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O barulho da grande porta de vidro opaco se fechando indicava que finalmente ele estava em casa. Puxando a gravata afim de afrouxá-la em seu pescoço claro, Jiwon caminhou preguiçosamente até o sofá, agora sem o paletó de seu tão caro terno, no caminho, deixou suas chaves sobre o balcão, o barulho do metal contra a pedra preta de mármore poderiam chamar a atenção de qualquer um que estivesse dentro daquele recinto.

- Mas já voltou? - O grande executivo se virou, sorrindo abertamente quando seu amigo de casa, Hanbin, surgiu porta a fora, ao contrário de si, o menino tinha sobre o corpo um pijama de listrar roxas e trazia nos braços um balde de pipocas, o olhar que carregava em seu rosto era claramente de alguém que estava em um sono profundo até aquele momento. - Tem algo estranho aí.

- Estranho? Acho que você só está com ciúmes. - Recebendo um olhar de descrença de seu amigo, que largando o balde de pipoca na mesa de jantar, caminhou até o sofá, dando um sorriso de lado.

- Você não presta. - Foi a única coisa que ele disse, mas para Jiwon, aquelas palavras tinham o significado mais concreto possível. Desabotoando a camisa social e deitando-se no sofá com os braços atrás da cabeça, ele apenas fechou os olhos, pronto para tirar sua merecida soneca depois de um dia que ele chamaria de muito vitorioso.

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Apesar da estação fria, aquele dia amanheceu mais quente que os outros, com quase a mesma roupa de sempre, mas dispensando seu grande cachecol e touca, HyoJin descia as ruas em direção ao trabalho, em seus ouvidos ela tinha os fones do celular que levava no bolso, não afim de ser perturbada, ela pensava no que sua amiga tinha lhe contado na noite passada, e apesar de achar sua atitude errada, ela apenas tinha como apoiá-la, já que entendia que apesar da personalidade, Jiwon tinha uma aparência que perdoava todos seus defeitos.

Virando a esquina que daria para a rua de seu trabalho depois de longos minutos de caminhada, HyoJin sentiu o estômago revirar, querendo dar meia volta quase que imediatamente, o desespero bateu em todos seus sentidos, quando desencostando da grande parede de vidro do café onde trabalhava, Namjoon agora caminhava em sua direção, os cabelos agora mudados e muito mais compridos do que ela lembrava serem meses atrás, ele parecia nem um pouco incomodado em estar ali.

Guardando rapidamente os fones dentro do bolso junto com o celular depois de os enrolar, ela começou a andar, ela queria muito vê-lo, e faria de tudo para ter o menino perto de si, mas as memórias da noite passada não deixavam sua mente confusa, ela se sentia incapaz de encontrá-lo naquele estado, principalmente quando ele parecia tão feliz em vê-la.

- HyoJin! Me espera! - Quase correndo, ela entrou no café antes que ele pudesse alcançá-la do lado de fora, e ela quase cantava vitória em meio aos poucos cliente da manhã, quando seu pulso foi revestido pelo que ela sabia muito bem serem as mãos daquele que mexia tanto com seus sentimentos. - Hyo... Por que está fugindo?

Virando-se lentamente, ela passou a língua pelos lábios, os olhos tentando encontrar um lugar que não fosse os olhos do menino a sua frente para se centrar, com o calor dele ainda em si, ela apenas o seguiu quando o mesmo traçou os passos para o lado de fora, as pessoas agora os olhando pensando se havia algo errado acontecendo ali.

- Namjoon, não sei o que está fazendo aqui essa hora, mas eu preciso trabalhar. - A palavras dela soaram duras em seus ouvidos, e sua voz tremia enquanto as falava, parando na mesma esquina pela qual ela tinha caminhado há poucos minutos, o menino fechou sua expressão antes alegre, agora ele a olhava preocupado.

Cruzando os braços a frente do peito, HyoJin tentava não se arrepender de ter levantado da cama aquele dia, de ter pensado que estaria livre de todo aquele peso que vinha preenchendo seu peito desde que RaeSoo tinha voltado, não era culpa dela, a amiga não tinha nada o que fazer com o que ela sentia, ela tinha sua faculdade, seu trabalho e agora alguém com sairia por muitos mais anos a fio, ela não tinha nada com toda a tristeza com que HyoJin acordava todos os dias no peito e tentava combater com uma pela xícara de chocolate com leite e seus fones de ouvido no máximo.

- Eu quase sempre venho aqui essa hora. - Ele sorriu de lado, meio sem jeito, meio envergonhado, sem saber muito bem como reagir a frieza daquela que ele considerava tanto. - O que aconteceu com você?

- Comigo? Nada, tudo como sempre, por que? O que você andou fazendo pra se preocupar comigo do nada? - Cada vez que ela abria a boca, o pior dos arrependimentos substituís seu nervoso, a sua frente, Namjoon apenas pigarreou, passando as mãos pelos cabelos, ele deu um passo a frente, os olhos escuros buscaram os dela, até finalmente se encontrarem, ele estava ridiculamente perto.

Vendo o menino tão perto de si, HyoJin imaginou se sua amiga tinha passado por ali quando a contou sobre como Jiwon a tinha beijado, como o menino tinha tomado a frente e tinha sido sincero que sempre quisera fazer aquilo desde que a tinha visto, ela se perguntava se RaeSoo tinha se sentido do mesmo jeito que ela se sentia naquele momento.

- Como assim do nada? - Ele não moveu um músculo, apenas seus lábios carnudos se mexiam conforme as palavras saiam, seu hálito de mente chegava as narinas da garota, que engoliu em seco, os punhos agarrando tão fortemente o tecido de seu casaco de lã que ela ponderou se seria possível rasgá-lo só de segurá-lo daquele jeito. - Eu me preocupo mais com você do que comigo mesmo.

- Ah é? - A risada que saiu de seus lábios a impressionou. Soltando seu casaco e levando as mãos ao ar, ela não aguentava mais toda aquela idiotice que precisava conviver com, não quando ao seu lado todos pareciam felizes e contentes, ela não conseguia mais aceitar o fato de que era a única sofrendo. - E como você "se preocupar comigo" se aplica ao fato de que você me liga pra perguntar de outras pessoas? Pra perguntar da minha melhor amiga?! O que você é Namjoon? Algum tipo de idiota?!

Namjoon abriu a boca, mas nenhum som saiu da mesma, ele agora carregava a expressão mais sérias que HyoJin já tinha visto no rosto do menino em décadas. Tentando manter sua integridade, ela sentiu seus olhos começarem a arder e as mãos começarem a tremer, quando dando um passo a frente, ela puxou o cachecol que ele usava e o obrigou a ficar da mesma altura que ela, seus lábios quase se encostando, cravando seus olhos nos do menino a sua frente, as lágrimas que antes tinham sido seguradas, agora rolavam livremente, e pintavam o chão abaixo de seus pés.

- Melhore Kim Namjoon, porque ao invés de se preocupar comigo, a única coisa que você vem sendo, é um grande idiota. - A voz dela soou nos ouvidos dele como tiros em meio a escuridão da madrugada

Ele via tudo, a expressão zangada dela, seus olhos vermelhos e seu corpo pequeno vacilando em manter em pé, e mesmo assim, mesmo vendo tudo aquilo e sentindo o coração morrer dentro de si, ele não teve coragem de mover um fio de cabelo quando a viu irromper porta a dentro do lugar que ele planejava passar a tarde inteira.

Folhas de outono - Kim NamjoonOnde histórias criam vida. Descubra agora