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Os passos rápidos de RaeSoo e HyoJin subindo as escadas e entrando na casa mantiveram os olhos dos meninos nelas até que ambas sumiram atrás da batida da porta de madeira escura, agora mais nenhum som podia ser escutado além do vento e das folhas batendo umas nas outras, estava tão frio que nenhum animal ousaria sair pra dar um alô ao mundo.

Finalmente, depois de segundos sem algum ruído sequer, Namjoon girou nos calcanhares, virando-se de costas para Jiwon, que agora tinha o olhar voltado pra ele, observando enquanto o homem mais alto que ele andava até a porta do motorista de seu carro avermelhado, mas antes que ele pudesse ao menos abri-la, seu nome foi chamado.

- Quer falar ainda? - Suas palavras eram curtas e frias, por mais quente e amoroso que Namjoon fosse quando estava com HyoJin ou com pessoas que gostava, não era de seu feitiou desperdiçar palavras com pessoas que não as mereciam. - Eu achava que até você sabia a hora de parar.

Eles ainda não se viam, o som do vento aumentou entre os dois, Namjoon puxou a maçaneta da porta de seu carro e quando ia entrar virou-se, acenando para Jiwon, que ainda o olhava parado na rua em frente a casa daquelas que tinham gerado aquele encontro. Antes que ele pudesse ao menos reagir, o outro já tinha dado partida, as luzes do carro tirando o aspecto escuro da rua, e iluminando a face do outro parado ali, antes de finalmente virar a rua, desaparecendo de vista.

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Ainda apoiada sobre o cotovelo, HyoJin sentia vontade de rir de como a vida podia ser hipócrita algumas horas, não acreditando no que tinha acabado de viver, ela agora alimentava memórias de um passado amargo que não achou teria tão cedo. Seus olhos castanhos e grandes sedaram a menina sentada a frente dela, seu cérebro ainda raciocinando todas as informações do que tinha acontecido nos últimos dias que só estivera concentrada em trabalho e mais nada.

Ela não sabia se se RaeSoo a tivesse contado aquilo antes o encontro que acabara de ter poderia se transformar em algo menos inoportuno, ela sentia que de qualquer forma que voltasse a ver aquele garoto tão peculiar, ela teria de ter uma náusea correr dentro de si.

Mais tarde naquele dia, ela jogou-se na cama com a morena a seguindo pelos corredores, os passos descalços dela mal faziam som sobre o carpete escuro no qual tinha a casa revestida em. Passando então os braços exaustos sobre o travesseiro mais próximo e escondendo o rosto no tecido macio, ela piscou algumas vezes, quase caindo no sono automaticamente se não fosse pela presença quase presa ao seu lado de sua amiga, que não parava de insistir em seu perdão.

- Eu devia ter falado antes.- Ela sentou-se a frente da menina no espaço que sobrava da cama, as pernas dobradas em índio e as mãos apoiados em cima delas, ela não tinha a vista diretamente direcionada para a amiga jogada na cama, mas suas palavras tinham uma sinceridade que era quase palpável de tão forte.

- Sim, deveria. - A  outra respondeu sem mais delongas e rodeios.

- Mas! - Ela levantou o olhar e junto com ele o dedo indicador, suas íris brilhando com o reflexo do lustre, um sorriso culpado surgiu em seus lábios, mas ela tinha uma postura que mostrava tudo que não fosse aquele sentimento.- É como diz aquele ditado: antes tarde do que nunca.

- Uhum. - Sem ao menos terminar de ouvir direito o que ela tinha a dizer, HyoJin bocejou conforme se sentou na cama, tomando o travesseiro nos braços e jogando na outra sem mais dizeres. Como resposta, RaeSoo soltou um gritinho, o corpo indo junto com o travesseiro e quase deixando colchão e indo direto pro chão.

Observando aquela cena com os lábios prensados em uma risada reprimida, HyoJin não conseguiu mais ficar quieta quando o som da outra caindo no chão tomou todo o quarto, uma gargalhada deixando sua garganta enquanto ela própria jogava o corpo de volta no colchão, sentindo os músculos doerem conforme contraíam-se. - Tudo beleza aí embaixo?

Folhas de outono - Kim NamjoonOnde histórias criam vida. Descubra agora