção a cozinha, indo verificar os hambúrgueres que com muita sorte não estariam queimados.

- Estou saindo! - HyoJin gritou antes de sair, fechando a porta atrás de si e parando para verificar o celular pela última vez antes de enterrá-lo na bolsa, ela não podia gastar bateria se quisesse ainda poder usar o celular na volta da prova.

Era exatamente isso, o dia finalmente tinha chegado, e ela ainda tinha esperanças de que tudo fosse mudar no último minuto e várias mensagens bonitas a atingiriam e fariam seu dia mil vezes melhor, mas isso não aconteceu.

Em nenhum momento isso aconteceu, tinham se passado dois dias desde que tinha visto Namjoon pela última vez, desde que ela tinha reunido toda sua coragem e feito o que desejava fazer há anos, ela sabia que tinha sido idiota, ela tinha esperado demais, ela tinha se levado pela ilusão de que "apenas uma amizade" resolveria seus problemas, mas era óbvio que isso não era verdade é nunca iria ser.

O táxi nunca parecera tão frio e inabitável quanto naquela manhã, como mais um dia de outono, tudo parecia frio e aconchegante, e HyoJin deveria se sentir por aquilo, afinal, essa era sua estação favorita, nas tudo parecia estar morto por onde passava, tudo parecia tão... Sem graça.

- Onde você vai, senhorita? - O motorista perguntou, os olhos vagando pelo retrovisor pela preguiça de virar o corpo para olhar pra trás, as mãos no voltante e no câmbio prontas para partir.

- Pra faculdade de comunicações no centro. - Nem HyoJin acreditou no que dizia, ela não acreditou que finalmente estava tomando a frente pelo futuro que sempre desejou, que todos os dias de trabalho em meio ao café quente tinham lhe proporcionado um final bom, mas a felicidade que deveria estar sentindo não se fez presente em seu peito.

Apoiando o queixo na mão e encostando na janela, ela passou o básico do que tinha estudado na cabeça, as várias regras de linhagem sambando em seu cérebro carregado de tantas emoções que se ela confundisse tudo no final, nem se surpreenderia.

No momento que o carro parou e ela agradeceu ao motorista, tudo que tinha feito há dois dias pareceu um passado muito distante qual ela nunca mais iria voltar, tirando o celular da bolsa pela última vez e apertando-o contra os dedos, ela respirou fundo para segurar as lágrimas que queria soltar a não ver nenhuma notificação.

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Os hambúrgueres poderiam ter ficado melhor, sim, eles deveriam ter ficado melhor. Aquele gosto de carne excessivamente salgada e com o meio frio preencheu os sentidos de RaeSoo, que sentada na mesa de jantar, tentava colocar aquela gororoba pra dentro.

Era isso que acontecia, quando sua amiga que era responsável pela cozinha estava muito preocupada se culpando pelo que tinha feito. Ela ganhava um hambúrguer frio e um arroz viscoso, talvez ela devesse entrar em uma aula e culinária, só talvez.

Jogando o corpo para trás na cadeira e esticando as pernas embaixo da madeira da mesa, RaeSoo encarou o teto branco, ela tinha fugido do trabalho nos últimos dias, ela estava fugindo de seus problemas como uma criança, ela precisava voltar a vida, ela precisava encarar o menino que tinha dito há poucos dias que gostava muito.

Esticando o braço pela mesa ao lado do prato, ela desbloqueou o celular, encarando o relógio, ela constatou que ainda tinha tempo para se arrumar e ir para a empresa que a tinha contratado há poucos meses e aceitado seus trabalhos de modelagem.